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Prof.Paulo Murilo 

18 abril 2008

INDESEJADO DESFECHO...

Tudo se encaminhava para um bom desfecho, já que a equipe do Flamengo, acertando em cheio sua escalação inicial com dois autênticos armadores e três homens altos dispostos a brigarem pelos rebotes nas duas tabelas, jogando no aproveitamento dos 24 segundos de posse de bola, fazendo com que a equipe argentina se desdobrasse além do previsto para concluir seus ataques, e mais, encontrando pela frente uma dupla de armadores dinâmica no ataque e aplicada na defesa, se viram tolhidos no que têm de melhor, a movimentação ininterrupta e conjunta de homens e bola, que os habilita a arremessos livres e precisos. E por conta dessa disposição inicial, a equipe brasileira comandou as ações e o placar no primeiro tempo de jogo, no qual se utilizou de seis jogadores afinados e dispostos a levarem a vitória.

Terceiro quarto se inicia, e o que vemos? Duas substituições absolutamente desnecessárias, que nem a já difundida e inexplicável obrigatoriedade de rotações, implantada muito mais pela necessidade de fazer jogar determinados e valorizados jogadores, do que por necessidade técnica, quebra a homogeneidade da equipe apresentada no primeiro tempo, numa sucessão de arremessos de três pontos fora do aro, de penetrações solitárias e desequilibradas de um pivô cercado e sem apoio dos companheiros, de jogadas lateralizadas e inócuas por falta de coordenação coletiva, tudo isso culminando em sucessivos contra-ataques argentinos que rapidamente desfizeram a vantagem do primeiro tempo, e ainda impuseram 12 pontos à frente, antes do término do quarto.

Com a volta do armador e do pivô esquecidos no banco no terceiro quarto, a equipe conseguiu reencontrar um pouco do bom entrosamento dos dois quartos iniciais, mas já era tarde demais, e a derrota se fez presente inexorável. Nada adiantou o esforço abnegado e corajoso do Fred e do Helio na armação, assim como a luta desigual do Alirio, Amiel e Coloneze com os fortes americanos da equipe argentina, ao deixarem escapar uma vitoria possível, que manteria a equipe rubro-negra com boas chances de êxito na competição.

Infelizmente, certos conceitos técnicos, suficientes para os padrões de nossos campeonatos internos, não alcançam nem de longe os padrões internacionais, onde o sucesso de suas equipes sempre passa pelo aproveitamento integral de seus jogadores mais habilidosos e competentes na articulação dos sistemas de jogo, mesmo que não sejam aqueles apontados como as estrelas da companhia, geralmente pela mídia jornalística menos informada.

Urge uma reformulação de certos conceitos de qualidade, onde fundamentos bem executados e arremessos frutos de uma ação conjunta e coordenada, não cedam lugar a exibições de cunho personalista voltado ao culto de pseudo craques da bola laranja.

Torçamos para que a equipe do Flamengo reencontre na próxima terça-feira no Rio, a produção técnica apresentada no primeiro tempo do jogo de hoje, única forma viável e inteligente de enfrentar um basquetebol argentino organizado e coerente em sua forma de jogar, quando prioriza a prática e a qualidade dos fundamentos como pré-requisito aos sistemas técnico-táticos que usarão em suas equipes, fator primordial de seu sucesso , em todos os níveis, e faixas etárias.

Amém.

2 Comments:

At 10:22 AM, Blogger idevan said...

Caro professor, não é necessário retoque algum a seu artigo. O último jogo com o Boca iludiu muita gente, mas desenhou a primeira derrota nas finais.

 
At 5:49 PM, Blogger Basquete Brasil said...

Infelizmente Idevan,cabe um retoque,o de sentir um desprazer enorme de ter sempre razão nessas horas,quando vejo escorrer por entre os dedos vitorias possiveis e que fariam um bem enorme ao nosso basquetebol.Fico triste,muito triste. Um abraço,
Paulo Murilo.

 

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