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Prof.Paulo Murilo 

22 março 2007

NENÊ RIDES AGAIN...

E ai está o Nenê de volta, não para jogar pela seleção da qual afirma sentir falta, mas para condicionar tal participação após ocorrerem mudanças no comando do basquete nacional. Na reportagem no O Globo de ontem, comenta-“Sinto a necessidade de apontar o que está errado. Sinto falta de jogar pelo Brasil. Falaram muito sobre mim, houve especulação, mas sinto saudade, sou brasileiro e nunca virei as costas para o meu país”. Mais adiante continua-“Está mais do que na hora de se fazer a autocrítica e tentar salvar o basquete. Temos bons jogadores, potencial e público. Basta que os que comandam se mexam, conversem e resolvam os problemas. Que deixem a vaidade de lado, para o esporte retomar seu caminho e crescer, antes que seja tarde demais”.Acrescenta mais-“ O mundo inteiro joga basquete, em parte, como conseqüência da internacionalização da NBA.A liga começou a abrir espaço para os estrangeiros quando viu que havia basquete fora dos Estados Unidos, e quando viu que todos estavam jogando e que havia qualidade”. E finaliza-“A diferença é grande entre o Nenê que chegou e o Nenê que está hoje na NBA, não somente física, mas de amadurecimento. Na NBA, ou você é profissional ou não vai longe. Precisa mostrar resultados, mostrar serviço todos os dias”. Em síntese, este é seu o posicionamento, justificando o distanciamento da seleção para o Pan, e também para o Pré-Olímpico.

Comentemos um pouco acerca de tais declarações. De alguma forma Nenê deve sua projeção à seleção, pois foi num Goodwill Games na Austrália que despertou interesse nos olheiros americanos. Foi para os Estados Unidos como um ala-pivô de grande mobilidade e velocidade, habilidades estas destacadas por um físico atlético excelentemente equilibrado, e por isso, com as articulações bem dimensionadas às exigências de sua posição. Lá, desvirtuaram suas características, e por conseguinte seu físico, tornando-o um brutamontes para o exclusivo jogo under basket. Deu no que deu, suas articulações não suportaram o esforço e se romperam, e o pior, deixou-o à meio caminho entre ser um ala, ou um pivô de choque. No processo de engorda, negou-se a participar em seleções, já que o preparo eram em pré-temporadas, onde o acúmulo de proteínas, vitaminas e outras inas, são um lugar comum ao acesso restrito e doloroso à maior mina desportiva do mundo, onde os milhões se contam para mais dos 20 dedos que compõem o corpo humano. O outro pivô, Baby, não tomou os devidos cuidados nos prazos de validade e efeitos dos tais aminoácidos, e levou uma suspensão de dois anos da FIBA. Na quarta temporada, recuperado da séria cirurgia, 17 kg mais magro, e por isso atenuando bastante os esforços nas articulações dos joelhos, e atuando, por estar mais veloz, como um ala-pivô, vem fazendo jus aos 60 milhões de dólares de seu contrato. Em sua ótica de menino pobre do interior, nada que possa vir a ameaçar seu atual posicionamento deve ser esquecido, inclusive, e mais do que relevante, arriscar seu tênue equilíbrio físico-mental, em uma competição que possa por em risco o que alcançou com tantos sacrifícios e renúncias.

Mas, sempre o mas, como se situar perante a opinião pública de seu país, aquele que afirma amar e nunca esquecer, e até sentir saudades de jogar pela seleção? Pessoalmente, ou assessorado, não importa a forma, a saída, muito boa saída, é o ataque à administração caótica da CBB, com alguns rasgos de apôio aos outros jogadores e jogadoras que se antepõem a tal situação, principalmente quanto aos seguros e diárias não pagas, assim como as não tão veladas críticas à comissão técnica da seleção. Quanto às demais observações de caráter administrativo, até mesmo de política desportiva, cai no lugar comum de que tudo está errado, e que os verdadeiros desportistas deveriam abrir mão de suas vaidades e se unirem para a salvação do basquete brasileiro. Só uma ressalva, nenhum dos que aqui estão, dentro, ou fora das quadras, sequer sonham em se aproximar do que ganha para alimentar suas também vaidades, como os penteados, uniformes de grifes, e emissão de pontos de vista que nem de longe pensa em praticar, pois ao tentar fazê-lo poderia por em risco o que amealhou com seu trabalho nos últimos 3 anos. Seus argumentos, mesmo superficiais dialeticamente falando, se tornam poderosos na medida que adiam sine-die todo e qualquer posicionamento definitivo. Querem culpados pela atual situação do basquete brasileiro? Procurem e queixem-se ao mais próximo bispo de plantão. E quando o tal bispo escutar, auscultar e resolver a questão estarei pronto para envergar a gloriosa jaqueta verde amarela do meu amado país, milhões à parte e garantidos.

That’s the question.

PS- A internacionalização do basquetebol foi garantida desde a sua criação no seio da ACM, organização que levou aos mais recônditos lugares do planeta o grande jogo e sua mensagem coletivista. Se os americanos custaram, por teimosia e isolacionismo(vide as regras), reconhecerem sua existência out murals, é outro negócio, e que negócio!