Basquete Brasil
Discute a atualidade da modalidade no Brasil, e suas implicações a um possível soerguimento técnico.
12 dezembro 2005
O QUE TODO PIVÔ DEVERIA SABER II.
Que o que vem se praticando nessa posição em nosso país é absolutamente inadimissível.Simplesmente perdemos a noção do que seja jogar próximo à cesta.O que vemos são homens muito grandes,alguns até exageradamente fortes,que abdicaram da posição mais estratégica do basquetebol,para virem pseudamente competir e rivalizar com os alas e armadores nas posições mais afastadas da cesta.Temos hoje em dia pivôs que arremessam da linha dos três pontos,e o que é pior,mal.E que por essa razão deixam de influir em sua maior capacitação,a luta nos rebotes ofensivos.Quando não vêm para a linha,se postam na lateral do garrafão,do lado em que se encontra a bola,e ao recebê-la,é claro,com forte oposição de seu marcador,inicia uma ação eminentemente física em direção à cesta,fazendo-a de costas e sem qualquer ajuda de seus companheiros,estáticos que ficam,como que antevendo uma obra de arte prestes a ser executada.É uma cena corriqueira,a daqueles dois homens imensos se empurrarem mutuamente sob os olhares dos demais.É o climax ansiado por toda prancheta que se preza,o ápice coreográfico de nossos estrategistas,que extasiados pelo modelo NBA,incutem em nossos subdesenvolvidos projetos de pivôs aquele exemplo de luta calcado nas diferenças políticas e raciais,e intumescidos de anabolizantes e outras coisas que tais,num processo que já despertou as comissões de inquerito do senado norte-americano,hoje imbuidas do desejo de verem erradicadas do desporto profissional daquele país essas práticas nada condizentes com o espírito olímpico,mas perfeitas e alinhadamente aceitas no mundo dos milhões de dólares.No nosso caso chega a ser ridiculo o esforço de imitação ante uma realidade de alguns mil reais em alguns meses do ano,e o fugaz brilhareco de uns dois ou três naquele mundo diametralmente oposto ao nosso,cultural e politicamente falando.E ai estão nossos pivôs,travando uma qualidade inata de velocidade e elasticidade com musculações e inchações que em nada os beneficiarão no jogo bem jogado.Queremos jogar como eles,mas não possuimos a massa critica que possuem,milhares de escolas de segundo grau,e centenas de universidades alimentendo continuamente o sistema.Se hoje se voltam para os estrangeiros,deveriamos pesquisar bem de onde são oriundos,para chegarmos a algumas conclusões elucidativas sobre o papel exercido pela NBA junto aos jovens daquele mundo globalizado aos interesses comerciais e politicos dos Estados Unidos.No beisebol essa influência é mais antiga,principalmente para jogadores cubanos,venezuelanos,panamenhos e mais recentemente japoneses,todos paises cuja influência é de interesse americano.Mas algo tem saido errado para nossos shaquiles,o fato de que,tanto os armadores,como os alas, engessados pelo sistema do Passing Game,único utilizado em nosso país,preferem optar pelos arremessos desenfreados de três pontos,relegando os pivôs a meros espectadores de suas habilidades, fazendo com que os mesmos,por uma questão pontual,venham para suas zonas de influência em busca de maior participação,e por estarem sendo forçados a executar bloqueios muito distantes da cesta,inviabilizando os rebotes ofensivos.Se lá se encontram,porque não arremessar também de três pontos, ou penetrar de vez em quando para uma enterrada consagradora? Isso se não tropeçar ou chutar a bola na tentativa.Por tudo isso,pelo malogro do sistema usado,e pela obviedade das ações, nossos indigitados pivôs pouco sabem nas conclusões embaixo da cesta,esqueceram de vez o gancho,trabalho de pés então, nem pensar.São muito fracos no arremesso de curta e media distância,mascarados que são pelas enterradas e arremessos de três pontos.Nos bloqueios invarialvelmente cometem faltas,pois o executam ante armadores e alas adversarios,mais leves e mais velozes do que eles,o que os forçam a se deslocarem faltosamente na ação.Enfim,uma catástrofe,e que vem se repetindo ano após ano.Na maioria das vezes ficam a meio caminho da ala e do pivô,sem saber muito a respeito destas posições.Devemos sempre lembrar que o pivô é o ùnico jogador que atua basicamente de costas para a cesta,fator este que deve ser abrandado