Basquete Brasil
Discute a atualidade da modalidade no Brasil, e suas implicações a um possível soerguimento técnico.
18 setembro 2006
VITRINE DE LUXO
Pera lá, vai tudo mundo prá frente das cameras destilar erudição basquetebolística, vender o peixe de ocasião, fazer um marketing maneiro, me sentar o pau velada ou escancaradamente, e vou ficar sem meus 15 minutos de fama? De jeito nenhum! Palmas pra mim, que aqui ficarei olhando fixamente para a objetiva, como todo bom político aprende a fazer, e como quem não quer nada, querendo, vou apagando da curta memória brasileira o vexame de Tóquio. Afinal, não é qualquer um que aparece por horas em um tela de TV para provar o quanto entende e domina os meandros que envolvem aquele que deveria ser o grande jogo, mas, infelizmente não o é, se depender do triste espetáculo de self-promotion que assistimos constrangidos. São apresentados espetáculos de espetadelas sutís, entremeados de concordâncias hipócritas e arroubos patrióticos, endeusamentos, tietagens esplícitas, e delirantes projeções. Apostas de jantares, e desafios técnicos, enfeitam(?), ou enfeiam o que poderia ter sido uma rara e excelente oportunidade de se discutir a realidade do basquete brasileiro, e não o triste show que ora assistimos. Justiça seja feita a três dos participantes, que profundamente envolvidos e arraigados ao basquete feminino, comentam com isenção e pleno conhecimento o que realmente ocorre no seio daquela sempre esquecida modalidade, e que mesmo estando em plena atividade técnica, procuram se ater aos fatos, e somente a eles. Maria Helena, Vendramini e Hortência, são as únicas pessoas, além dos locutores e comentaristas fixos, que deveriam lá estar, apesar dos dois primeiros estarem vinculados a equipes, assim como seus colegas da comissão técnica. Os demais aproveitam a demorada e bem-vinda exposição televisiva para promoverem discordantes opiniões, achismos desqualificados, críticas a um técnico sem imediato direito de resposta, e um aberto e direto propósito de se auto qualificarem ao posto, ou a acessoria do"prestigiado" técnico da seleção masculina. Daqui a uma semana terminará o mundial, e com o seu término cessarão os arroubos ufanistas e as juras de amor eterno ao basquete feminino, já que também cessarão os mágicos minutos televisivos, que será a senha para fazer voltar a modalidade ao seu devido lugar, de mero coadjuvante no ambiente desportivo nacional. Uma afirmativa feita no dia de hoje espelha essa lastimável realidade, quando aquele delirante técnico-comentarista, ou comentarista-técnico, descreve a jogadora Iziane como uma atleta que joga igual a um homem, o que segundo seu abalizado ponto de vista, a torna diferenciada entre as demais. Isso é o que acontece quando se promove quem não de direito a um posto que influi decisivamente no imaginário popular, principalmente na audiência dos jovens. Por sorte as transmissões massivas ocorrem em circuito a cabo, já que a TV aberta somente transmite os jogos da seleção brasileira, pois se assim não fosse o desastre seria descomunal, com, segundo palavras do grego melhor que um presente, 15 milhões de telespectadores assimilando e digerindo um FeBeApá que envergonharia o saudoso Stanislaw Ponte Preta. Seria preferivel termos os ginásios repletos de jovens em todas as rodadas do que suas arquibancadas tão vazias quanto o conteúdo oportunista da turma dos jantares. Já imaginaram esse pessoal sob a influência de um código de ética profissional emanado por uma associação de técnicos? Não? Nem imaginem, pois se depender deles jamais ocorrerá, como não ocorreu nos últimos e dolorosos 20 anos de seus reinados. Mas, como nem tudo está perdido, ainda temos na luta a brava equipe brasileira, que apesar dos pesares aí está se superando ante equipes poderosas e eficientes, como legitimas guerreiras que são e sempre foram. A equipe tcheca tentará atuar como fizeram com as americanas, ou seja, levando o jogo com lentidão, para frear nossa velocidade e rítmo de jogo. Por essa razão, mais do que nunca precisariamos jogar com duas armadoras puras e três das mais altas jogadoras que pudessemos escalar, o que propiciaria uma efetiva luta pelos rebotes, um forte jogo interior, a garantia de velozes contra-ataques, e, principalmente, uma vigilância mais próxima nas tentativas dos arremessos de três pontos, arma letal da equipe tcheca, e que foi exatamente a atitude tomada pela equipe americana para sobrepujar a tática de frenagem da mesma. Quando as americanas escalaram no inicio do 3º quarto suas duas mais efetivas armadoras, deslancharam e se impuseram ao jogo amarrado e pausado da equipe tcheca, levando-a de vencida. Essa deveria ser, também, nossa estratégia de jogo. Quarta-feira veremos quem tem laranja para vender. PS.-Para os mais jovens - FeBeApá - Festival de besteiras que assolam o país. Criação imortal do Sergio Porto,ou Stanislaw Ponte Preta.
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