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Prof.Paulo Murilo 

27 outubro 2004

SCAUTINGS,STATS,DADOS NÃO TÃO VERDADEIROS

A contratação de fulano se justifica pelos seus dados estatísticos,pois lidera nos rebotes,nos arremessos de três,nos tocos...e por aí vai a explanação do empresário na defesa dos interêsses de seu protegido. Sem errar muito vejo nesses dados estatísticos muito da argumentação que justificam contratações de jogadores pelas equipes brasileiras,e o que é mais constrangedor,baseadas em dados compilados por empresas especializadas e com aval dos órgãos que gerem o basquetebol entre nos.E do âmago destes dados emerge uma pergunta fundamental-O que representam de fidedignidade esses dados? Quão verdadeiros são?- Respondo sem mêdo de muito errar que pouco representam de verdadeiro. Um professor que tive dizia que a estatística tanto promove, como destroi reputações, dependendo do interêsse de quem a emprega. Claro que não vamos a tais extremos, mas comparações percentuais não espelham performances técnicas, quando muito expôem os prós e na maioria das vezes omitem os contras.Se cada equipe só pudesse se utilizar de 5 jogadores, atuando em tempo integral, ainda poderiamos comparar jogadores de uma mesma equipe relacionando-os com os da equipe adversária. No entanto, são 12 jogadores por equipe que se revezam durante o tempo de duração de uma partida.Esse fator muda tudo, pois como comparar um jogador que joga, por exemplo,36 minutos,com outro que o faz por 6 minutos? Se for utilizado tão somente as técnicas estatísticas baseadas em percentuais, o que joga por menos tempo obterá dados mais altos do que aquele que joga por mais tempo. Se bem trabalhados,estes dados beneficiarão sempre aqueles que jogam por menos tempo, pois ficarão menos expostos ao erro, cuja margem de ocorrência aumenta na proporção direta do maior tempo que permaneça em quadra. E como adequar treinamentos tendo como base dados percentuais obtidos em condições díspares? Pela desigualdade nos critérios da análise estatística percentual a adequação torna-se impraticável, e por causa desse óbice é que adotei a análise pelo critério dos coeficiêntes de produção.Na equipe Infanto-Juvenil do Fluminense de 1975 durante o Campeonato Carioca,desenvolvi uma coleta de dados técnicos dos jogos utilizando um minigravador de voz, que era acionado em toda ocorrência da partida por um auxiliar(geralmente um jogador da equipe juvenil),no qual descrevia com detalhes o que havia observado,acionando a pausa logo a seguir.Com essa ação a fita apresentava ao final do jogo uma duração próxima ao tempo real da partida,e como estava setorizada facilitava em muito a trancriçao para a ficha de dados.Hoje, com a facilidade do videotape a coleta e transcrição acontece com maior velocidade e fidedignidade.Muitos erros de súmula podem ser observados com as analises em video, e muitos erros de arbitagem também. Após a coleta dos dados, eram auferidos pontos positivos ou negativos em todos os fundamentos e ocorrências técnicas acontecidas no jogo,obtendo-se um numero final que poderia ser positivo ou negativo.Este, então, era dividido pelo tempo de participação do jogador na partida, o que originava o seu coeficiênte técnico.Esse coeficiênte poderia então ser comparado com os demais, pois refletia a sua produtividade fosse qual fosse seu tempo de participação no jogo.É claro,que foram empregados pontos positivos ou negativos de acôrdo com uma categoria de base, e que também os mesmos não tinham o rigor ideal se fossem estudados, discutidos e adotados por uma comissão de técnicos,os quais apresentariam para cada categoria valores a serem adotados por todos. Foi uma tentativa pessoal, com critérios pessoais, obtidos pela vivência, observação e prática constantes.Mesmo assim,e de forma absolutamente experimental, obtive dados bastante consistentes e conclusivos,dando-me a certeza de que o caminho para uma análise de produtividade técnica não poderia ser muito diferente do que aquela. Projetando para o futuro, vislumbrava a possibilidade de classificação de jogadores a um toque de botão no computador, pedindo ao mesmo uma lista, por exemplo, de armadores juvenís com um coeficiênte situado entre x ou y pontos de produtividade, podendo,inclusive,compará-los com as demais categorias. Teríamos tabelas de pontos por categoria, adotadas em todo o território nacional, e cujos dados poderiam facilmente transitar pelo mesmo, tendo como base as federações e como destino final a CBB. As convocações seriam mais justas, pois não só os critérios de observação seriam levados em conta,os coeficiêntes também teriam um peso a ser considerado. Enfim, seria banida entre nos as análises baseadas em dados percentuais, manipuláveis e tão de agrado daqueles que se utilizam de falsos números para se promoverem. Lanço a idéia,que utilizei com bons resultados, ponho os mesmos á disposição de quem se interessar, e desafio a todos a debaterem o problema.