sempre que possivel,preferencialmente fazendo com que receba a bola em movimento,para dar ao mesmo maiores oportunidades de drible e finta no espaço restrito em que atua.No entanto,essas oportunidades se tornam escassas dentro do sistema vigente,já largamente discutido e renegado por esse blog em muitos artigos aqui publicados.Então o que falta aos nossos pivôs?Como para os demais jogadores,muito,muitos fundamentos, principalmente de drible curto,fintas especificas,saltos no tempo da bola para melhores rebotes,assim como permanente movimentação visando colocação adequada para os mesmos e para a recepção antecipativa dos passes a ele endereçados.Um pivô de qualidade tem de aprender a receber passes em movimento,ação que em muito prejudica o oponente defensor,e cria um espaço maior de manobra ofensiva.Defensivamente,um pivô que é treinado com tais exigências,intue que a antecipação é a melhor arma defensiva, disposição esta que fará com que desenvolva a marcação pela frente do pivô adversário como uma atitude lógica e de maior eficiência.É uma disposição corajosa,a defesa frontal,mas fundamental para o sucesso defensivo de qualquer equipe bem treinada.Em nosso país,infelizmente não vemos pivôs sendo marcados pela frente,TODO o tempo,como deveria sê-lo,num sistema de linha da bola com flutuação lateralizada,e não longitudinal à cesta,como é praxe entre nos.Por tudo isso torna-se dificil aceitar um sistema de jogo que anule nossas principais qualidades,e que force a todos cooptarem atitudes e comportamentos extranhos à nossa natureza criativa e improvisadora.Um sistema,qualquer um,que utilize dois armadores,em muito qualificaria as ações de alas e pivôs,pois priorizariam suas qualidades de velocidade e raciocínio ante reações do oponente,o que somente seria possivel com a movimentação de TODOS os jogadores, antítese do que expús no inicio do artigo,quanto a imobilidade dos mesmos ante uma ação isolada do pivô.Enfim,podemos concluir que fundamentos é necessidade e obrigação de todo jogador,seja em que posição atuar,que estatura tiver,que categoria pertencer, do mirim ao adulto,de seleção estadual a nacional,dentro ou fora da temporada.E que também seja necessidade e obrigação dos técnicos o ensino dessas técnicas,pois ao contrário,bem ao contrário do que alguns apregoam,jogadores SEMPRE podem ser corrigidos e ensinados, a não ser que não saibam corrigir e ensinar,o que não duvido muito,perante o que nos é dado observar na atual realidade de nosso basquetebol.Esse é o nosso VERDADEIRO problema,pois como Federações,CBB e NLB,cujas existências sempre estiveram,e estarão presentes no dia a dia do desporto nacional,com seus bons e maus dirigentes,nossos técnicos involuiram perigosamente no tempo,e como dirigente não forma nem dirige tecnicamente jogadores,cabem àqueles a verdadeira missão de fazê-lo. E por não cumprirem esse papel,é que nos encontramos na atual situação.Ao assumirem tal responsabilidade,mudarem padrões e sistemas,trabalharem arduamente os fundamentos teremos de volta nossa verdadeira posição de destaque no cenário mundial.Muito além das pendências entre CBB e NLB,a grande modificação terá de ser estabelecida DENTRO das quadras,pois é de lá que emergem aqueles que jogam o jogo.Escrivaninhas,cofres e politicas de terceira categoria não fazem nem evitam cestas,e se estas estão por fazer e serem evitadas,sabemos bem quem são os culpados.O resto é conversa fiada.
12 Comments:
Ótimo teexto, estava procurando algum texto desse tipo relacionado a pivô, parabéns.
Infelizmente não me é permitido agradecer e dialogar com alguém que não assina seu comentário,sendo inclusive praxe não publicá-los aqui no blog.Faço esta excessão não pelo elogio, e sim pela oportunidade de ter ajudado num trabalho ou estudo.
Paulo Murilo.
Belo Texto .. Mais precisa ser menos Orgulhoso ,
Você não é tão bom assim pra estar postando aqui em um BLog, enquanto podia estar postando uma propria Coluna sua em um Jornal ou Revista .
Baby Rox
Prezada Baby, orgulhoso eu? Meus deuses, sempre acreditei exatamente o contrário. Quanto a escrever uma coluna em jornal, me aponte um sequer que admitiria a completa independência que exerço aqui nesse humilde blog? Quer a resposta? Nenhum. Um abraço, Paulo Murilo.
Dhyogleison dos Santos Sousa.
