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Prof.Paulo Murilo 

16 abril 2008

UM LEMBRETE ÀS VIUVAS...

Semana animada essa no ambiente basquetebolístico, com o grande Oscar provocando os iniciados e os calejados com afirmações tipo – “Os nossos jogadores são coadjuvantes na NBA (...). (...) Eles não decidem o fim do jogo, e a seleção brasileira só vai ser boa quando tiver jogador que decide”. Certo ou errado, tocou nos brios da turma que vê na NBA todo um projeto de vida, todo um sonho a ser vivenciado e tornado real através jogadores patrícios, representantes dos anseios quiméricos da referida turma. Os dólares, a projeção estelar, o showbiz, são apelos fortes demais para não serem desejados, mesmo que por delegação de um sonho. E logo ele, do alto de sua decisão de negar participação na grande liga, em função prioritária de vestir a camiseta 14 da seleção brasileira, o grande Oscar, autor do supremo crime de negar a materialização do grande sonho dos que hoje renegam sua escolha patriótica, vem a público externar uma opinião na contramão de seus detratores? Apesar dos pesares , de opiniões passionais, de rompantes desequilibrados, de impaciência política, de decisões intempestivas, esse grande jogador traçou seu destino com precisão milimétrica, viveu uma realidade, e não um sonho delegado por quem não mereceria materializá-lo, a classe deslumbrada que nega sua origem terceiro-mundista, e que não perdoa quem discorde de suas quimeras, envoltas na idioma do LeBron e do Odon, só para lembrar dos gatões.

E como se tornou lei para essa turma, de que o basquete somente toma forma definitiva de uma arte, se praticada pelos deuses do norte, um contra ponto estalou no âmago das consciências esclarecidas daquela região mágica, numa matéria publicada pelo portal UOL nessa terça-feira, sob o titulo – Técnicos querem nova postura na seleção de basquete dos EUA.

-O “fracasso” em competições recentes, como o bronze no Jogos de Atenas-2004, provocou uma série de reflexões sobre a seleção norte-americana de basquete. Para o técnico Mike Krzyzewski, uma mudança de comportamento será fundamental para que a equipe recupere o prestígio e o sucesso nas Olimpíadas de Pequim-, foi o primeiro parágrafo da matéria. “Eu acho que nos últimos anos, nós fomos arrogantes sobre o jogo, sobre aquilo que chamávamos de nosso jogo”,opinou o treinador. “Não é o nosso jogo, é o jogo mundial, e nós temos que jogar um jogo diferente quando estamos em partidas internacionais”.

É o relato de um dos mais prestigiados técnicos universitários, e atual técnico da seleção, e que encontra apoio em um de seus assistentes, Jerry Colangelo, do Phoenix Suns, que entende que a distância entre o “dream team” e outras seleções acabou quando a NBA abriu as portas para a entrada, em massa, de atletas de outros países.

“Eu costumo dizer que o basquete é o mais coletivo dos esportes. Quanto mais você joga com os outros, mais você melhora. Ficou provado nas Olimpíadas de 2004 que um bom time pode bater um time de estrelas”.

Como podemos atestar pelos relatos acima, nossos irmãos do norte estão em plena vigência de um plano de modificações profundas, em busca de um encurtamento que os separam do basquete jogado pelo resto do mundo, aquele que a média dos americanos faz questão de desconhecer, mas que no último campeonato universitário deu as primeiras e decisivas mostras de que tudo farão para que as próximas gerações retomem seu lugar no concerto das nações. E o Colangelo arrematou : “Nós pedimos a eles (os jogadores) que se comprometam a jogar pelo seu país, não apenas a jogar”, revelou. “Nos dois últimos anos, nós vimos nosso projeto se desenvolver a tal ponto que, não importa se é o LeBron James, o Kobe Bryant, o Jason Kidd ou qualquer outro jogador no time, todos eles se sentem parte de uma equipe”.

O Oscar tomou essa decisão duas décadas atrás, perdendo a oportunidade, apesar de convidado, de jogar na NBA. Hoje, as grandes estrelas americanas, com sua participação garantida na grande liga, iniciam um comprometimento junto a seleção de seu país, sem antes se submeterem a um novo tipo de atitude técnico-tática, que em breve se esprairá por todo o basquete jogado em seu país, na tentativa de rivalizar com o restante do mundo, tendência esta já adotada no último campeonato da NCAA, que em breve se verá forçada a admitir as regras internacionais, último óbice às suas pretensões de soerguimento internacional.

Enquanto isso, aqui na tropicália, as viúvas do basquete pasteurizado da NBA, reinvidicam uma pseuda supremacia técnico-tatica do mesmo perante e para nossa realidade, com o fervor dos colonizados culturais, escravos das enterradas tribais nem sempre politicamente corretas. A grande ironia, é que a contra ofensiva a essa tendência que os levaram a derrotas contundentes, parte deles mesmos, num mea culpa pranteado e constrangedor, diria até humilde.

Seria muito bom que nossos jogadores assumissem a seleção quando convocados, para, a exemplo dos americanos, serem solicitados a jogarem pelo país, e não somente jogar, e não transformarem a seleção em vitrine de projeção e oportunidade de grandes contratos. Esses são os pontos que lastreiam o posicionamento do Oscar, quando confrontado pela realidade de nossa seleção, e que os mais ferrenhos de seus opositores ousam negar, muito mais agora com o depoimento dos técnicos da seleção americana.

Certo, errado, controvertido, emocional, passional, não importa sua condição de ex-jogador, e sim, que no assunto seleção brasileira ele está com carradas de razão quando localiza a ausência de liderança dentro e fora da quadra, como o grande problema a ser enfrentado, principalmente por aqueles que teimam em utilizar a seleção como vitrine para seus inflados egos, jogadores e não jogadores.

Amém.