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Prof.Paulo Murilo 

10 outubro 2007

O PESCOÇO HELÊNICO...

“Majestade, o povo tem fome!”

“Dê brioches a eles!”

E zás, uma cabeça rolou dias depois. E Maria Antonieta nada mais pode dizer.

Infelizmente, por aqui, cabeças jamais sofrerão qualquer ameaça de rolarem, mesmo perpetrando as mais desatinadas ações, por estarem à sombra e ao (dês) serviço de quem detém o poder na marra. Nunca na história desse país, plagiando o guru mestre, a CBB se encontrou mais forte, já que num passe de magia (seria negra?) defenestrou o único poder com força, tradição e histórico de lutas, que liderava sua oposição, a FEBERJ, condenando o futuro do basquetebol brasileiro à sua absurda e inexplicável perpetuação no poder, se analisada pela lógica do bem comum e do progresso da modalidade.

E no rastro pegajoso da nova ordem, temos de engolir uma declaração do preposto presidente da Feberj, Alvaro Leonides, de quem jamais ouvi falar nos 50 anos que vivo o basquete, feita ao O Globo de hoje : “(...) O Estadual está sendo um êxito como espetáculo. Das 12 equipes que jogaram o Brasileiro, seis estão no Estadual. Voltaram a falar de basquete no Rio”.

Que me desculpe tão formidável administrador e gerente de espetáculos, mas jamais, em tempo algum, se deixou de falar em basquete por estas bandas, território de boa gente, de grandes desportistas, de técnicos e professores maravilhosos, celeiro de jogadores em todas as divisões, de torcedores históricos, de jogos inesquecíveis, de imprensa independente na grande rede, de tradições inatacáveis. E não, como agora se insinuam, em campo minado por uma confederação daninha e de políticas rasteiras e covardes, impondo através maquiavélicas maquinações, um pastiche de campeonato, que tem como piéce de resistance o enxovalhamento e humilhação do basquete carioca, e do também basquete fluminense.

O que o desavisado torcedor profissional de torcidas de clubes de futebol vem assistindo, reforçando a imagem de um fantasioso sucesso popular, alimentado por uma imprensa conivente e oportunista, é o enterro definitivo, se continuar por esse caminho, das equipes aqui estabelecidas, com algumas poucas exceções, como o CR Flamengo, utilizadas como hospedeiras, a fim de treinamento e preparação de equipes, que qual ervas daninhas, aqui aportam para sugarem a seiva do prestígio e visibilidade de mídia, ainda presentes nas camisas históricas dos clubes regionais, vestindo-as como camisetas de treino para o Campeonato Nacional.

E essa é a mensagem de sucesso trombeteada pelo digníssimo presidente da Feberj, atendendo e incorporando os desejos do grego melhor que um presente, para o qual, tradição e história somente têm valor na medida em que o mantenham ad perpetuam na direção e controle das abundantes gorduras a serem gostosamente queimadas entre benesses e mordomias, no grande banquete do desporto nacional. Nunca na história desse país, e olha a menção ao guru outra vez, as chaves dos cofres estiveram tão seguras em torno do pescoço helênico, onde guilhotina nenhuma jamais testará seu fio. Que os deuses tenham pena de nós. Amém.

2 Comments:

At 1:55 PM, Blogger idevan said...

Professor, é muito triste ver que os grandes clubes do Rio se tornaram meras franquias. Não faz muito tempo, Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco tinham clubes disputando o campeonato brasileiro, mantinham de alguma forma as divisões de base e fizeram uma final nacional. Hoje só o Flamengo honra sua tradição.

 
At 6:58 PM, Blogger Basquete Brasil said...

Prezado Idevan,mais triste ainda é a constatação do apoio irrestrito através a midia,principalmente a impressa.Essa turminha que priva das páginas de grandes jornais simplesmente desconhece o grande jogo,colocando-se à serviço dos interesses da CBB.A que preço? Não ouso saber.Um abraço,Paulo Murilo.

 

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