FREE hit counter and Internet traffic statistics from freestats.com


Prof.Paulo Murilo 

01 fevereiro 2005

O QUE TODO TÉCNICO DEVERIA SABER

Com esse artigo encerro uma primeira parte que dediquei ao panorama atual do nosso basquetebol,claro, em minha visão de técnico e professor por mais de 40 anos dedicados ao seu desenvolvimento.Formam a base de um livro a ser publicado em breve, dedicado aos futuros professores e técnicos desse magnífico jogo.E termino a série enfocando alguns principios que todo técnico deveria saber. O princípio básico que todo técnico deve ter em mente é o permanente e progressivo desenvolvimento técnico de sua modalidade,e que jamais esteja dissociado das questões éticas,das necessidades individuais e coletivas, e que propugne por conquistas culturais e educacionais. O objetivo tem de se fundamentar no patriotismo e na luta pelas oportunidades democráticas.A função social do jogo é o fator que deverá impulsionar a busca pela melhor performance possível,numa atividade que propiciará ao jóvem uma experiência prática dos embates que advirão em sua vida futura.O jogo bem praticado e bem jogado torna-se uma "avant-première" da vida.Por todas estas razões o professor e o técnico têm de estar preparados para funções de liderança,fundamentais no preparo e orientação dos jóvens, e na direção coerente e segura dos adultos. A relação com seus pares deve ser fundamentada na mais profunda ética, cuja manifestação básica é para consigo mesmo,e por extensão para com todos aqueles envolvidos no processo.O patriotismo deverá se manifestar sempre que se pretender importar soluções estrangeiras sem as devidas avaliações sobre a aplicabilidade das mesmas face às nossas particularidades físicas e sociais.De sempre tomarem o máximo cuidado na importação de modêlos inadequados à nossa realidade econômica, que visam estabelecer uma dependência técnica e material de fundo puramente mercadológico.E que sempre procurem resgatar nossas verdadeiras raízes,atestadas por um passado brilhante e vencedor.Para tanto torna-se necessário o estudo pormenorizado de nosso passado esportivo,daqueles que em situações econômicas quase precárias se comparadas com o tempo atual,sobressairam no plano internacional,e que o fato de não possuirem registros de imagem e de dados estatísticos os tornam desconhecidos pela juventude e pelos novos técnicos e professores.O resgate desse passado se justifica como uma tentativa válida de anteposição às influências de fora que se beneficiaram desse desconhecimento, e que nos levaram ao impasse em que se encontra o basquetebol brasileiro,pela perda de sua verdadeira identidade.O"basquetebol internacional" e o "modelo NBA" nos levarão ao cáos total se não resgatarmos nossa maneira de jogar,que se constituiu na quarta força mundial no século XX. Recentemente a CBB reuniu 20 jóvens jogadoras em uma clínica técnica para implantar rotinas técnicas em suas vidas nos clubes de origem,numa verdadeira apropriação indébita de talentos a serem orientados a um modêlo anacrônico e fracassado,onde até orientações visando ganho de massa muscular foram prescritas.Melhor faria a CBB se reunisse os técnicos dessas meninas para em uma troca de experiências procurasse um caminho adequado às nossas reais capacidades.Mas é claro que tentativas como essa feririam os conceitos enraizados de alguns que se propõem guardiões da verdade basquetebolística em nosso país.Seguir princípios e normas globalizadas é prova de atrazo e de colonização intelectual, é um atitude de lesa-pátria, é um monstruoso crime. Com a proximidade das eleições na CBB,seria de fundamental importância que os técnicos questionassem a sí e entre seus pares da importância ou não de soerguermos o nosso basquete, ou se o modêlo atual padronizado de norte a sul é o que realmente queremos,ou mesmo se devessemos experimentar outros ou alguns daqueles que nos fizeram parte da elite mundial.Acredito que a velha guarda reunida em cada vez mais desenvolvidas associações de veteranos,muitos deles influentes em nossa sociedade e na politica do país,e que muito foram beneficiados pela pratica do basquetebol, pudessem influir decisivamente nesse processo de soerguimento, em vez de se reunirem para usufruirem o que pensam ser o melhor dos dois mundos, o saudosismo e o companheirismo.Creio que outra etapa deveria ser vivenciada, a de prestarem, com suas experiências e conquistas,a maior de suas performances, a justificativa do porque fomos os melhores, ação esclarecedora ora negligenciada em festivas reuniões de velhos amigos.Acredito com a mais absoluta convicção que o verdadeiro papel dessas associações ainda estará por vir,se vier,a influência estratégica e política que seus associados poderiam exercer junto a sociedade civil para um possivel,porém dificil soerguimento de nosso basquetebol.Nossos técnicos precisam estudar muito a fundo o que fomos,o que conquistamos e como o fizemos. Copiar fórmulas prontas é facil e descompromissado, assim como adotarmos vicios modernosos nos tornam miseravelmente pobres em técnicas e táticas, quiça estratégias.Somos os técnicos com filosofias de trabalho,sem sequer entendermos o que significa o termo filosofia. Fico imaginando se amanhâ em todas as notas oficiais das federações brasileiras saisse uma nota proibindo o uso das pranchetas durante os jogos! Já imaginaram o resultado? Não? então imaginem,fará um bem danado as conclusões que tirarem...