Basquete Brasil
Discute a atualidade da modalidade no Brasil, e suas implicações a um possível soerguimento técnico.
25 julho 2007
A ARENA
A entrada da arena é impactante, enorme, profunda, lembrando um fosso de minas de ferro com seus anéis convergentes e de inclinação abrupta. Para quem tem algum problema com vertigens não é um bom programa, e o mais emblemático, quem a desenhou e projetou, verticalizou-a de tal forma quem pessoas de idade terão enormes dificuldades para acessar os assentos mais altos, assim como, crianças correm um sério perigo pelas suas características de mobilidade constante, de lá despencarem com sérios riscos de acidentes. Não é por acaso a existência de um sem número de corrimãos ao lado das escadas de acesso, cujos degraus se adequariam a um publico europeu ou norte-americano, cujas médias de estatura são muito mais elevadas que a media de nosso povo. Estranha opção esta para um projeto que poderia ter sido um pouco mais horizontalmente desenhado, visto os enormes espaços circundantes à arena. Entra-se no local transitando por largos e extensos aclives, e de repente somos surpreendidos por um a goela profunda e pouco convidativa, mas a imagem que é transmitida pela mídia realmente impressiona pela compactação e pela extensão vertical. Melhor designação não poderia ter sido escolhida, arena, pois de estádio, ou ginásio não tem absolutamente parentesco nenhum. E custou 260 milhões! Parabéns pela incúria, pois agora temos uma instalação de primeiro mundo, para uma população de terceiro, infelizmente.
Quanto ao jogo, assistimos uma aula, não fossem nossas adversárias uma equipe universitária, de como se ganha um jogo flertando com o inusitado, ante uma equipe previsível e atuando engessada a um sistema que só funciona de fora para dentro da quadra, senão vejamos: Temos jogadas, dizem que muitas, contra defesas individuais, pressionadas e por zona. E devem ser tão diferentes entre si ( o que honestamente jamais percebi...) que necessitam ser mudadas em pedidos de tempo. É tão notória tal situação técnico-tática, que qualquer adversário com um mínimo de presença de espírito se utiliza dessa deficiência para controlar o jogo. E quando o adversário é uma equipe americana, ai vira covardia. Bastou à excelente técnica Stanley acertar com suas jogadoras a utilização rotativa e alternada entre defesa individual e zona, num ritmo que variaria de “n” ataques da equipe brasileira, e que no quarto final chegou ao detalhe de mudança a cada ataque realizado, que desestruturou as brasileiras, presas às intervenções de seu técnico para as devidas mudanças, o que seria factível se não houvesse limites para pedidos de tempos. Mas como existe tal limitação, nos vemos repetidamente presos a esta deficiência técnica nas mais diversas competições internacionais. E o digo , por se tratar de uma “filosofia” técnico-tática implantada em TODAS as seleções nacionais pelo grupo que se apossou delas nos últimos vinte anos.
As americanas nos venceram praticando os oito movimentos básicos do basquetebol, com fundamentos bem executados, com jogadas de duplas, trincas e fortíssima defesa, inclusive a zonal, provando que esta somente funciona em seu todo se os fundamentos da defesa individual forem perfeitamente utilizados.
Existirá um dia que nossos talentosos jogadores e jogadoras serão treinados e preparados para variarem seus sistemas defensivos e ofensivos sem a intervenção castradora de técnicos afeitos à mídia e à exposição pública quanto ao seu poder de comando, discutível e enganoso. As jovens universitárias americanas nos mostraram como jogar um jogo, onde a técnica faz parte da equipe, e não a dona da mesma. O grande técnico é aquele que demonstra no jogo todo um processo adquirido e forjado no treinamento, através os verdadeiros artífices, os jogadores.
Que fique a lição, mais uma, para que no futuro, dentro ou fora daquela terrível arena, possamos eclodir desse pesadelo por que passamos por um tempo deveras prolongado.
A grande Janeth merecia o ouro em sua despedida, e de certa forma o conseguiu através os aplausos emocionados da platéia presente, assim como de todos os brasileiros que amam o grande jogo.
2 Comments:
Caro professor, para mim foi inevitável lembrar da derrota para a Austrália na semi-final do Mundial. Com todo respeito ao velho Barbosa, não dá mais nem para ele nem para o "padrão nacional". Não sei se o Bassul tentará romper com o modelo engessado, mas torcerei por isso.
Caro Idevan,não esquecer que o atual técnico passará a supervisionar as seleções da CBB, daí...
Um abraço, Paulo Murilo.
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