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Prof.Paulo Murilo 

05 setembro 2005

CONFERINDO A CONTA.

Um dia perguntei ao velho Togo o porque do apelido do Zeny Azevedo nos seus 1,88 ser Algodão.Disse-me ele que a sua leveza e extraordinario senso de colocação o colocava sempre à frente de seus adversários nos rebotes.Era como se flutuasse,dai o codinome Algodão.Mas além dessa qualidade ele possuia o dominio da dualidade tempo-espaço,fator antecipativo aos movimentos em torno de si,que é um dom restrito a muito poucos defensores,principalmete se muito altos.Em nossas seleções sempre tivemos a sorte de possuir um jogador dessa estirpe,como Ubiratan e Gerson Vitalino.Ambos conquistavam os rebotes por sua elasticidade e leveza e ainda concluiam os contra-ataques do outro lado da quadra.Nos rebotes ofensivos eram aqueles que recobravam os arremessos perdidos por seus colegas,enfim,dominavam os garrafões sendo a antítese dos verdadeiros monstros de musculos que pululam na NBA e agora entre nós.Foram duas jogadoras dessa estirpe que propiciaram a Paula,Hortência e Janeth a posse da bola para seus contra-ataques velozes e mortais.Mas como alguns dos jogadores masculinos,sofreram um recondicionamento fisico para se tornarem"aptas"ao enfrentamento futuro com as massivas adversarias internacionais.Sabemos no que deu tão irresponsavel intervenção fisiológica perpetrada por gente que nem de longe difere um halterofilista de um jogador de basquete.Agora temos um digno sucessor daqueles grandes jogadores,o Spliter,que em sua leveza,aparente fragilidade,mas com um dominio quase mágico de tempo-espaço, supera os monstros de plantão e supre num caudal inesgotável os velozes companheiros para efetuarem o que de melhor possuimos,o jogo de velocidade,sendo que em muitas das conclusões lá estava ele,o Spliter,concluindo as jogadas.Em um artigo passado conclamei-o a não trocar a Europa pela NBA,onde fatalmente sofreria os processos de"engorda técnica"que a maioria de futuros aspirantes aos milhões de dolares tem de se submeter a fim de pertencer a tal seleto clube.Agora mesmo,o Senado americano encostou a administração da NBA contra a parede,exigindo da mesma as regras de controle de doping em suas equipes.Prontamente o Sindicato de Jogadores se colocou contra tais intromissões,ameaçando inclusive com uma greve se tal controle fosse rigido demais.Ficou estabelecido que os novatos se submeteriam a três exames,no inicio da temporada,ao meio e nos playoffs se lá chegassem.Os veteranos somente no meio da temporada.Tirem as conclusões que quiserem,mas isso explica alguns comportamentos de muitos jogadores que se negaram a defender seleções nacionais de alguns paises.Tiago Spliter tem de ser protegido de uma pleiade de pretensos cientistas esportivos,um bando de aventureiros inescrupulosos,para se manter como está,assim como o Anderson Varejão,enxutos,rapidos,flexiveis,pois dessa forma podem marcar os opositores à frente com suas velocidades inatas,e podem se deslocar com mais velocidade ainda em busca de bolas que nenhuma massa descomunal poderá atingir. Por outro lado,torna-se nacessario treinar em profundidade,com alta dose de sabedoria e principios táticos e técnicos os bons armadores que possuimos,principalmente o quarteto Leandro,Valtinho,Huertas e Nezinho,para formarem duplas em N combinações, pois só dessa forma dominaremos o perimetro,evitando de uma vez por todas o estupido deslocamento de nossos homens altos para a linha dos três pontos.E que finalmente, treinemos de verdade,DE VERDADE,nossos alas,principalmente nas fintas perpendiculares a cesta,nos rebotes com transposição de velocidade horizontal em vertical,nos arremessos em situação de desequilibrio quando proximos a cesta,e principalmente como defender seu proprio campo.Dois ou três especialistas nos três pontos são mais do que suficientes a uma boa seleção,e não o desperdicio de oportunidades nas mãos de quem se acha mestre nessa arte de poucos.O binomio velocidade-flexibilidade deve ser mantido,pois atende nossas qualidades inatas,e que são a antítese das jogadas coreografadas em pranchetas pseudo-mágicas,que se perpetuam já a um longo e tenebroso inverno entre nossos técnicos,agora em forma grupal,unissona e afinada.Com o dominio do perimetro através o drible e os corta-luzes incisivos dos armadores,e o deslocamento permanente e veloz dos homens altos,lá dentro,bem lá dentro da zona restritiva(que não precisa ser pintada...)teremos condições de enfrentamento com qualquer equipe no mundo,ainda mais se voltarmos ao jogo em velocidade,com um minimo de passes,e com um treinamento poderoso e prioritário dos fundamentos,pois essa é que deverá ser a mensagem a ser seguida pelas novas gerações,um basquetebol no qual driblar,passar,arremessar,defender,rebotear e jogar sem a bola seja copiada por eles ante o exemplo vindo de seus idolos.Mas não vejo como técnicos compromissados com comandos absolutistas e coreograficos,mais preocupados com suas soluções personalistas,possam desenvolver tão necessárias e inadiáveis mudanças.Por tudo isso,parabenizo nossos jogadores pela vitoria em S.Domingos,e torço de coração que possam encontrar em breve futuro,no mundial que se aproxima,não aros quebrados,ou horários apertados para treinar,e sim técnicos que os ensinem a jogar mais do que já jogam,pois nunca é tarde para aprendermos,principalmente os fundamentos do jogo.