Basquete Brasil
Discute a atualidade da modalidade no Brasil, e suas implicações a um possível soerguimento técnico.
02 fevereiro 2007
FRAGMENTOS
Mexe daqui, futuca dali, e de repente, do meio de uma tremenda papelada salta um pequenino recorte de jornal, publicado no O Globo de 8 de junho de 2006, que se reporta a um testemunho do Sr.Geschwindener, capitão da seleção alemã de basquetebol nas Olimpíadas de Munique-72, que há 12 anos atrás iniciou o treinamento do ala Dirk Nowitzki, então com 16 anos, e que foi considerado o melhor jogador do Mundial-2002 em Indianápolis. O interessante em seu trabalho foi a inclusão de algumas atividades extras, tais como esgrima, remo, balé, guitarra e saxofone. Perguntado sobre em que Nowitzki pode melhorar, Geschwindener respondeu: Arremesso. E provavelmente aspectos intelectuais, mentais e psicológicos. Obviamente, Não refinou muito a defesa. Mas diminuímos esta lacuna nos últimos dois anos- declarou ele.
Como Dirk é considerado por muitos o melhor jogador do mundo, tais declarações e colocações de seu técnico inicial, aquele que o introduziu nos fundamentos do jogo, define um campo de influência com tal ordem de importância na formação do jogador e cidadão, que muitos duvidarão de tais afirmativas. Dança, remo, esgrima e música? O que é isto? Só pode ser invenção e autopromoção. E o máximo do absurdo, aspectos intelectuais? Filosofia? O cara é maluco! Pois é, caros técnicos brasileiros, isso é o usual na formação de um jovem atleta no velho mundo, pois cultura e educação se coadunam magnificamente com atividades desportivas, com a música, com a dança. Algum técnico brasileiro já tentou incluir a dança no treinamento daqueles jovens muito altos, e por isso muito descoordenados? Não? Pois saibam que funciona muito bem, já que ritmo é a base de um bom trabalho de pernas. E que o remo desenvolve o trabalho de equipe, e que a esgrima apura os reflexos, e que um instrumento musical aguça a disciplina. Mas, para que todas essas bobagens se temos a perfeita solução dos problemas de formação? Temos a peneira! E estamos conversados. Retorno o papelzinho para uma caixa mais segura, e deixo-o lá como prova inconteste de que bons técnicos de formação existem nesse mundão que gravita por fora de oportunas, desleais e ineptas peneiras.
Vou ao site Rebote, sempre muito boa leitura, e me debruço sobre um texto Do Rodrigo Alves sobre o Boston Celtics. Muito bom e bem alinhavado, e que culmina com sugestões ao Danny Ainge, superintendente da equipe, para o soerguimento do atual e falido plantel no campeonato da NBA. Mas algo ficou faltando. Talvez a existência do Rebound, site congênere publicado nos states com as matérias do Rebote nacional, para que o Danny tivesse a oportunidade de ler as sugestões, se é que o faria, ainda mais de um articulista brasileiro.E ai me deparo com uma evidência que me assustou. Um ótimo jornalista, articuladíssimo, e trabalhador, direcionando grande parte de seu talento a um basquetebol de sonho, de quimeras, quando o daqui se debate com a ausência de talentos como ele, que foi tão presente nos mundiais do ano passado, e que fizesse tão brilhantes análises, como a de hoje, sobre as equipes que disputam nosso campeonato tupiniquim. Como amaria tê-lo na trincheira,como bem definia o Melk, nessa luta sem muito ibope pelo nosso basquete, que pela ótica dos irmãos do norte é tão inexpressivo que sequer merecerá a presença dos mesmos no Pan, um verdadeiro chute no nosso traseiro, fato que ainda não foi analisado e comentado por nenhum site que se dedica ao basquete lá de cima.
Dois pequenos fragmentos de nossa realidade, mas que me fizeram pensar bastante, e sonhar com dias melhores. Amém.
3 Comments:
Caro professor,
Obrigado pela citação, e pode ter certeza de que eu também gostaria de estar mais presente na trincheira nacional. O "problema" é que, por dever de ofício na Globo.com, sou escalado para comentar os jogos da NBA. E como costumo levar qualquer trabalho muito a sério, boa parte do meu tempo de pesquisa, estudo e análise é dedicado ao que acontece nos EUA. É claro que tento não deixar o nosso basquete de lado, mas acabo não conseguindo (por simples questão de tempo) acompanhar os jogos do Nacional com a mesma freqüência. Eu até poderia palpitar, mas correria o sério risco de, vez por outra, deslizar em clichês e idéias prontas, defeito que me incomoda muito nos chamados "comentaristas de estatística". Pode acreditar, contudo, que não se trata de deslumbramento ianque ou desprezo pelas nossas cores. Continuo me esforçando para aumentar a bagagem nacional e, quem sabe em breve, entrar de vez na trincheira.
Um abraço,
Rodrigo Alves
Prezado Rodrigo, na realidade o que sentimos falta é de bons e bem intencionadaos jornalistas,que cubram com pleno conhecimento o dia a dia do nosso basquetebol, que nos esclareça e aponte o caminho das pedras,aquele que somente é trilhado por quem conhece.Seu trabalho,
seu esmero e seu posicionamento, já o faz de de muito um componente da trincheira,
faltando somente u'a mais amiúde presença
Um abração, Paulo Murilo.
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