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Prof.Paulo Murilo 

22 setembro 2006

LIDER E COMANDANTE

Se auto-assumindo como tal, o técnico-comentarista, ou comentarista-técnico, divulga que estava organizando com os técnicos participantes do programa, e outros que compareceram ao mundial, um encontro para discutirem e divulgarem novos paradígmas para o basquete nacional, e que já havia escolhido o tema de sua palestra- Sistemas e situações de jogo-Questionado pelo jornalista mediador do programa Basquetemania qual a diferença entre sistema e situações de jogo, para o esclarecimento do público telespectador, esclareceu o lider e comandante que, sistema era uma ação de 5 x 5, e situações de jogo eram ações de 2 x 3, 3 x 4 ou 4 x 5. Acredito que os telespectadores devem ter ficado confusos, pois pelo Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, Sistema é o conjunto de partes coordenadas entre si; conjunto de partes similares; (...) método; processo;(...) , e que dessa forma poderiamos determiná-lo como um Método de jogo, e não um 5 x 5! Mais adiante, depois de conseguir uma foto ao lado da Laura Jackson, entoou uma óde à jogadora Micaela, enaltecendo suas qualidades de futura craque, e sua maravilhosa humildade, e tudo ao vivo, com a presença da própria Micaela, fazendo com que a técnica Maria Helena interviesse, afirmando que a mesma somente atingiria o status de grande atleta no dia que trocasse o excesso de humildade por um posicionamento mais vaidoso, necessário para sua afirmação estelar. Finalmente, como grande coroamento estende suas mãos ao congraçamento de todos os técnicos, para o futuro do basquetebol nacional, como determinam os principios básicos de um lider e comandante. Discursos à parte, pouco, ou quase nada foi discutido sobre a derrota da equipe brasileira, pois diante da grande performance da comissão técnica na vitoria de ontem contra a equipe tcheca, os técnicos presentes se sentiram tolhidos a uma critica mais profunda e contundente. Sobrou para os comentaristas fixos do programa, que pouco puderam acrescentar, a não ser a frieza das análises estatísticas. No entanto, existiu um ponto fulcral justificando a derrota, o gravissimo erro técnico cometido no início do 4º quarto da partida, a quebra de uma estratégia bem montada e melhor executada nos três quartos anteriores, que deu à equipe uma vantagem de 7 pontos, logo aumentada para 9 no limiar do quarto final. Mas a estratégia de concentrar o jogo ofensivo no miolo do garrafão adversário, alimentado pelas duas armadoras, e do enérgico posicionamento nos rebotes defensivos, foi quebrada com a entrada da jogadora Cintia no lugar da Ega, pois a mesma praticamente atuou ofensivamente, no limite do perimetro externo, pelo tempo em que ficou na quadra, deixando a luta pelos rebotes ofensivos nas mãos da Erica, assim como em duas trocas defensivas deixou a Adriana no combate da temível e mais alta Snell, grande pontuadora do jogo. A equipe, deveria ter sido mantida dentro do estratagema de maciça participação dentro dos garrafões, e anteposição aos tiros de três pontos, e por isso, a entrada da Alessandra em dupla com a Erica, daria ao quarto final todo o poderio reboteiro possivel, retardando ao máximo uma reação das australianas. Quando somente nos 2:30min finais a Alessandra entrou no jogo, a diferença de 11 pontos já era intransponível. Some-se a esta falha na estratégia, o fato do não pedido de tempo quando a equipe perdeu a vantagem dos 7 pontos levando 11 sucessivamente. Toda montagem estratégica deve se basear em ações que preencham todo o tempo de duração de um jogo, bastando uma omissão, por menor que seja,para derrubar inexoravelmente o sucesso da mesma. Mas são águas passadas, pois no sábado a equipe terá de disputar a medalha de prata com as americanas, sim senhor, AS AMERICANAS, que para desilusão da maioria dos lideres e comandantes, fãns de carteirinha do basquete modelo NBA/WNBA, se viram pendurados na brocha com a descoberta inimaginável pela grande maioria deles, a de que existe basquetebol fora das fronteiras do Uncle Sam.E que basquetebol senhores, que basquetebol! Russas e australianas demonstraram o que vem a ser coletivismo e dominio dos fundamentos do jogo, estratégia e táticas contundentes, que são produtos de sistemas de treinamento e fortissimo trabalho de base, com o emprego de métodos técnicos e pedagógicos que valeriam à pena aprendermos e apreendermos. Cairam por terra os esteriótipos massivos das pivôs, pelas presenças longilíneas, ágeis e flexiveis de russas, australianas, lituanas, thecas, assim como o banimento pela maioria das equipes, a brasileira inclusive, de jogadoras abaixo dos 1,70m, vide as formidáveis armadoras australianas, baixas e potentes. Vimos técnicos sessentões darem aulas de conhecimento técnico e sábia experiência, na contra-mão de certos setores brasileiros que defendem a nova geração para nossas equipes nacionais, esquecendo que liderança e conhecimento técnico-tático somente se aprimora ao longo dos anos, e não através de lobbies, politicagem e oportunismo, sem contar o poder dos Q.I's. de midia e de outros interesses que não os desportivos. Neste sábado apreciaremos as finais, esperando que sejam compreendidas como lições de padrões duramente alcançados, pelo trabalho, pela pesquisa e pela união daqueles que são os responsáveis desde sempre, pelo progresso de qualquer modalidade desportiva, os técnicos, cujos líderes são escolhidos por seus pares, democraticamente, e sempre pelo critério do mérito, e jamais permitindo, ou se deixando levar por oportunistas, auto-proclamados lideres e comandantes. Que assim seja, e nos permitam os deuses, amém.