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Prof.Paulo Murilo 

04 dezembro 2006

GLORIA E OCASO DAS DIFERENÇAS.

Numa reportagem do O Globo de hoje, o técnico Bernardinho comenta a atuação da Seleção Brasileira de Voleibol no recém findo Campeonato Mundial, onde conquistou o bicampeonato.Quando o repórter perguntou:“O que fazer para conquistar a perfeição? Isso realmente é possível?”, o grande técnico respondeu: “É impossível. Mas, se não somos os mais altos, temos que ser os mais rápidos. Se não é apenas o mais rápido, temos que ser os mais consistentes, mais regulares. Enfim, temos que ser diferentes. Não vamos nos diferenciar pela estatura e força física. Temos que nos diferenciar pela técnica do passe”.

Foi uma resposta que sintetizou tudo o que representou vencer competições e se impor ao mundo, respeitando e entendendo de forma absolutamente cristalina o que vem a ser uma seleção representativa do povo brasileiro, na qual, jogadores das mais diversas origens étnicas e territoriais, são reunidos, treinados, avaliados e altamente preparados, respeitando suas limitações biotipológicas, mas qualificando-os em novas técnicas de fundamentos, e avançadas situações técnico-táticas, diferenciando-os das demais equipes mundiais. A exibição da equipe no jogo final foi a prova do quão diferentes são os jogadores brasileiros na arte de jogar voleibol.

Hoje, o mundo do voleibol se apressa em entender e assimilar tão radical enfoque técnico apresentado pelos brasileiros, e se esmerarão daqui para diante na tarefa de suplantá-los, fator que desencadeará um aprimoramento de nossa parte, para manter a supremacia. O mais importante é que nos últimos 10 anos o vôlei nacional resolveu inovar, e aí estão os frutos sendo colhidos, não só pelas equipes adultas, como também nas categorias de base. Foi e continua sendo um trabalho magnífico, corajoso, e acima de tudo inteligente.

Houve uma época que também inovamos no basquetebol, e vencemos, e deitamos ensinamentos mundo afora. Hoje, simplesmente copiamos soluções estrangeiras, e copiamos mal, no afã suicida de uma globalização interesseira e colonizadora, tão ao gosto de um grupo que se nega formalmente a inovar, a recriar algo que já dominamos, com a desculpa do saudosismo. Mas esquecem que o momento presente é produto da negativa de um passado brilhante, e a projeção de um futuro(?) assustador. Sei que podemos sair desse atoleiro, sei que existem técnicos corajosos e evoluídos entre nós, sei que podemos nos diferenciar porque fomos diferentes um dia, sei que poderemos nos soerguer, mas também sei, que para esse momento acontecer precisamos, em dose maciça, da coragem do pessoal do vôlei, em sua caminhada de quem sabe aonde quer ir, conquistar, e vencer.

Rendo a todos eles minhas sinceras e agradecidas homenagens, e que mantenham intocada a grande coragem de que são possuidores. Parabéns do ainda corajoso basqueteiro.