Basquete Brasil
Discute a atualidade da modalidade no Brasil, e suas implicações a um possível soerguimento técnico.
16 setembro 2006
TROPICALISMO
Elas chegaram pelo norte do país, numa aventura digna de novela, detidas pela imigração por falta de vacinas, já que estiveram treinando e jogando na Martinica e na Guiana Francêsa, zonas com incidência da Febre Amarela. Perderam a primeira partida por ausência, mas chegaram poucas horas antes da segunda, quando venceram com folga e determinação. Observou-se que sua comissão técnica trajava bermudas, mas as jogadoras ainda ostentavam suas peles alvas como neve, o normal em seu país próximo ao círculo ártico. Ficou bem claro que mesmo estando no paraíso antilhano, não puderam se beneficiar das belas e ensolaradas praias do local. Mas, ontem não resistiram, e em pleno mundial se foram para o Guarujá de encontro ao que inexiste em seu país, o calor e o sal morno de uma praia tropical. Todo brasileiro praiero, principalmente os cariocas, conhecem bem o que venha a ser leseira, aquele estado semi-catatônico que se instala num corpo tostado pelo sol em início de temporada de férias. E se a pele estiver a longo tempo sem se expor ao sol, aí é que a leseira se instala com vontade. O processo de desidratação e queima epidérmica prosta e exige reparação demorada. E as lituanas,antes alvas, vão para o jogo bronzeadas e literalmente prostradas do 3º quarto em diante. Deu pena ver aquelas excelentes jogadoras se arrastando atrás das velozes brasileiras, que mesmo cometendo os erros contumazes, se viram livres da energia que suas adversárias esbanjaram nos jogos anteriores. E se não se cuidarem na reposição adequada dos eletrólitos perdidos, poderão sentir o peso de uma tentação irresponsável dentro de uma competição deste nível, e cujo culpado estava lá hoje dirigindo uma equipe travada, mas trajando seu referencial tropicalista numa exuberante bermuda verde, contrastando com seu newlook bronzeado. Engraçado, que somente ao faltarem 2 min. para o término da partida, é que um repórter de campo mencionou a farra da equipe lituana, fato rápidamente comentado pela Hortência no encontro dos comentaristas após o jogo, e que não suscitou de nenhum deles o mais leve comentário, numa atitude de minimizar, e mesmo negar que tal fator não tenha facilitado a vitória brasileira. Mas facilitou, e muito, pois nossa equipe apresentou as mesmas e já corriqueiras deficiências, principalmente defensivas, e que não foram aproveitadas pelas lituanas pelas razões omitidas pelos abalizados comentaristas. Por tudo isso, me preocupa o jogo de amanhã contra as australianas, que mesmo vindo de suas mundialmente famosas praias, aqui aportaram para competir à sério, sem se renderem aos encantos, nem sempre vantajosos de um éden tropical. E contestando aquele comentarista que perante à menção da farra lituana feita pela Hortência, respondeu dizendo-"Isso, foram à praia no Guarujá e tomaram um chocolate aquí", lastimo que tamanho erro da excelente equipe lituana, tenha privado a nossa equipe de realmente testar seu progresso e apuro, num jogo para valer, dentro de um campeonato que exige tais duelos, fundamentais para embates futuros e decisivos. Foi uma vitória que deve ser levada com reservas, já que técnicamente frágil, e em condições um tanto irreais, e que podem dar a falsa e perigosa idéia de que atingimos um patamar vencedor, o que não coresponde à verdade dos fatos. Se colocarem os pés realmente no chão, poderemos jogar bem próximo das fortes equipes que ainda teremos de enfrentar.
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