Basquete Brasil
Discute a atualidade da modalidade no Brasil, e suas implicações a um possível soerguimento técnico.
13 maio 2007
O ANESTÉSICO DAS CONSCIÊNCIAS.
Imperdível a matéria publicada no O Globo de hoje, domingo, com a entrevista do Presidente da Agência Mundial Antidoping, Richard Pound concedida ao repórter Fábio Juppa, que em determinado trecho da mesma perguntou: “A NBA não dá um mau exemplo para o resto do mundo ao permitir que jogadores usem substâncias ilegais para a comunidade esportiva?” Assim respondeu Richard Pound: “Algumas ligas profissionais incrementaram seus programas antidoping nos últimos anos. Foram pequenos passos na direção certa, graças às pressões da mídia e do Congresso americano. Mas ainda devem muito ao que é esperado delas, e não há duvidas que essas ligas, incluindo a NBA, precisam fazer muito mais na luta contra o doping. Eles devem parar e se perguntar se querem o esporte livre das drogas ou não. E têm de mostrar aos jogadores que substâncias que melhoram o desempenho carregam riscos significantes, assim como a pena que podem pegar. É necessário desencorajar os jogadores a usá-las, além de aumentar as sanções”.
De longa data é sabido, e convenientemente escamoteado, o uso indiscriminado de substâncias estimulantes por muitos jogadores da NBA, principalmente nas pré-temporadas, onde as exigências contratuais baseadas em observações e performances nos campos de treinamento, forçam muitos deles a procurarem o suporte dopante a fim de se apresentarem dentro das exigências físicas e emocionais que os garantam nas equipes, com bons contratos de preferência. Dentro de um universo de interesses e de extrema competitividade, o uso de estimulantes e anabolizantes se tornou corriqueiro, a ponto de chamar a atenção dos órgãos governamentais ligados ao combate às drogas e do Senado, com suas CPI’s no campo desportivo. Dois dias atrás, a Comissão do Senado implicou dois dos mais renomados jogadores de beisebol pelo uso de anabolizantes, e que juntamente com jogadores da NFL, a liga do futebol americano, foram as primeiras modalidades a serem investigadas com rigor. A NBA, sem dúvida, será a próxima a ser investigada, o que alterará substancialmente o cenário competitivo da mesma.
Muitas deserções de jogadores estelares em competições da FIBA, encontrarão explicações plausíveis, muito ao contrário das desculpas de que não iriam às ultimas Olimpíadas em Atenas por falta de segurança, assim como em Mundiais. Poderemos compreender as mudanças radicais no físico de muitos jogadores, que num curto espaço de tempo se transformam em massas disformes e enormemente pesadas, pondo em real risco articulações, sistemas cardiovasculares e renais. Mas o peso dos muitos milhões de dólares tende a justificar tais mergulhos no escuro, em um mundo irreal e perdulário, onde interesses de empresários, agentes e grandes firmas lastreiam e comandam a vontade dos jogadores.
Desde que iniciei este blog venho alertando a todos os verdadeiros esportistas sobre o perigoso avanço do doping no meio esportivo, em particular no basquetebol. E jamais me arrependi de abordar este tema tão controvertido e teimosamente varrido para baixo dos tapetes daqui e os lá de fora. Trata-se de uma hipocrisia institucionalizada a serviço de grupos muito fortes e de princípios mafiosos, que movimentam milhões de dólares, em evidente contraste com os milhões de jovens que ainda vêem o esporte com pureza e ideais olímpicos.
A entrevista é esclarecedora e de importância vital para o desporto mundial, nessa luta desigual pela lisura nos campos desportivos. Vale a pena lê-la e guardá-la, para conferi-la daqui a alguns anos. Quem sabe poderemos manter os princípios das competições justas e democráticas. Quem sabe...
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