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Prof.Paulo Murilo 

07 setembro 2006

LIDERANÇAS

Mundial terminado, nossa seleção nos últimos postos, e a proximidade de um pré-olímpico que classificará somente duas equipes para os Jogos Olímpicos, entre as quais os Estados Unidos, a Argentina, Porto Rico, Canadá, Uruguai, Venezuela e nós. É uma situação extremamente difícil, assim como mais difícil ainda a classificação de nossa equipe. Tudo fruto do verdadeiro massacre técnico-administrativo que nos impingiram nos últimos 20 anos. Da última eleição para a CBB até os dias atuais, alguns esporádicos movimentos federativos de oposição, e um pequeno grupo de jornalistas, em sites, blogs e uma coluna jornalística que resistiu até pouco tempo atrás, foram, e estão sendo, as únicas vozes discordantes e combativas no limbo em que transformaram o basquete brasileiro. Muitas são as necessidades que se impõem ao nosso basquete, e uma delas, talvez a mais importante no aspecto técnico, é a total ausência de lideranças entre os técnicos. A inexistência de associações regionais de técnicos, e de uma associação nacional que as integrassem são produtos dessa ausência. Nos países que lideram o basquete internacional, as associações de técnicos exercem papel preponderante para o progresso técnico de suas federações e equipes nacionais, pela interação conjunta de seus trabalhos, estudos e pesquisas. O progresso de um, sendo o de todos, propicia progresso e continuidade, chave do bom trabalho. E os lideres dessas associações eram os técnicos de maior renome em seus países, cujas lideranças motivaram a criação das mesmas. Em nosso país, os grandes e prestigiados nomes , alguns com forte apôio da mídia, jamais, e em tempo algum se manifestaram na defesa e na criação de associações de técnicos. Hoje, alguns deles vêm a público defender as inexistentes associações, resultado de suas omissões. Foram e são técnicos importantes na história do basquete nacional, mas que sempre se preocuparam em ocupar e defender um mercado restrito na divisão principal não se importando com a base, e muito menos com a formação de novos técnicos, futuros e eventuais proponentes a seus cargos. O abandono desses segmentos, base e formação, nos levaram ao estágio que ora ocupamos no concerto internacional, perdendo posições inclusive, no continente sul-americano. Somem-se aos desmandos de federações, em concluio com a CBB, no que se referem aos mencionados segmentos, e temos um fiel retrato da situação vigente. Tudo de uma previsibilidade contundente, mas que para essa turma "foi bom enquanto durou, e ainda durará", até que a vergonha nacional os espurguem do caminho não trilhado, traído, esbulhado e irremediavelmente perdido. Mais uma vez ficaremos longe de uma Olimpíada, contrariando as cínicas afirmativas de dirigentes destituidos de ética, e vergonha na cara. Sinto que não estou sozinho nesta indignação visceral, de quem ama profundamente o grande jogo, e que testemunhou através os últimos 45 anos o quanto é formidável na educação de jovens, no preparo de cidadãos e no olimpo de grandes atletas. A todos eles reverencio suas lutas, sacrificios e, na grande maioria dos casos, suas silenciosas, porém vitoriosas caminhadas. Os grandes líderes, os verdadeiros, não se impõem através conchavos políticos ou coberturas de midia, mas eclodem pelo duro trabalho, pelo estudo, pelo talento, pelo voto de seus pares e comandados, pelo resultado de seus jamais finitos trabalhos, cuja continuidade é legada às gerações que o sucederão, e que reconhecerão quão fundamental foram suas mensagens, ensinamentos, e basicamente, seus exemplos. Sei que eles existem, sinto-os presentes neste momento de definição e decisões. No entanto, é preciso que os tornemos ativos, dando aos mesmos o apôio necessário para que exerçam suas lideranças, e para que essa realidade se torne verdadeira lanço um grande desafio a todos os basqueteiros de nosso país, reunam-se, discutam e debatam com ardor, em busca de soluções, através idéias, projetos de cunho regional, e verão que as lideranças ocorrerão naturalmente. Estou propondo que o façamos aqui no Rio, e quem sabe ouviremos ecoar no restante do país o grito visceral-CHEGA DE EMBUSTE. Amém.