Eu não sou um jogador profissional, mais estou em busca de aperfeiçoamento, felismente ou infelismente eu estou sendo muito cobrado por ser um pivo, estou tentando melhorar, mas não estou conseguindo alguem para me ajudar, muitas vezes dentro de quadra ali jogando, eu ouço alguns companheiros meus de time me criticante e dizendo o que eu tenho que fazer, mais o que poucos entendem é a dificuldade de ser pivo, a cada bola que eu perco eu ouço:-SEGURA A BOLA, SEGURA A BOLA. Mais naquela briga incansavel pela disputa da bola, poucos entendem como é pular em meio a varios jogadores e segurar a bola para poder tocar, daqui a algumas semanas irei para um jogo decivo, será uma regional, espero conseguir melhorar para não decepcionar os meus companheiros de time. Agradeço pelo seu texto e por suas opniões que você expressa nele, quem dera se todas as pessoas pensassem assim, mais fazer o que nos vivemos nesse mundo de poucas oportunidades, em que cada chance não pode ser desperdiçada e sim agarrada com toda a força possivel!!!
Correção tardia mas necessária-No segundo comentário grafei excessão quando o correto seria exceção.Me perdoem. Paulo Murilo.
Prezado Dhyogleison, você não imagina o quanto desejaria ajudá-lo nos treinamentos, e sinto mais ainda não poder fazê-lo. Mas dou uma pequena dica que pode ajudá-lo bastante. Sempre que conseguir um rebote ofensivo, gire no ar 180 graus,caindo de costas para a cesta, pois dessa forma você poderá exercer uma das três funções básicas de um jogador de posse da bola, driblar, passar ou arremessar, o que o tornaria bastante efetivo para a sua equipe.Treine bastante esse giro lançando a bola na tabela ou mesmo no aro, e ao dominar a bola gire simultâneamente o corpo para cair de costas para a cesta.Dai em diante simule uma das três possibilidades possíveis. Um abraço,e sucesso em sua luta não tão solitária assim, pois torço por você.Um abraço,Paulo Murilo.
Muito obrigado, vou treinar bastante com base nas dicas que você me deu, espero melhorar e me aperfeiçoar a cada treino, um abraço.
Ola senhor Paulo murilo,estou aqui p-ara pedir uma dica,o meu caso é quase igual ao do dhyogleison,eu sou pivo do meu time tenho agora 16 anos e 1,97 de altura.Mas na hora de se posicionar nao me dou muito bem,pois os caras ate q sao menores do que eu mas parecem q sao mais fortes,pois sou magro,ai eles pegam no meu pé.Mas lhe escrevo para pedir uma dica,queria ser muito um ala,mas els falam q seu meio lento entao nao consigo ficar nessa posiçao.o que vc acha?teria como eu ser um ala com algum tipo de treinamento ou vc acha melhor eu ser pivo msm?
atenciosamente.
caio
bebedouro sao paulo.
Olá Paulo Murilo,gostaria de agradeçe-lo pelo maravilhoso texto postado acima.Eu sou pivô,so que sou iniciante ainda,fico perdido no que devo realmente fazer tipo me sinto muito solitario sendo um pivo.Pois pego pouco na bola,e por ser iniciante meu professor usa a formação 2:1:2 e fico meio chateado pois quando pego um rebote a galera já fica falando larga a bola larga a bola,para eu não sair driblando até o a area adversaria ai eu simplesmente tenho que fazer o passe e correr para o garrafão e esperar algum inteligente me dá o passe. É muito triste isso,se possivel me de umas boas dicas de inicantes. Abraço!
Prezado Caio, a tempos não reviso este blog, substituido pelo www.paulomurilo.com a bastante tempo.Por isso não respondi seu comentário, desculpe.
A dica está contida no próprio artigo, quando sugiro que o treinamento de todos os fundamentos deve ser o mesmo para todos, armadores, alas ou pivôs, pois desta forma, nivelados tecnicamente, podem optar pela posição que melhor produzir. Logo Caio, treine-os muito e muito, do drible às fintas, do arremesso aos rebotes e passes, todos, e verá que muito antes do que imagina estará jogando melhor e numa posição mais vantajosa, independendo sua altura ou peso. Que tal um armador de 1,95?
Vá em frente, sucesso e coragem.
Um abraço, Paulo Murilo.
Prezado Natinho, leia o comentário que faço acima dirigido ao Caio, e faça dele o seu proprio comentário e resposta minha. São casos idênticos, como idênticos à maioria dos pivôs iniciantes em todo o país, que não são incentivados à pratica de todos os fundamentos, e somente a uns poucos, pretensamente os para pivôs. Não aceite tal tratamento e treine duro como os demais, sejam armadores ou alas, e procure ser melhor que eles. É possivel? Claro que sim, basta tentar e perseverar, com coragem e disciplina. Sucesso para você. Um abraço, Paulo Murilo.
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