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Prof.Paulo Murilo 

15 fevereiro 2005

DIA 22...

Em julho de 1972 ao dirigir a seleção carioca juvenil masculina no Campeonato Brasileiro em Belo Horizonte, me antecipei ao embarque da delegação, para juntamente com o médico organizar as acomodações nas dependências do Mineirão. Nesse mesmo dia procurei a organização do Campeonato para efetuar as inscrições dos atletas que era de responsabilidade do delegado da CBB o Sr.Alberto Cury.Coincidentemente, o responsável pela delegação do Maranhão entregava as certidões de sua equipe, que para minha surprêsa faziam parte de um único bloco, ainda coladas pela margem superior,e que foram expedidas por um único cartório e com a mesma data,variando somente os horarios dos nascimentos.De imediato inquirí o Sr Cury sobre a falsidade dos documentos e recebi como resposta,de uma forma solícita pelos anos de mútuo conhecimento, que se a documentação não fosse aceita dificilmente equipes daquela região participariam de campeonatos.Para piorar a situação,coube àquela equipe ser nossa primeira adversária na abertura da competição após as solenidades de praxe,fazendo com que a partida se iniciasse depois da meia noite.A equipe era constituida de homens maduros,e não juvenis,sendo que a espôsa e os dois filhos de um deles torciam aos berros pelo pai nas arquibancadas.Foi um jogo extremamente dificil pela grande discrepância física,e que vencemos por 2 pontos após uma batalha que varou a madrugada.Mais tarde,constatei ser o voto do Maranhão de grande importância na eleição da CBB,cujos dirigentes desejavam a reeleição, o que conseguiram,sem antes propiciarem aos delegados votantes um sem numero de mordomias e facilidades para suas federações.Todos os envolvidaos com o basquetebol brasileiro sabem de que maneira os votos,que são quantitativos,valem para a definição das eleições na CBB.Se a votação fosse pela representividade qualitativa,onde as participações nos diversos torneios e campeonatos contassem pontos,assim como contassem os resultados alcançados,muitas das facilidades e influências politicas seriam orientadas a um patamar mais democrático. Mas não foi, é, e nunca será essa a realidade nas eleições na CBB. Então fica no ar uma teimosa indagação- Se eleições sempre foram ganhas em troca de favorecimentos técnicos e administrativos,e mais recentemente, em vantagens advindas dos patrocinios govenamentais e da iniciativa privada,como vencer uma eleição que contrarie tantos interêsses arraigados no âmago dos politicos-dirigentes das federações? De que forma candidatos, que não o ocupante do cargo, poderão equilibrar o jogo de interêsses na disputa,ou compra, dos votos necessários para a eleição? Mais mordomias? Promessas de viagens internacionais na chefia de delegações, participação em congressos e sorteios de chaves? Campeonatos ou Torneios com a participação das seleções nacionais em regiões nada tradicionais na modalidae? Como equilibrar a disputa sob tão poderosa concentração de poder? A promessa de que voltaremos ao concêrto internacional é de pouca monta se comparada às efetivas e reais conquistas politico-financeiras que alcançaram dentro dos padrões vigentes. Logo, só resta uma opção,unir forças na tentativa de demonstrar o perigo iminente e real de fragmentação e posterior decadência da modalidade em nosso país, muito mais pelo aspecto técnico do que político, pela adoção de um modelo anacrônico que nos tem levado ladeira abaixo, e que terá continuidade com a vitoria dos atuais dirigentes. Poder por poder vencerão por estarem de posse dos mecanismos politicos baseados nas benesses e nas certezas adquiridas. Erro crasso será a tentativa de prometerem mais do que as certezas que já possuem. O que não pode ser contestada é a realidade que vivemos, de total decreptude que nos levará,como tem levado, ao completo cáos técnico, do qual serão os responsáveis em um futuro não tão distante assim. Uma campanha que os responsabilize "à priori" pela certeza do fracasso será mais eficiente que a cobertura de vantagens já conquistadas. Se candidato fosse,demonstraria com fatos e resultados o quanto estamos fragilizados,e apresentaria soluções técnicas que resgatassem nossas tradições.Não prometeria um único alfinete a quem quer que fosse, e exporia em público aqueles que me exigissem vantagens de qualquer espécie pelo voto,e como possivelmente perderia a eleição, sairia mostrando a todos quais os responsáveis pela debacle, criando desta forma uma base segura para a próxima,e a próxima,e a próxima...Um dia acordaremos,e só torço para que ainda existam quadras em nosso país.Que Deus nos ajude.Amén. No dia 22 deste mês,no auditório da UNIVERSIDADE os candidatos à presidência da CBB debaterão publicamente suas plataformas político-esportivas. Esse artigo é dirigido àqueles que corajosamente enfrentarão o debate ante o candidato da situação.