Basquete Brasil
Discute a atualidade da modalidade no Brasil, e suas implicações a um possível soerguimento técnico.
29 abril 2006
O QUE TODO JOGADOR DEVERIA SABER 4/10.
Acompanhei na tarde de hoje,na companhia do amigo Pedro Rodrigues,a final da Euroliga, jogada entre o Macabi de Israel e o CSKA de Moscou.Foi um jogo brilhante e de altíssimo nível,a ponto de,após mais de trinta anos de algumas divergencias técnicas,concordarmos num ponto nevrálgico do basquetebol atual,o fato de que não só do passing game vive o basquete internacional.Sem nenhuma exceção,TODOS os ataques não ultrapassavam os tres passes,da zona de defesa para a de ataque,e que esse decisivo fator em NADA alterava a notável produtividade das equipes.Pela economia de passes,em função do drible responsável e das fintas sempre incisivas na direção das cestas,somente DUAS vezes em toda a partida aconteceram perdas de bola pelo limite dos 24seg,comportamento técnico-tático que defendi desde sempre em todas as equipes que dirigi.Em uma ou duas vezes vimos acontecer arremessos desequilibrados e forçados,o que representava muito pouco ante a qualidade das equipes.Outrossim, testemunhamos as performances formidáveis das defesas de ambas as equipes,onde viamos a PERMANENTE marcação dos pivôs pela frente,e o ataque sistemático ao homem da bola e aos arremessadores de 3 pontos,fatores que geravam um equilibrio no placard que nunca alcançou mais de 7 pontos de diferença.E que aspectos poderiamos enumerar que justificasse o titulo desse artigo? Basicamente o desmentido que o passing game seja o sistema de jogo mais adequado às nossas necessidades,e que o drible se mantenha como o fundamento que a todo custo seja minimizado pelas nossas equipes,pelos nossos armadores e alas,e por que não,pelos nossos pivôs,e mais do que claro,pela grande maioria de nossos técnicos.Atestamos sob nossos olhares criticos de muitos e muitos anos de experiência o que puderam produzir duas equipes com média de altura de mais de 2 metros,dos armadores aos pivôs,TODOS atleticamente uniformes,velozes e ágeis,sem um mastodonte sequer na quadra,manterem um regime de velocidade e destreza que nos encheram de admiração e temor pelo que nos aguarda no Campeonato Mundial que ora se avizinha.Se nossos jogadores,pudessem assistir esse jogo,na possibilidade que a ESPN pudesse repetí-lo em alguns horários,dada à sua importância técnico-tática,poderiam assimilar principalmente 5 pontos que passo a enumerar: 1- Que defesa linha da bola é aquela cuja flutuação é lateralizada,ou seja,se tirarmos uma linha reta da bola à cesta,esteja onde estiver no plano da quadra,o jogador de posse da mesma é marcado classicamente,ou seja,entre a bola e a cesta,e os demais se aproximam dessa linha imaginaria o mais que puderem,tornando o passe em elipse,e por isso mesmo mais lento,o único possivel de ser realizado ante o posicionamento defensivo,permitindo uma efetiva,segura,pois possibilita coberturas,marcação do pivô pela frente.Somente esse decisivo fator em muito alterava qualquer comportamento ofensivo,já que determinava a necessidade do drible incisivo e veloz na procura de melhor angulação para o passe,ou o arremesso de media distância.Por essa objetiva ação tomada por ambas as equipes,em muitas e muitas ocasiões os pivôs abriam no sentido lateral do garrafão para criarem espaços suscetíveis às penetrações de seus alas e até armadores.Isso mesmo,armadores,que as equipes se utilizavam aos pares em todas as etapas da partida. 2- Os passes nunca eram dados em direção de um companheiro estático na quadra,e sim alcançando-o nos deslocamentos,que sempre se iniciavam do lado oposto àquele em que se encontrava a bola,e NUNCA paralelos à linha final.Essa simples disposição técnica eliminava o jogo de passes em torno do perímetro,tornando as ações rápidas e objetivas,propiciando tempo mais do que suficiente para a execução de bons e equilibrados arremessos,tanto de 2,como de 3 pontos. 3- Deslocamentos sucessivos em trocas e bloqueios realizados entre os alas e o pivô,ou entre dois pivôs,DENTRO do garrafão,transitando permanentemente sagital ou em torno do mesmo,concomitante ao trabalho executado fora do perimetro pelos armadores, propiciavam inumeras soluções,que iam das penetrações aos arremessos de media e curta distâncias,e eventualmente aos de longa distâncias,já que as colocações para os rebotes ofensivos estavam garantidas pela proximidade sempre mantida dos homens altos,com relação às cestas.4- No ato dos rebotes,defensivos e ofensivos os jogadores em sua maioria ao terem garantidas as posses de bola giravam no ar até 180°,fazendo com que se tornassem aptos às tres funções básicas de todo jogador de posse da bola, o drible,o passe ou uma nova tentativa de arremesso.Trata-se de uma atitude que todos os nossos jogadores deveriam desenvolver,e que em absoluto é praticada entre nos. 5- Somente os especialistas arremessavam de 3 pontos,e SOMENTE eles,garantindo a qualidade e a eficiência dos mesmos.Temos de uma vez por todas acabar com a ideia absurda e irresponsável de que qualquer jogador pode arremessar bem de 3 pontos.Nada mais errôneo e infantil como base de raciocínio.As probabilidades de acertos em arremessos de media e curtas distâncias SEMPRE serão maiores do que os de longas distâncias. Venceu a equipe que melhor soube empregar seu sistema defensivo,e melhor utilizar os arremessos seguros de media e curtas distâncias,mesmo perante acertos de longas distâncias de seu adversário,mas com menor produtividade perante a opção escolhida.Venceu o CSKA com quatro norte-americanos,mesmo numero pertencente ao Macabi,provando que jogadores formados na escola do passing game podem ser perfeitamente preparados para um sistema antagônico ao mesmo,bastando serem detentores de apurada técnica nos fundamentos,ao contrário de muitos técnicos brasileiros que afirmam ser impossível modificar hábitos em jogadores adultos.Aqueles americanos têm em média 29 anos,provando que as adaptações e mudanças podem ser perfeitamente ensinadas e assimiladas,mas que necessitam ter quem os ensinem e cobrem os resultados.Desconfio que a maioria de nossos técnicos não tem a noção de ambas as exigências,ensino e cobrança.Mas não há mal que a prancheta não resolva.
2 Comments:
Trabalho com basquete de base e vejo muitos tecnicos trabalhando suas equipes com diversas jogadas e movimentçoes.Mantenho um conceito basico: quem marca, quem dribla melhor, passa melhor e arremesa melhor ganha o jogo independente de qual quer tatica ofensiva que se tenha, os fundamentos eo entendimento do jogo ainda é são a grande diferença. o trabalho quase que exclusivo de fundamentos na base dará no futuro a adequação ao atleta adulto a qualquer situação de jogo
Caro Alexandre,concordo com você e seu posicionamento quanto aos fundamentos do jogo.Aos poucos vamos conquistando essa compreensão, fundamental para o nosso desenvolvimento.O soerguimento do nosso basquetebol começa exatamente por aí.Um abraço, Paulo Murilo.
Postar um comentário
<< Home