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Prof.Paulo Murilo 

27 fevereiro 2007

"MOMENTOS..."

Fazia muito calor em Rio Claro, e o jogo marcado para às 13 horas com a equipe do Minas antevia um transcorrer de jogo sacrificado e extenuante. E não deu outra, foi maldade pura para com os jogadores. Como o clima não ajudava previa-se um ritmo pausado e econômico em energias, para que restasse algum gás ao final do jogo. Mas não foi o que ocorreu, já que as equipes optaram pela grande velocidade inicial apostando qual delas sucumbiria primeiro à canícula. E sucumbiram, as duas, pois o que se viu daí para diante foi a mais devastadora sucessão de erros de fundamentos a que jamais assisti. E o pior, os técnicos não abriam mão da errada escolha que fizeram ao acelerar o ritmo do jogo. O que se viu de arremessos de três pontos inoportunos e desequilibrados foi uma festa, assim como as perdas seguidas de bola nos dribles e nos passes. Defesa então nem pensar, já que travados pelo cansaço e pela lenta reação mental, pouco ou nada poderiam fazer. Pequenas e médias diferenças no marcador pouco representavam ante a avalanche de erros de ambas as partes, até que, na fase decisiva da partida um dos técnicos, mais perdido que seus jogadores sai-se com essa pérola: “ Basquete é feito de momentos! Estamos perdendo o nosso!” E eu que sempre pensei que basquete fosse feito de jogadores com bons fundamentos, em equipes bem treinadas e dirigidas, antecedendo situações que possam, ou não, beneficiar o time, quando empregarão o que treinaram e ajustaram antecipadamente. Mas não, na ótica do técnico em questão, para o qual “momentos” definirão quem perde e quem ganha, independendo da qualidade de seus jogadores e de seus adversários, um verdadeiro draw poker, onde o blefe é arma poderosa. Os tais “momentos” já vão se tornando lugar comum em nosso dia a dia técnico, e já constatamos desculpas, tais como-“o nosso momento não aconteceu”, ou “não soubemos aproveitar o momento”, ou melhor ainda-“estamos em um mau momento”. É como se eles, os “momentos”, oscilassem entre uma equipe e outra, aleatoriamente, ao sabor da vontade dos deuses, ou como numa perversa loteria, em que nem sempre o melhor é aquinhoado.

Falta-nos doses maciças de humildade e bom senso, de técnica, de estudo, e de uma verdadeira concepção do que venha a ser o preparo eficaz e inteligente de uma equipe. Já é hora de se dar um basta em códigos de sinais, em punhos, polegares, mão na cabeça, signo metaleiro, e outras aberrações que predispõem as equipes em formações que não levam a lugar nenhum, a não ser ao encontro dos tais e fugidios “momentos”, a mais nova panacéia da incompetência reinante.

O jogo chegou ao fim, e o menos desgastado,o Rio Claro, venceu se arrastando em campo, apesar do mágico “momento” ter estado ao lado de seu oponente em duas ocasiões, na opinião de seu técnico.No meu humilde ponto de vista só houve um real momento nesse jogo, aquele ansiado por todos os jogadores para que ele terminasse o mais rápido possível. Pior não poderia ter sido, o tal “momento”...

4 Comments:

At 8:36 AM, Blogger idevan said...

É incrível se marcar um jogo nesse horário em pleno verão. Como se nossos ginásis fossem climatizados...
Tudo para atender os interesses comerciais. Não acho errado atendê-los, mas é preciso ter estrutura para atendê-los.

 
At 5:35 PM, Anonymous Anônimo said...

E haja interêsses nisso caro Idevan,e que não são a favor do basquete.Vida que segue.Paulo Murilo

 
At 2:15 AM, Anonymous Anônimo said...

Caro Professor,visto que posto aqui sempre que possivel,
não sei se o senhor lembra,mas foi em um confronto entre Minas e Rio Claro,
em Belo Horizonte,que me retirei do ginásio como um amigo,tamanha a quantidade de erros infantis na partida.Foram tantos que não aguentamos e saímos do Ginásio da Rua da Bahia em BH.

Enfim,passaram uns 6 meses e pelo visto,nada mudou por aquelas bandas.

Abraço !

 
At 12:57 PM, Blogger Basquete Brasil said...

E nesses 6 meses garanto que as pranchetas funcionaram como nunca.Haja coreografias!Quanto aos fundamentos...Bem, isso é para os teóricos.É isso aí caro Henrique.Um abraço, Paulo Murilo.

 

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