Basquete Brasil
Discute a atualidade da modalidade no Brasil, e suas implicações a um possível soerguimento técnico.
22 julho 2007
O JOVEM GRITO.
Quando no quarto final do jogo contra os australianos, a equipe brasileira desencadeou uma avalanche de ações improvisadas , calcadas em seqüências de penetrações, intensa movimentação e defesa antecipativa, utilizando para tal uma formação de três armadores e dois ágeis pivôs, que a levou à vitória, seria uma questão de bom senso e inteligência repetir tal esquema no jogo decisivo contra a equipe sérvia. Mas não, a “disciplina tática” teria de ser mantida(se é que existiu em algum momento...), assim como os princípios de um comando claudicante e ausente da realidade do jogo. No jogo decisivo, classificatório para a ambicionada final, em nome de um principio técnico-tático falido, foi a equipe escalada dentro da formula conservadora e retrógrada implantada pelas comissões técnicas da CBB, colocando de lado a êxitosa experiência da véspera, e que se revelou num placar adverso de 13 à zero nos minutos iniciais da partida. Daí para diante, a pouca vivência em competições internacionais, e a inquestionável inferioridade nos fundamentos do jogo, traçaram os rumos da partida, traduzidos nas largas diferenças de pontos no transcorrer dos quartos seguintes. Por que não repetir a formação final do jogo de véspera? Por que não ousar na plena utilização dos três endiabrados armadores, bem superiores em técnicas individuais do que a maioria dos alas da equipe? Por que não inovar, mesmo indo de encontro ao sistema estabelecido preliminarmente para a equipe, tanto na preparação, quanto no transcorrer da competição, ainda mais quando na véspera levou de vencida uma das candidatas ao título? Porque não?
A diferença inicial desestabilizou a equipe, fortaleceu o ânimo do adversário que jogava em casa, e a levou a uma derrota que poderia ter sido contestada caso ousasse e arriscasse, como fizeram contra os australianos, equipe tão, ou mais forte que os sérvios.
E no limiar de uma derrota de grandes proporções, num pedido enraivecido de tempo, vocifera o técnico- “O que vocês querem ?”. A platéia juvenil, inexperiente e insegura não ousa responder, afinal de contas se encontra na presença do líder e condutor de todos. Simplesmente abaixam a cabeça humilhados pelo abandono em hora tão marcante em suas vidas.
Mas do alto de minha experiência sofrida de magistério e técnica desportiva por mais de 50 anos respondo por aqueles talentosos e infimamente preparados jovens- “O que vocês querem ?” - UM TÉCNICO!!
PS- Infelizmente se repete nas transmissões televisivas a invasão de técnicos de equipes masculinas travestidos de comentaristas, todos em busca da rentável visibilidade da mídia mais desenvolvida do país. Falarão das belezas arquitetônicas das instalações, da necessidade de massificarmos o desporto, das benesses do esporte junto à juventude, da necessidade da união dos técnicos, de projetos quiméricos, de propostas com verbas oficiais, é claro, de apostas supostamente engraçadas, como se isso fosse de interesse público, e eventualmente de um jogo que pouco conhecem e secretamente desdenham, o basquete feminino. E é bem provável que vejamos ao vivo e à cores uma nova corrida em busca de uma etérea toalha humedecida por lagrimas e suores das artistas da bola laranja. Quem viver, verá. Constrangedor.
4 Comments:
Professor Paulo,
Que texto maravilhoso, naum tem mais o que comentar depois disso, eu me senti humilhado vendo pela TV, um treinador descontrolado perguntar a meninos desorientados em quadra, o que eles queriam???? Sem, ao menos mostrar a eles o que deveria ser feito para sair daquela situação... Tem que explicar ao digníssimo treinador, que são garotos, com pouca vivência no esporte e menos ainda internacional, e naum um bando de adultos, com gabarito para sair da situação sem uma luz do banco... O treinador está ali, treinando meninos para que os mesmos saibam jogar em coletividade, e naum foi isso que ele passou, ele simplesmente gritou com os garotos e largou os mesmos no "DEUS DARÁ"!!!
Fico triste em saber do despreparo de um treinador de seleção juvenil e a falta de sensibilidade para armar a mesma para combater um time que haviam jogado antes uns 4 ou 5 dias antes!!! Meu Deus, isso é muito triste para o nosso basquetebol!!!
Fica aqui um triste abraço, de um fã humilhado, do basquetebol brasileiro, à vc PROFESSOR PAULO MURILO!!!
Prezado Clovis,é nisso que dá a escalação de técnicos com um QI elevado.Vivemos a época do Quem Indica, quando deveria ser a época do estudo,da pesquisa e do mérito.Há de vir o dia que isso será possível,pois em caso contrário jamais sairemos dessa pocilga que nos lançaram.Um abraço,Paulo Murilo.
Caro Professor,
por esta trincheira do basquetebol nacional, vale destacar que a partida contra a Sérvia foi horrivel.
Assim como a transmissão que cortava todo o momento para flashes de outras modalidades que TODOS NÓS SABIAMOS ESTAR PASSANDO EM OUTROS CANAIS.
Parece que a final do torneio não teve como assistir tamanha a quantidade de cortes, um absurdo isso também.
Logo, quando o Brasil encostou em 9,7 ptos no marcador no terceiro periodo, perdemos as decisões, se é que existiram para quando voltou o corte a diferença estar em 20 novamente.
E o mais triste que a epopeia de basquetebol nao começou ainda.
Temos ainda o PAN, masculino e feminino e o Pré-Olimpico masculino e feminino.
De qualquer forma, o resultado do juvenil foi excelente !
Temos alguns bons valores, que torço para que saiam do país o quanto antes, para aí sim, apernder o jogo, pois infelizmente, se o treinador do juvenil, colocado como o grande mentor da nova geração de técnicos não consegue ser totalmente novo e sair dos vicios dos anteriores, então não temos muito o que comemorar.
Foi bom para vermos os atletas, mas refletir novamente sobre o papel do técnico nas categorias de base e no adulto.
Abraço Professor !
Prezado Henrique,como desgraça pouca é refresco,o técnico da seleção feminina que hoje se despede já foi anunciado como o responsável pelas divisões de base da CBB.Para quem reclamou que não se preparam mais armadoras no país,o que ele nunca se interessou em fazer,podemos imaginar o que vem por aí.Mas merecemos tudo isso, e mais o que aprontará com tal "responsabilidade".É isso aí caro Henrique. Um abraço,Paulo Murilo.
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