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Prof.Paulo Murilo 

04 janeiro 2005

PESQUISA-UMA AVENTURA ALÉM-MAR II

Porque 14 travessias atlânticas? Como não tinha dinheiro suficiente para a compra de passagens com validade indeterminada,comprava as de ponto a ponto,que só permitiam a permanência no exterior por até 90 dias,e por serem bem mais baratas,e poderem ser pagas em prestações,que ao término das mesmas me permitiam comprar outras sucessivamente.A estadia foi conseguida por amigos em Lisbôa aos quais serei eterno devedor, pois só me sobravam aproximadadmente 300 dólares por mês de meus vencimentos para a alimentação e o transporte. A maior fatia do salário ficava no Brasil a fim de fazer face às despesas com três filhos menores e a manutenção da moradia. Às vezes conseguia através pedidos insistentes à IBERIA,que os 90 dias fossem extendidos por mais 30 ou 40, no afã de ver o trabalho fluir com menos tropeços e atrasos,no que consegui por 3 vezes.Como forma de retribuição dei cursos no ISEF e palestras para técnicos,assim como colaborei intensamente junto ao Gabinete de Basquetebol daquela bela instituição. Durante a construção e montagem do equipamento no Laboratório de Biomêcanica procurava levar professores de outros departamentos para conhecerem o trabalho, conclamando a darem sugestões técnicas na linguagem própria de suas especialidades, fator que veio a somar bastante ao término dos trabalhos.Percorri longamente o comércio de Lisbôa atrás de materiais necessários na montagem dos equipamentos, e que fossem baratos, porém de ótima qualidade.Nas andanças,além de conhecer a cidade em minúcias consegui ter acesso a materiais e instrumentos de precisão a muito encalhados no comércio, e por isso mesmo com ótimos prêços.Em uma das vindas ao Brasil consegui por empréstimo na EEFD da UFRJ uma camera de 16mm que eu mesmo havia adquirido para a Escola 20 anos antes, e cujo aspecto ótico e mecânico era o mais precário possível.Em Lisboa consegui que um idoso relojoeiro desse um ajuste na Paillard Bolex, e para minha surprêsa só pediu como pagamento que fosse permitido a ele ficar com a camera por uns 15 dias, pois ficara maravilhado com as engrenagens de alta precisão da mesma, e por isso queria estudá-las.No entanto, um dos prismas mais importantes do sistema ótico havia perdido sua espelhação tornando-o impreciso.Consegui, depois de longa conversa que um mestre vidraceiro de Linda-a-Velha, um bairro de Lisboa, tornasse a espelhá-lo.Com aproximadamente 1,5cm de diâmetro podemos avaliar o tempo e o trabalho dispendidos na recuperação do prisma.O trabalho foi feito, e como paga pediu-me que mostrasse a ele o resultado do trabalho,o que foi feito quando o convidei para a defêsa de tese. Estes artífices e mais o marceneiro Manoel foram a base na construção do equipamento, com uma precisão tão alta que mereceu os maiores elogios do Professor Chefe do Departamento de Pesquisas Desportivas da Universidade de Leipzig em visita ao ISEF. Paralelamente à construção e validação dos equipamentos preparava os assistentes que me ajudariam na coleta dos dados, assim como iniciava os contatos junto a algum órgão público ou particular que ainda lidassem com filmes de 16mm em caráter experimental.A RTP (Radio e Televisão Portuguesa)foi a salvação do trabalho, como foi básica a participação acadêmica de um dos maiores matemáticos portuguêses, o Dr.Kelo da Silva,para que a pesquisa fosse levada adiante.Esses dois fatôres serão contados no próximo capítulo.(continua)