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Prof.Paulo Murilo 

16 julho 2006

REDESCOBRINDO A PÓLVORA.

Perde o Brasil para a Venezuela utilizando-se de um único armador puro nos momentos chaves da partida. Vence o Brasil a Argentina utilizando dois armadores puros em todos os momentos chaves da partida. Duas alternativas, dois resultados diametralmente opostos. No primeiro, o comentarista da ESPN afirma ter sido a utilização de um único armador o fator de equilibrio da equipe brasileira, já que nas trocas defensivas deixara de ocorrer a discrepância de estaturas que beneficiava os venezuelanos. Resultado da opção? Derrota inconteste. No segundo, contra uma equipe equilibrada e experiente, a utilização de dois armadores propiciou um substancial aumento de velocidade ofensiva, assim como uma grande e incansável ação defensiva, resultando em vitória. Mesmo engessados por um sistema anacrônico e monocórdico, o simples fato de serem mantidos dois rápidos e técnicos armadores, qualificou a equipe naqueles dois fundamentos responsáveis pelo ritmo da mesma, os passes e os dribles. O outro fator decisivo foi a mobilidade ofensiva dos homens altos, principalmente aqueles mais atléticos do que massudos, mesmo quando enfrentavam os tanques argentinos. Defensivamente, o fator mobilidade em muito beneficiou nossa equipe, principalmente nas situações antecipativas. E como a opção de dois armadores se manteve por mais de 70% de duração do jogo, as vantagens se acumularam, propiciando uma igualdade uniforme no marcador, que sorriu para nos num inusitado final. Essa opção técnica,que defendo desde sempre, pois nos aproxima e qualifica naquele aspecto que nos é mais favorável, a ação continua e em velocidade, provou ser a mais acertada, mesmo que submetida a um sistema de jogo simplesmente absurdo, que ao retirar sistematicamente um ou dois jogadores altos das proximidades da cesta, para que venham na linha dos tres pontos efetuar corta-luzes, nos faz órfãos dos rebotes ofensivos, quando esses mesmos corta-luzes poderiam e deveriam ser executados pelos armadores, com maior eficiência e performance técnica. Uma drástica mudança de sistema se faz mistér e necessária, principalmente quanto à movimentação dos tres homens altos dentro da zona restritiva, que se for efetuada concomitantemente aos dos dois armadores que evoluem no perímetro, com mudanças laterais, sagitais ou longitudinais à cesta, tornando-se permanentes e seguidos referenciais aos passes, os farão possuidores da arma mais letal de um atacante, a posse da bola em movimento, um tempo à frente de qualquer ação do defensor, e por conseguinte situando-se em posição mais do que vantajosa para os arremessos de curta e média distâncias. A escolha segura dos arremessos de dois pontos, propiciará uma retração defensiva no intúito de anulá-los originando espaços efetivos para os arremessos seguros,oportunos e equilibrados de tres pontos, efetuados por quem de direito, os especialistas, e não qualquer um que se auto-determina dominador daquela grande arte. A equipe brasileira em muito se aproximou desse ideal técnico-tático nessa partida, principalmente quando teve em quadra um quinteto rápido,alto e ágil, declinando substancialmente quando constituido de homens de choque. A comissão técnica terá de optar por uma ou outra composição básica de equipe, a começar pelo aproveitamento de homens altos e ágeis, mais presentes nessa seleção de corte do que aquela previamente selecionada e garantida. Trata-se de uma opção capital para o futuro do nosso basquetebol, que na sadia tentativa de se afastar do esteriótipo NBA, poderá reencontrar nossa qualidade básica, a velocidade inteligente no ataque, e a movimentação antecipativa na defesa. Se teimarmos em duelar com as locomotivas americanas e de algumas equipes européias, estaremos abdicando de nossas reais,efetivas, porém esquecidas qualidades. Torna-se de fundamental importância resgatá-las. Que assim seja,amén.

1 Comments:

At 3:22 PM, Blogger Basquete Brasil said...

Caro Claudio, o artigo que publico hoje deve responder suas perguntas.Somente acrescento um pequeno porém.Pode parecer que a equipe tenha demonstrado uma falta de padrão, mas apresentou algo evolutivo,ou seja,fugiu bastante da mesmice que caracteriza o passing game, e qualificou substancialmente a posse da bola.Se houver uma mudança de sistema,aproximando mais os armadores e incrementando movimentação dos homens altos proximo à cesta,teremos algo de novo a comemorar.Um abraço,Paulo.

 

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