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Prof.Paulo Murilo 

08 maio 2006

QUEM NÃO MARCA,LEVA!

Segunda partida entre Uberlândia e Ribeirão Prêto,na casa do primeiro.Assisto com grande interesse a uma honesta tentativa de quebra de padrão à mesmice reinante.A equipe de Uberlândia joga uma partida com dois armadores bem definidos,executando as armações com uma efetiva posse de bola,em ações dribladas e com passes incisivos no miolo do garrafão,o que ocasiona uma indesejada,mas necessária rotatividade dos homens altos do adversário,pelo grande número de faltas cometidas.Como consequência imediata a essas ações,os arremessos de 2 pontos sobressaem,assim como os de 3 pontos podem ser realizados da forma correta, ou seja, como opções, e não como preferenciais.Ribeirão Prêto,utilizando seu jogo baseado no passing game,consegue se manter dentro do jogo,principalmente através uma particularidade,ou seja,seu adversário simplesmemte se recusa a marcar.Inadmissível uma equipe sofrer 45 pontos em arremessos de 3 pontos,principalmente da zona morta,que é o destino final de qualquer passe,seja o sistema de jogo que for,sob qualquer tipo de defesa empregado.É uma zona da quadra cujo único referencial do arremessador se restrige a um aro solto no espaço,cuja profundidade se perde,se muito,por entre os assistentes do jogo.É o tipo de lançamento cujos percentuais despencam em proporção direta ao tempo que o arremessador tem para executá-lo.E foi daquela região que a equipe da casa viu suas pretensões à vitoria se esvairem.Com um ataque bem elaborado,mas uma defesa pífia,e até certo ponto comprometedora,vide a experiência de seus jogadores,Uberlândia parte para a casa do adversário com a dificil tarefa de não mais poder perder.E tudo isso por obra e arte de um principio imutável ao jogo-Quem não marca,leva!-Conto uma historinha-Anos setenta,penúltima rodada do campeonato juvenil carioca,jogo definindo o terceiro lugar,um FlaxFlu dos bons tempos,e na Gávea.Dirijo o Flamengo,e o glorioso Orlando Gleck o Fluminense.Nesta equipe o cestinha do campeonato,Zezé,dono de um dos mais perfeitos arremessos de longa distância que conheci,numa época em que não existia os 3 pontos.Tarefa primordial,deter o Zezé.Passei toda a semana treinando os meus homens altos,o Evaristo "Sapatão" em particular,nas técnicas do bloqueio do Volibol,e para tanto pedi ajuda do técnico Paulo Matta na empreitada.Em suma,tentamos fazer com que os pivôs pudessem transformar velocidade horizontal em vertical quando partissem de encontro ao arremessador,de tal forma que não o atingissem com o corpo,e pudessem saltar o mais proximo possivel dele com os braços na posição a mais vertical possivel,forçando-o a alterar sua trajetoria de arremesso.No dia do jogo a instrução básica se fundamentava numa característica do Zezé-Ele ao driblar para a esquerda se colocava em posição de tiro,e somente para o tiro,já que naquela situação não passava a bola,concentrado que se punha para o arremesso,e somente o arremesso.Treinei e instruí seus possiveis marcadores,Moisés e Walter,para somente dar a saida de drible para a esquerda,fazendo com que o Zezé se situasse exclusivamente para o tiro,ao mesmo tempo que instruia o Evaristo,com seus 2,05m de altura a se lançar de encontro a ele com a técnica que treinamos exaustivamente.Resultado? O Zezé fez 5 pontos,3 de lance-livre,e teve 4 bolas que nem chegaram a atingir o aro da cesta.Vencemos o jogo com folga,e provamos que podiamos"parar" o grande Zezé.Concluíndo a lição que aprendi ensinando 30 anos atrás-Nunca devemos bloquear fisicamente um arremesso,devemos isto sim,alterar das formas possiveis e bem treinadas a trajetoria desse arremesso,pois estaremos modificando,e por conseguinte retirando de seu executante o fator de sucesso do mesmo,sua trajetoria habitual.E quando um hábito é alterado,custa muito se adaptar a outro,sendo muitas vezes impossível.Que a equipe de Uberlândia possa mudar seu comportamento defensivo,para que todos nos possamos testemunhar bons e equilibrados jogos,em sua tentativa de fugir dos grilhões do sistema alienígena que implantaram em nosso basquetebol.E que o técnico de Ribeirão,que também dirige a Seleção Brasileira atente para o fato inconteste de que se não mudar o atual sistema implantado entre nos,teremos seríssimos problemas para a classificação olímpica. Nenhuma equipe dará os espaços que nos acostumamos a encontrar em nossos campeonatos, para,segundo suas proprias palavras executar-"a artilharia de 3 pontos".Torçamos então.