Basquete Brasil
Discute a atualidade da modalidade no Brasil, e suas implicações a um possível soerguimento técnico.
11 março 2005
PAPOS QUE NÃO DEVERIAM SER FURADOS.
A discussão do momento é a necessidade de serem criadas Associações de Clubes em torno de uma Liga Nacional,e a criação de Associações de Técnicos, ou mesmo um Sindicato de Jogadores.É um papo-furado que escuto a 30 anos, com a mais primária das constatações,NINGUÉM se apresenta DECISIVAMENTE para liderar tais movimentos, pois os mesmos são fundamentados, única e exclusivamente na credibilidade de quem os propõem, e credibilidade tem como estrutura básica a aceitação de uma liderança que desencadeará as discussões, que quanto mais democráticas forem, maiores as possibilidades de alcançarem sucesso em suas pretensões. O que se vê, e temos visto desde sempre é a proposição desses temas no meio de um tiroteio de interêsses e vaidades, frustrando de saída as possibilidades de entendimento e coesão. Ademais,todo esse emaranhado de futricas e propositais mal-entendidos só beneficia quem se mantêm no poder,e não é surprêsa nenhuma a sua ausência no fóco das discussões.Por que se arriscar discutindo quando se têm os ases nas mangas? Fala-se na Liga Nacional como a salvação do basquetebol,mas no fundo o que se disputa é a apropriação das verbas oficiais, de patrocinadores e da mídia.Com o dominio das mesmas nas mãos TUDO pode ser feito,desde a garantia de salários até o jogo político de influências, como alguns dos interessados já o fazem de a muito tempo. A importância política dos desportos sempre foi uma realidade para os iniciados, aí incluidos os militares pós mundial de futebol de 1970, aos prefeitos construtores de estádios suntuosos, passando pelos médicos que disputaram a tapa as verbas para os laboratórios de fisiologia do esforço, e que se especializaram em dobras cutâneas e débito de oxigênio, assim como os expertos e maquiavélicos empresarios que geraram a era do culto ao corpo, com a facilitação da formação dos professores de Ed.Fisica fora da área humanistica e lançados nos braços da formação paramédica.Centros de formação de administradores,como a FGV,mantêm cursos de MBA para essa área, que se tornou na galinha dos ovos de ouro de nosso tempo. Claro, com a exclusão da Escola e da educação integral e de qualidade.Mencionam o exemplo da Europa,da Argentina,dos Estados Unidos, que têm ligas fortes e organizadas, mas se calam e jamais mencionam que a base de tudo aquilo gira em torno de fortíssimas,coesas e decisivas associações de técnicos, pois estes,ao contrário dos dirigentes, é que detêm o poder da continuidade do jogo, de suas regras,de seus conceitos, e principalmente de sua ética. Mas entre nós inexiste essa coesão, e sabem porque? Não? Então dou algumas pistas. Para começar definam quais critérios são empregados na escolha de técnicos de seleções nacionais, da formação à principal? São critérios técnicos ou políticos? E quanto aos administradores dessas seleções? São movidos pelo conhecimento da modalidade ou pelo conhecimento e importância política? Quais parâmetros técnicos são desenvolvidos e incluidos na formação de nossos jóvens,tanto no aspecto regional como nacional? Como são formados nossos técnicos? Nossos árbitros? Nossos estatísticos? Nossos preparadores físicos? Nossos assistentes? São muitas as perguntas, cuja única resposta estaria incluida na união, se é que é possivel,dos técnicos desse país. Somente eles terão as respostas, darão seguimento às nossas tradições, defenderão o espirito e a essência do jogo,fundamentando o futuro. Anos atrás ajudei a fundar duas associações nacionais e uma no Rio,que foram sublimes enquanto existiram em torno de nomes como Antenor Horta, Moacyr Daiuto,Geraldo da Conceição, e muitos outros que exerciam verdadeiras e honestas lideranças. Foi uma época de realizações, tanto nas salas de reuniões, nas salas de aulas, como dentro das quadras. Muito foi conseguido, mas a força dos políticos e da ignorância massificada em torno de influências mercadológicas fizeram que todo aquele esfôrço sucumbisse para o que aí está.Mas foi uma época de construção e não de papo-furado. Sugiro do fundo do coração que todos aqueles que amam realmente o basquetebol, basicamente os técnicos, se reunam,se unam em torno de mesas por esse Brasil afora, na certeza de serem os ÚNICOS que podem nos tirar desse atoleiro de três décadas. Depois disso ser concretizado, a Liga será mais um dos elementos que comporão nosso futuro.Mas para tudo isso terão de ter peito, e não vaidade e suscetibilidades anacrônicas e infantís. Levantem a bola, como os antigos fizeram, e dêem seguimento ao jogo. Amén.
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