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Prof.Paulo Murilo 

31 março 2007

CÚMPLICES DO CAOS.

Nos últimos meses muito se tem dito e escrito sobre o futuro da seleção brasileira nos próximos compromissos do Pan e do Pré-Olímpico. A numerosa comissão técnica afiança que a equipe brasileira disputará os dois torneios com sua força máxima, inclusive com os vultosos seguros garantidos e as verbas para pagamentos asseguradas. Não será por falta de dinheiro que a seleção não se apresentará completa. Mas, será que tal prognóstico representa a verdade? Teremos os grandes astros vestindo, enfim, a gloriosa camiseta? Ou, tudo não passa de fogos de artifício iluminando com suas cores o imaginário do torcedor comum, do articulista

de primeira viagem, do cronista empolgado, ou mesmo, do mais empedernido macaco velho de plantão? Sem duvida o macaco velho já viu todo esse colorido em outros carnavais, e dificilmente se deixará levar por tais leviandades. Já se discutiu dos porquês da negativa sistemática do Nenê, assim como das grandes dificuldades que nossos jogadores terão para se desvincularem de suas equipes da NBA, quando das épocas das competições, passando pelos básicos seguros, as gratificações pecuniárias, até seus relacionamentos com a comissão técnica. Claro, que o fato de vestirem o uniforme brasileiro, perante tantas prioridades discutidas, analisadas e bem pesadas, fica um tanto fora das grandes discussões e mencionadas prioridades, a não ser por um minúsculo pormenor, quase invisível, inaudível, até certo ponto ridículo, o fato de que tal uniforme, mesmo desacreditado e humilhado pela incúria das últimas lideranças, ainda pode servir de vitrine para catapultar candidatos à estrelas nos cenários milionários da NBA e dos grandes clubes europeus. Em uma entrevista dada ao Denver Post de ontem, transcrita pelo site Globosport.com>Basquete, o jogador Leandrinho do Phoenix Suns, assim se refere ao jogador Nenê que se nega jogar pela seleção-“Ele não quer ir.

Eu disse a ele que agora não é preciso pensar no que é certo e no que é errado. Temos que ir lá e jogar basquete, garantir vaga nos grandes torneios e pensar nos amigos que estão no Brasil à procura de uma oportunidade para jogar. Precisamos ajudar esses caras. E a única forma de ajudar é jogando pela seleção e levantando o basquete brasileiro”.

E pensar que num passado nem tão distante assim, jogar pela seleção era o ápice que qualquer jogador poderia aspirar, se orgulhar, se comover, sentindo-se cidadão e exemplo para os jovens desse infeliz país. Hoje, serve de vitrine na promoção de amigos e apaniguados, inclusive seus numerosos técnicos, que abdicam de suas lideranças em concluios visando dirimir e aparar divergências, numa perigosa e comprometedora inversão de valores, como a declaração do jogador Marquinhos ao mesmo site-“O Lula me ligou, e botamos um ponto final na história”. Ou seja, um dos técnicos da comissão liga para um jogador dissidente e acerta uma posição que deveria percorrer o caminho inverso, pois comando é via de mão única, garantia de isenção e postura decisória. Exatamente pela falta quádrupla desse posicionamento, que determinados jogadores se colocam como xerifes e lideres de um grupo fechado, opinando inclusive sobre normas comportamentais de quem deve ou não jogar pela seleção.

Creio que não devemos mais perder tempo na procura do que ocorre de errado no âmago de nossa seleção. Falta-nos os mais primários princípios que regem a atividade coletiva, ou sejam, liderança, conhecimento, competência, doação e por que não, por que não, patriotismo, sentimento que se sente cada vez mais impotente ante a avalanche de dólares e euros correndo e escorrendo por entre os dedos de alguns poucos jogadores e seus sagazes e frios empresários, para os quais globalização não pode ser freada ou tocada por sentimentos inferiores. Se passássemos a ver o desporto com os olhos esperançosos de um povo educado e culto, a crueza da globalização até poderia coexistir com os sentimentos de nação. Mas essa é uma história que ainda teremos de escrever. Até lá, o posicionamento do Leandro, do Nenê, da comissão técnica e dos dirigentes é que definem o nosso malfadado presente.

2 Comments:

At 11:51 AM, Anonymous Anônimo said...

Caro Professor,se não me engane a também promessa na NBA de bom basquetebo,o sérvio Darko Milicic jogou o Mundial do Japão ano passado e provavelmente poderá atuar pela sua seleção,seria a diferença drástica entre o estudo,a reflexão,a auto crítica e porque não,a vontade de representar a pátria ?

Enfim ... é muito estranho tudo isso,
se Nene fizesse o simples e colocasse o dedo na ferida realmente,poderia aí sim causar impacto,porém ele não é idolo no seu país e até me pergunto que ele representa pro nosso basquetebol.

Guga,exemplo sempre citado pelas críticas anos atrás à CBT,além de ídolo,conseguiu ser lider e mostrar a realidade do tênis.

Enfim,triste de nós de depender de vontades pessoais de uma meia dúzia de atletas para resolver nossa péssim a situação,em termos de resultados,para ficar somente neles,com a seleção.

 
At 2:41 PM, Blogger Basquete Brasil said...

Henrique,a situação nunca esteve tão grave.É como se jogadores,técnicos,
dirigentes,e até muitos jornalistas,
somente tivessem olhos para o eldorado do norte.Como se os milhões de poucos exeqüibilizassem os sonhos de todos,e que a salvação do nosso basquete inexoravelmente virá de uma seleção com formação exógena, não importando as condições e contrapartidas.Numa ambientação desse porte não existem espaços para amor pela pátria, ou mesmo pelo esporte em sí.Business is business.E ai afundamos todos.
Até nesse ponto crucial nuestros hermanos do sul continuam a nos dar severas lições.O pior é que não aprendemos. Um abraço, Paulo Murilo.

 

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