Basquete Brasil
Discute a atualidade da modalidade no Brasil, e suas implicações a um possível soerguimento técnico.
13 abril 2007
DIFÍCIL ANÁLISE.
No atual estagio do basquete brasileiro, torna-se muito difícil qualquer comentário sobre jogos, tanto do campeonato nacional, como do paulista, dada a similitude das equipes em seus sistemas de jogo. Por isso, quando uma equipe emerge do marasmo total, torna-se logo o motivo de varias discussões e conjecturas. A equipe de Franca, talvez tenha sido a única a apresentar algo de novo, algo que representasse uma ruptura ao lugar comum. Publiquei alguns artigos divulgando e elogiando as boas novas, os bons ares e as esperanças que a equipe francana nos trazia, não só pelas vitórias, mas principalmente pela ousadia da proposta. Jogando com dois armadores, e até três, superou a decorrente perda de estatura da equipe, dotando-a de muita velocidade, presteza nos dribles, nos passes e nos arremessos equilibrados, assim como obteve um acréscimo substancial na capacidade defensiva, baseando-a também na velocidade, propiciando uma eficiente defesa linha da bola,freqüentes retomadas,com conseqüentes contra-ataques. Mas o preço de estar disputando três competições simultâneas tem sido muito alto, onde o cansaço se faz presente com intensidade, como foi observado no terceiro jogo da decisão, onde praticamente a equipe se afundou vitima do mesmo. Quando os reflexos se embotam pela falência mental, pouco ou quase nada pode ser feito, ainda mais sem contar com um banco fornido e a altura dos titulares.
Mas no jogo dessa noite a equipe de Franca renasceu das cinzas, e mesmo se utilizando de 6-7 jogadores soube administrar uma equipe com muito bons jogadores, porém presos aos princípios pétreos do sistema único de jogo implantado de norte a sul do país. Bastou a equipe de Franca atuar no quarto final num posicionamento defensivo antecipativo, para manter a pequena, porém lúcida diferença de pontos que a levou a vitória, mantendo sua oportunidade de decidir a classificação às finais em seu ginásio, e com três armadores e dois ágeis pivôs em quadra. Acredito que chegarão às finais com Assis, numa serie de jogos que definirão se suas mudanças técnico-táticas se constituirão, daqui para frente, em algo que devam ser seguidas por outras equipes brasileiras, que não pelos conteúdos apresentados, mas pela coragem de romper com conceitos estratificados e corroídos pela inexistência da busca pelo novo, pelo inusitado, pela esquecida e corajosa arte de criar. E torno a repetir, mudanças estas patrocinadas por um dos técnicos que mais contribuíram para a implantação entre nós dos famigerados”conceitos modernos do basquete internacional”, o terrível passing game. Suas mudanças conceituais merecem reconhecimento e respeito, pois prova que tais “conceitos” podem ser suplantados pelo bom senso e pela busca da síntese do jogo, o grande jogo. Honestamente torço para que possa levar a bom termo seu bom trabalho, mesmo que não premiado com títulos.
3 Comments:
Caro Professor Paulo Murilo,a Seleção da Grécia utilizou no Mundial a formação com dois armadores principais ditando o ritmo do jogo certo ?
E desta forma,conseguiu ser,se não a sensação do torneio,um dos melhores basquetes que vimos nos últimos tempos.
Primeira pergunta,teria o Professor Hélio Rubens "copiado" esta formula de sucesso e adaptado à sua realidade francana ?
Segunda pergunta,como adaptar isso ao nosso basquetebol de base,que prefere os resultados nas categorias básicas ao bom basquetebol e ensinamentos corretos aos novos atletas ?
E mais,como inserir este sistema de jogo à Seleção Nacional Adulta,
local que temos,quando temos,
somente um armador verdadeiro na quadra e por várias vezes,não somente no Mundial Adulto,mas em qualquer competição,observamos a total falta de recursos humanos na posição de armador ?!?
Interessante o senhor,se possível escrever sobre isso,o porque de hoje não termos no nosso basquetebol,uma safra de armadores,
essencial para o basquetebol em qualquer nivel.
Prezado Henrique,sim, a equipe grega se utilizou de dois armadores puros,assim como a espanhola e a italiana.Hoje mesmo assisti na TV o Papaloukas dominar o jogo com o Maccaabi atuando pelo CSK,ambas as equiupes atuando com dois armadores.
Não,o técnico Helio Rubens não copiou os gregos,pois se utiliza de dois armadores,e até três,dentro do sistema padrão utilizado no Brasil.Como são mais habeis que os alas tradicionais agilizam o sistema e cometem menos erros de fundamentos,utilizando mais os dribles do que os passes,maquiando o sistema de PG.Não é nada inovador,mas um passo adiante às ações padronizadas das demais equipes.
No momento que adaptarmos algumas regras e comportamentos nas divisões de base,assunto que tenho discorrido em muitos artigos,o padrão de sistema único será automaticamente contestado,já que será quebrado o poder hegemônico do PG.
Quanto ao fato de inserir novos conceitos técnico-táticos nas seleções brasileiras, só serão possiveis com a saída em massa dos que lá estão instalados como donos das verdades e dos destinos do nosso basquete,lá estando por critérios políticos e jamais técnicos.
Aceito o repto.Escreverei a respeito em breve,prometo.Um abraço
Paulo Murilo
Obrigado Professor.
Vou comentar o próximo texto,porque consegui,enfim,ver o jogo Franca x Paulistano na tv !
Abração para o senhor !
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