De todos os lugares por que passei, trabalhei e lecionei, nenhum me causou mais impacto do que Brasília. Lá estive por três anos, de 1967 a 1970. Com poucos anos de formado em Educação Física, mas com um bom nome no meio desportivo como técnico de basquetebol, fui para o planalto central repleto de sonhos e enorme vontade de trabalhar no meio colegial, único ambiente propício ao desenvolvimento desportivo-educacional, responsável pelo progresso cultural e científico das grandes nações. A estrutura colegial de Brasília em tudo e por tudo preconizava um futuro revolucionário para a nação brasileira, mas que, infelizmente, viu todo aquele brilhante planejamento tomar outros caminhos que não aqueles implantados no nascedouro da grande capital. Numa época em que o sistema colegial somente contava com dois razoáveis ginásios poli-desportivos , o do Colégio do Plano Piloto e do Colégio Marista, toda uma gama de competições escolares foram desenvolvidas com brilhantismo e intensa participação de atletas e espectadores. Foi nessa época que iniciamos, junto a outros técnicos, a preparação de equipes de basquete feminino, culminando, no ano de 1969 com a conquista dos Jogos da Primavera, no Rio de Janeiro, competição esta patrocinada pelo Jornal dos Sports, e de renome nacional. Foi a primeira equipe brasiliense de jogos coletivos vencedora de uma competição de caráter nacional, e que meses mais tarde, influenciou a CBB a organizar, em Brasília, o primeiro Campeonato Brasileiro Juvenil Feminino, hoje uma competição tradicional e responsável pelo surgimento de futurosas atletas. Dez anos atrás estive em Brasília, e na companhia do grande amigo Pedro Rodrigues, companheiro daqueles primeiros, inesquecíveis e gloriosos tempos, pude atestar o quanto a cidade evoluiu como metrópole, ficando pasmo com a grande quantidade de ginásios existentes, numa situação oposta a que vivíamos nos anos sessenta. Comentei com ele que não entendia os motivos do pouco interesse que o basquetebol despertava nos jovens, apesar dos esforços de alguns abnegados, mesmo contando com tão boa infra-estrutura material, numa cidade vocacionada para o desporto. Desinteresse e falta de planejamento foram os motivos que ele me apresentou, o que desencadeou entre nós horas de discussões na busca de explicações para tantos e lamentáveis desperdícios. Na semana que passou, a equipe de Brasília venceu o Campeonato Nacional Masculino, numa façanha digna dos maiores elogios, demonstrando que novos ventos começam a soprar no planalto central, e que tudo leva a crer que venha a explodir um grande movimento, inclusive de base, para o desenvolvimento do basquetebol naquela mágica cidade. Trinta e oito anos se passaram desde que um grupo de jovens estudantes venceram para Brasília uma competição de renome nacional, e que passados tantos anos volta a brilhar com a grande conquista do Campeonato Nacional. Oxalá tão brilhante feito desencadeie decisivas e permanentes ações, que garantam a continuidade de planejamento e competente execução, de um projeto que somente beneficiará o futuro do basquetebol daquela região, repleta de uma juventude ávida de conquistas, e tão necessitada de apoio e oportunidades. Parabéns a todos, e muito obrigado pelo ótimo trabalho concretizado.
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