Basquete Brasil
Discute a atualidade da modalidade no Brasil, e suas implicações a um possível soerguimento técnico.
17 setembro 2006
FINAL DE JOGO.
De todos os debates que aconteceram após os jogos do Brasil, o que mais suscitou dúvidas e opiniões de diversos calibres foi o dos segundos finais contra a Espanha, quando a equipe brasileira se queixou da não marcação de uma falta que a Alessandra teria sofrido na última tentativa de um curto arremesso, o que levou a equipe a uma derrota bastante contestada. O mínimo que se ouviu foram afirmativas de que os três juízes empurraram a decisão de um para o outro, e como nenhum deles assumiu uma posição, a falta deixou de ser marcada. Mas, em nenhum momento os analistas envolvidos na discussão, mencionaram o fato, de que a nossa grande pivô perdeu o arremesso final por ter adquirido um vício de fundamento, que a faz ineficaz em um grande número de finalizações embaixo da cesta, quando postada do lado esquerdo da mesma. Nesse posicionamento, ela finaliza sistematicamente o lançamento com a mão direita, dando larga margem a bloqueios defensivos que tiram dela muito de sua eficiência. Caso finalizasse com a mão esquerda, não só conseguiria os pontos, como grande seria a possibilidade de sofrer uma falta pessoal. Se todos os técnicos envolvidos na discussão observassem com atenção o tape daquela última tentativa, constatariam que a bola toca o aro por baixo, exatamente na direção de sua mão direita, estando sua mão esquerda muito ao lado do mesmo, em um ângulo mais do que propicio a uma conclusão exitosa. Alessandra, com sua envergadura, sua enorme experiência, adquirida em muitos embates internacionais, jamais, e em tempo algum teve corrigido esse erro de fundamento, que se fosse conseguido, aumentaria de maneira determinante sua produtividade em quadra. De forma alguma conoto a ela a perda do jogo, assim como não menciono os inúmeros erros de dribles, fintas, passes e arremessos, cometidos, em grande quantidade pelas demais integrantes da equipe. O que vaticino, é a grande perda qualitativa da equipe, ao cometerem muitos erros de fundamentos, pelo simples fato dos mesmos não serem corrigidos pelos responsáveis dos treinamentos. Centrar a preparação em movimentos táticos, visando um sistema de jogo, por si só se tornam ineficientes se não forem realizados por jogadoras com pleno domínio dos fundamentos. Todos tecem loas à equipes, como a norte-americana, a australiana, e as demais européias, mas esquecem que, a maioria delas são compostas de jogadoras plenas de habilidades técnicas, baseadas no grande domínio que possuem dos fundamentos do jogo, sejam ofensivos, como defensivos. Pecamos demais nesse preparo, e por isso colhemos resultados nem sempre positivos. Alessandra teria sua eficiência pontuadora enormemente aumentada, se fosse orientada e corrigida na conclusão de seus curtos arremessos do lado esquerdo da cesta, com sua mão esquerda. Simples assim, mas que desde 1994, quando foi lançada na seleção campeã do mundo, não teve corrigida a sua maior deficiência técnica, e que agora, em um final de jogo duríssimo, ainda desperta discussões e dúvidas. Infelizmente, espalhou-se, de forma lastimável, a idéia de que jogadores adultos não podem ser corrigidos, o que, no ponto de vista dos verdadeiros técnicos não tem qualquer fundamentação defensável. Conto uma singela passagem que vivenciei. Em 1967, quando dirigí a seleção carioca que venceu o campeonato brasileiro feminino em Recife, tive a oportunidade de ensinar a grande jogadora Luci Borges a arremessar em elevação, ou o jump shoot. Ela se ressentia de não ser convocada para as seleções brasileiras por não saber executar aquele tipo de arremesso. Durante uma semana, já em Recife, e num horário nada usual, 7 hs da manhã, submeti-a a um intenso programa de educativos para o aprendizado daquele tão desejado arremesso. E a Luci, não só o dominou, como foi convocada para a seleção que venceu os Jogos Panamericanos daquele ano. Era uma jogadora adulta e experiente, mas que pode adquirir novas técnicas que jamais a tinham ensinado. Cara Alessandra, procure alguém que a ensine, e cobre, esse tipo de conclusão, para que duplique sua já considerável eficiência. E se nenhum de seus técnicos se interessarem, como constatamos que jamais o fizeram, reveja seus jogos, com calma e parcimônia, e tente por si mesma tal correção. No jogo de hoje, contra a Australia, foram os erros de fundamentos que nos levaram à derrota, pois num campeonato em que TODAS as equipes se utilizam de um mesmo sistema de jogo, serão aquelas equipes que dominam mais profundamente os fundamentos, as que chegarão às finais. Fico imaginando uma equipe bem treinada nos fundamentos, e possuidora de um sistema que diferisse dessa mesmice que vem assolando o mundo do basquetebol. Seria muito difícil derrotá-la. Mas esses diferentes sistemas existem? Claro, mas não é facil encontra-los, pois é matéria de quem realmente estuda, ama e entende o espirito do grande jogo, e que se negam a aceitar essa imposição neo-colonialista apelidada de"basquete internacional". Mas nossa maioria de técnicos preferem aceitá-lo, por comodismo e economia, pois já vem pronto para o vasto consumo, por pior que seja.
2 Comments:
Paulo:
Totalmente de acuerdo con usted.
A- Cualquier estructura tactica, no es otra cosa mas que, una " cadena secuencial" de fundamentos.
B- El ser humano tiene capacidad de aprendizaje ( modificacion de comportamiento )en cualquier etapa de su vida.
C- Sin importar el nivel del equipo que se entrena. Es tarea del entrenador el retroalimentar los fundamentos del juego.
Caro Gil,houve um tempo em que a grande parte dos nossos técnicos assim pensava.Hoje, o que impera é o prét-a-
porter,a coisa pronta, e nem sempre bem acabada, a lei do menor esforço.Vai ser muito difícil reverter essa tendência, mas não impossivel.Um abração,Paulo.
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