Basquete Brasil
Discute a atualidade da modalidade no Brasil, e suas implicações a um possível soerguimento técnico.
02 maio 2007
NA TERRA DE DOM BOSCO.
Ginásio repleto, 26 mil assistentes, num recorde admirável para os padrões brasileiros. Foi a prova inconteste do amor que o basquete ainda desperta em nossa sofrida gente, e que a turma de Brasília ainda resguarda a chama do esporte como fator de congraçamento social. Vivi quatro anos naquela cidade e bem sei do quanto amam o desporto. A epopéia para a montagem do ginásio após um show de rock na antevéspera, determinou os caminhos para o sucesso do jogo, num elogiável trabalho de equipe, com o Pedro Rodrigues dando os rumos do mesmo.
O jogo, como esperado, não originou grandes sobre-saltos a equipe da casa, pois o Flamengo, sem seus dois armadores titulares pouco poderia apresentar de concatenação técnica. Brasília, jogando com dois, e até três armadores simplesmente desconheceu o adversário, provando de uma forma definitiva que o exemplo oriundo do time de Franca, já encontra eco nas melhores equipes do país, nas quais se fazem presente uma acentuada e bem vinda melhora nos fundamentos do jogo pela presença dos mesmos, apesar do decréscimo na estatura das equipes. O inusitado, é que nenhuma das equipes mudou seus esquemas de jogo, somente qualificou-os com jogadores mais técnicos nos fundamentos, o que reduziu drasticamente o jogo de passes, em função do aumento do controle de bola e das fintas incisivas. Infelizmente, os pivôs ainda vêm para fora do perímetro tentarem executar canhestramente os corta-luzes, invariavelmente faltosos, numa falta de sensibilidade tática que chega a ser tocante pelo primarismo. Se dois dos armadores, jogando mais próximos os tentassem, os pivôs voltariam a atuar onde são realmente eficientes, próximos à cesta.
Numa segunda etapa a essa evolução, teremos, obrigatoriamente, de qualificar tecnicamente nossos alas e pivôs nos benditos fundamentos do jogo, e para tanto, além de novas (não tão novas, talvez relembradas) didáticas, terão os técnicos de plantão de se convencerem de que adultos, e mesmo veteranos, sempre poderão aprender e apreender novas técnicas, bastando para tal, que sejam orientados por gente competente e que realmente domine a essência do jogo. Técnico de prancheta e de esquemas tipo desembrulhe e use, jamais entenderá tal importância.
Por outro lado, os técnicos e professores responsáveis pela formação, terão que reformular alguns de seus estratificados e colonizados conceitos, para guinarem na direção do ensino profundo dos fundamentos para todos os jogadores, independentemente de funções e estatura, desde o mini, até seu ultimo dia como atleta de competição. Somente após essa profunda guinada, é que poderemos nos situar no avançado campo das táticas e das estratégias de jogo, já que estaremos possuidores e dominadores do passaporte para a excelência nos sistemas, o domínio dos fundamentos. Um bom caminho ainda teremos de trilhar, caminho este que deveria passar ao largo de clinicas voltadas única e exclusivamente ao processo de continuísmo da retrógrada turma que se instalou,como um feudo perpétuo, uma capitania hereditária de triste e continuada existência.
Alguns estados, meritoriamente, ensaiam a criação de suas associações de técnicos, fator primordial para nossa evolução no grande jogo. Com a existência das mesmas, num razoável tempo a criação e formulação de uma associação nacional daria amalgama a todas as outras, mas somente após a existência, organização e continuado trabalho das estaduais. Uma associação nacional antecedendo o trabalho e a importância das associações estaduais perverteria o cerne do trabalho associativo, onde o caráter regional tem de ser estudado, pesquisado e devidamente implantado. Qualquer tentativa de criação de uma associação nacional, mormente se patrocinada pelo órgão diretivo da modalidade no país, colocará por terra todo e qualquer esforço de democratização, desenvolvimento e implantação de novas políticas comportamentais, técnico-taticas, e principalmente, éticas.
Por tudo isso, foi uma maravilhosa experiência a que foi vivida em Brasília, enchendo-nos de esperanças em dias melhores para o nosso tão sofrido e maltratado basquetebol. Amém.
2 Comments:
Caro professor, não estava acreditando, mas a mudança está ocorrendo. Já são 3 as equipes de ponta que estão fugindo do padrão nacional: Franca, Assis e Brasília. O Flamengo venceu o estadual também jogando com 2 armadores (mas hoje não é equipe de ponta.
Será que a nossa seleção seguirá esta tendência até o mundial??? Acho muito difícil.
Idevan,como vê,"água mole em pedra dura...".Aos poucos faz-se a luz,pois até a noite austral tem um fim.Mas não nos iludamos,a douta comissão sequer analisará tal possibilidade.São cabeças duras demais. A não ser que,por uma premente necessidade de"não largar o osso", mudem também.Mas mudanças sem convicção não levam a lugar nenhum, e por isso não acredito que evoluamos com tais lideres.Um abraço,
Paulo Murilo.
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