Basquete Brasil
Discute a atualidade da modalidade no Brasil, e suas implicações a um possível soerguimento técnico.
21 julho 2007
JOVEM ANARQUIA.
Apesar do incrível número de erros e perdas de bola no ataque, de falhas seguidas na defesa, de completa anarquia no sistema de jogo, mesmo assim a jovem equipe brasileira levou de vencida a invicta equipe australiana no Mundial sub-19, indo para a semi-final da competição com três derrotas, ao passo que sua adversária irá disputar uma classificação de 5ª a 8ª posição estando invicta até a derrota de hoje. Foi merecida a vitória brasileira? Sem dúvida, pois apesar de uma atuação caótica taticamente, soube com maestria fazer valer a presença em quadra de três armadores, principalmente no quarto final do jogo, um ala talentoso, Thomas, e um pivô extremamente inteligente. Essa formação impensável ante os padrões implantados na preparação da seleção, desencadeou um turbilhão de ações improvisadas de extrema rapidez no ataque, com penetrações constantes num jogo em que os arremessos de medias e curtas distâncias imperaram. A defesa também se beneficiou da velocidade dos armadores, que jogando na interceptação criaram inúmeras situações de dobra, induzindo a equipe australiana a erros sucessivos, quebrando sua disciplina tática responsável pelo seu sucesso até aquele momento dentro da competição. Mérito do técnico responsável pela equipe? Em parte, talvez pela manutenção dos armadores em jogo, confrontando decisões técnico-táticas emanadas da comissão técnica cebebiana da qual é membro integrante, mas sub-judice ao supervisor técnico da mesma, o número um da seleção principal, apesar de ter tentado no transcorrer da partida , em seus pedidos de tempo, disciplinar os jogadores com jogadas mirabolantes rabiscadas em sua trepidante prancheta. Parecia não entender que aquela movimentação desenfreada, sujeita a erros e equívocos repetidos, até certo ponto anárquica é que levou a equipe australiana a tal ponto de desorganização que a feriu de morte, ao não encontrar em seu sistema altamente disciplinado o antídoto necessário para anular tal quantidade de improvisos audaciosos e corajosos, jamais imaginado que fossem possíveis. E um sinal de tal subversão foi dado pelo pivô Paulão, que no segundo quarto, ao cometer sua segunda falta pessoal, sinalizou ao técnico para que não o substituísse, no que foi, erroneamente àquela altura do jogo, atendido. E a manutenção dos armadores foi mantida, quebrando de vez os chifres disso e os punhos daquilo, jogadas coreografadas, que deram lugar ao ato primário de como se deve jogar o grande jogo, principalmente naquelas circunstâncias de confronto ante uma escola superior no requisito tático e nos conceitos de conjunto.
Imaginemos então como seria se fossemos melhor preparados nos fundamentos, base de qualquer sistema de jogo que se preze, ajudando eficazmente a equipe em suas manobras ofensivas e defensivas, enriquecendo nossos talentosos jovens com técnicas individuais que o tornassem tão ou mais eficientes que os jovens dos países lideres do basquete mundial? A resposta? Manteríamos essa disposição improvisadora, que nos levou aos píncaros da gloria no passado, somando-a um espirito de equipe modelado por sistemas ofensivos e defensivos que a qualificasse, sem perder a unidade grupal, desenvolvendo-a com responsabilidade e criatividade.
Fico pensando como estarão as cabeças da comissão “unida e uníssona” perante a realidade inequívoca apresentada por essa jovem seleção, muito mais agora que foi “sugestionada” a convocar um terceiro armador de grande categoria, perante seu persistente posicionamento de atuar com somente um armador. Aceitarão tal evidência, ou se manterão dentro do principio do “sabe quem manda e decide por aqui?”
Temo que manterão, até que...o Super N intervenha, mais uma e talvez derradeira vez, o que seria profundamente constrangedor e lastimável.
Torçamos pelos moleques lá na lonjura sérvia, isso se não forem freados por coreografias de segunda categoria e pranchetas restritoras. Que os deuses os ajudem. Amém.
2 Comments:
Olá Professor Paulo,
É me parece que fomos freados pela prancheta, pela falta de combatividade e principalmente pelo grande diferencial tático e técnico da seleção Sérvia, que limitou Betinho, Cauê e Thomas, pois sabiam que era impossível parar nosso SUPER PIVÔ, que aliás acabou com 31 pontos e 15 rebotes!!! E deve figurar na seleção do Mundial!!!
Sobre a seleção principal, acho que sua bola de cristal está certa... Nosso Basket no PAN vai se resumir a um armador e em alguns momentos a dois armadores(Huertas e Nezinho), e só vai sair dessa a partir do momento que Nenê chiar com esse esquema, como vc bem frisou:"o Super N intervenha, mais uma e talvez derradeira vez, o que seria profundamente constrangedor e lastimável."
Espero que o Lula naum seja tão burro quanto espero, e volte a jogar com Valtinho e Huertas armando!!!
Um forte abraço Professor!!!
Prezado Clovis,com ou sem bola de cristal, é o que veremos no Pan,e bem provável no Pré-Olimpico.Quanto aos juvenis na Servia,o artigo que publiquei hoje espelha minha contrita e triste opinião. Um abraço,
Paulo Murilo.
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