Basquete Brasil
Discute a atualidade da modalidade no Brasil, e suas implicações a um possível soerguimento técnico.
10 novembro 2006
INADVERTIDAMENTE...
“Caras, agora estamos f......., eles ganharam moral!”, esbraveja o técnico(?) de Araraquara. Do outro lado, um americano, empunhando a prancheta tão familiar e conhecida por nós, ao mesmo tempo em que a rabisca, pronuncia um discurso ininteligível para a equipe, mas com uma tradução simultânea medíocre por parte de um dos jogadores, que mais confunde do que esclarece a turma do Guarujá. Inadvertidamente tropecei neste pavoroso espetáculo de como não se deve jogar basquetebol. Mas, com uma boa dose de coragem fui até o final da transmissão, não acreditando, até agora, como foi possível assisti-la. E de repente, um dos jogadores da equipe da casa tenta um arremesso e a bola escapa de suas mãos, caindo aos seus pés, o que provocou um irado e violento soco do técnico isolando a bola para além da linha final, demonstrando todo o equilíbrio próprio a um líder, ausente de sua pessoa. E os pedidos de tempo se sucederam sem que as equipes, nem de longe, acompanhassem o raciocínio de seus formidáveis técnicos. Até o comentarista bonachão da TV começou a perder a paciência ante o espetáculo grotesco que se obrigava a comentar. A quantidade de arremessos de três pontos era espantosa, de todos os lados e distâncias, perpetrados por todos os jogadores (?) envolvidos na pelada de compadres de fim de semana. E de tal maneira se esmeravam na tarefa de “arma que eu chuto”, que me convenci de que os mesmos estavam cumprindo determinações de seus técnicos, pois se assim não fosse, estaria assistindo uma exibição explícita de como dois grupos de jogadores pouco, ou nenhum caso faziam pela presença de dois indivíduos travestidos de técnicos no recinto de jogo. No jargão de minha época, tratava-se de um autêntico e legítimo “barata voa” esportivo.E o mais espantoso, o americano, em uma entrevista no meio tempo, expunha sua pretensão de ser lembrado para dirigir a seleção brasileira, projetando com seriedade sua abalizada consideração de que se não houvesse um bom e avançado preparo, frente ao fato de que americanos, argentinos e canadenses, estariam na corrida pela vaga olímpica a seleção brasileira não se classificaria. Deixou no ar a suposição de que nossa única chance estaria presente em sua atuação à frente da mesma. Um absurdo, ainda mais quando via incrédulo a atuação pífia e ridícula de sua equipe na quadra. É isso que acontece quando se chega ao estágio que chegamos, ao ponto de merecermos que um aventureiro qualquer venha até nós ensinar o que não sabe. Caramba cara, mas ele foi assistente no Charlotte e no Cavaliers! E de tão bom veio parar no Guarujá. E o pior, nem o tradicional ”vamos lá” aprendeu em nossa língua, e parece nem um pouco interessado em fazê-lo, afinal, ele é americano, o máximo para nossos sonhos caipiras.
E para finalizar, o comentarista amigo de todo mundo, num velado, porém intrigante comentário conclama o quarteto de técnicos da seleção nacional, dos quais gosta muito, mas que os considera muito”focados” em si mesmos, imunes à criticas e opiniões, que se permitam ouvir outros técnicos, outras pessoas, mesmo que não gostem, para que haja uma abertura que melhore o nosso basquete. Talvez, o triste espetáculo que presenciava, o tenha induzido no entendimento que tudo aquilo que se desenrolava sob suas vistas, bem, ou mal representava a dura realidade por que passamos, muito, ou totalmente contrária á sua outrora e brilhante realidade de anos atrás, quando foi um lídimo representante do que tivemos de melhor em nossas quadras. Creio, que no seu íntimo de grande vencedor, como atleta e cidadão, uma grande dose de tristeza exista ante tanta mediocridade que presencia nos dias atuais, e que faria um bem enorme se a expusesse com veemência e decisão. Mas sinto que sua enorme amizade por todos o impeça de prestar esse inestimável serviço à modalidade. Sua indignação seria um sopro que nos ajudaria a emergir desse lodaçal de vaidades e egos criminosos. Ainda em tempo, apesar do técnico achar que estavam todos f........., Araraquara ganhou por 85x80. A juventude do país agradece penhorada os exemplos educativos que testemunharam ao vivo e à cores, e prometem aplicá-los ad perpetuum.
4 Comments:
Quando Ennio Vechi era técnico da seleção e um americano treinava a seleção juvenil, o treinador Helio Rubens vociferava contra, argumentando que o filho dele (então juvenil) não entendia as instruções do treinador. Em um mundo globalizado, eu como engenheiro, fui obrigado a aprender inglês para poder me desenvolver como profissional. O mesmo não deveria ser exigido dos jogadores?
O Panamá por exemplo, contratou um técnico vitorioso da NCAA (Nolan Richardson) e foi para o mundial. Nãos eria o caso de se tentar algo no Brasil? Mesmo em termos de clubes?
Prezado Alexandre, pelo que sei o técnico em questão já está a um bom tempo no país
e não demonstra interesse em nossa lingua,o básico, pelo menos.Duvido que no país dele um técnico extrangeiro pudesse dirigir equipes em outro idioma que não o inglês.Duvido não, tenho certeza.No meu artigo anterior, abordo o tema sobre a educação de atletas,fator determinante para o progresso desportivo,muito aquém de nossa realidade.Qualquer técnico que vá para um país ministrar seus conhecimentos por longo tempo, tem a obrigação de respeitar e adotar o idioma local,como prova de consideração ao país que permite seu trabalho,além, de através sua lingua,poder interpretar
anseios, necessidades e limitações de seus comandados.A lingua é a alma de um povo, seu passado, suas glórias, seus infortúnios,suas esperanças.O que devemos fazer, é sair dessa amarra colonialista, e voltar a jogar o jogo que nos elevou internacionalmente. Domino o inglês, assim como você,como ferramenta de trabalho, mas não posso desconhecer o fato de que o português é minha lingua pátria,o que segundo Saramago,nos enraiza à terra de origem.
Desculpe prezado Alexandre,ele,o técnico americano, é que tem de aprender português, e não seus pouco amparados jogadores. Um abraço, Paulo Murilo.
extremamente ridiculo isso, trazerem um tecnico americano, algo ridiculo pois o estilo de jogo deles não tem nada a ver com o nosso, deveriam ter pego um europeu, com mais experiencia no estilo FIBA e sabe fundamentos muito bem, poderiam ensinar algo qeu nosso joadores não sabem, controlar a bola, ou "valorizar a bola" como diz Wlamir Marques. E pra piorar, nem a nossa lingua ele não fala, deveriam especificar no contrato isso, me espanto cada vez mais com as besteiras que acontecem. Mas temos qeu ver pelo lado bom, pelo mesno investiram em um tecnico estrangeiro, não no tecnico certo, mas pelo menos investiram, tomara que outros clubes tbm se inspirem e logo tragam mais tecnicos de fora,mas europeus por favor.
Leandro, você tem razão, mas não esqueça que existem excelentes técnicos e professores formadores em nosso país.Não são muitos, mas existem.Técnicos extrangeiros, sejam dos Estados Unidos,sejam da Europa, sempre encontrarão grandes dificuldades de adaptação entre nós,pois terão que superar barreiras sócio-econômicas,para as quais não estão preparados, por formação.O que falta é uma política de apôio aos nossos técnicos, e meios de expressarem seus conhecimentos e pesquisas,somente isto.Um abraço, Paulo Murilo.
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