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Prof.Paulo Murilo 

11 junho 2008

O BRADO RETUMBANTE...

E a seleção feminina venceu a Espanha em sua própria casa, adquirindo uma autoconfiança preciosa para os embates decisivos rumo à classificação olímpica. Mas poderia ter vencido de forma mais contundente, não fossem três fatores negativos, dois dos quais ainda poderão ser corrigidos no transcorrer dos próximos e decisivos jogos. O que não poderá ser corrigido é o enorme sobrepeso de nossas pivôs, onde adiposidade é confundida com massa muscular, onde peso puro e simples é substituto de força, flexibilidade e agilidade. Nossas pivôs, ao perderem uns 10 kilos, com a boa técnica que possuem, se colocarão no patamar das suas companheiras no que se refere à velocidade nos ataques , e à eficiência defensiva, quando poderiam exercer marcação à frente das pivôs adversárias, evitando faltas desnecessárias, e interagindo nos contra-ataques com as demais companheiras. Os dois outros fatores se situam na esfera tática, a saber:

Primeiro, o descompasso evidente entre as ações da Claudia, jogadora de ritmo pausado, controle acadêmico do jogo, mas com pouca mobilidade defensiva, contrastando com as ações explosivas, muito velozes e presença significativa na defesa da substituta (?) e elétrica Natalia, muito mais contatada com as também muito velozes Iziane e Micaela, que imprimem um ritmo vertiginoso nos ataques e uma ação pressionada na defesa, fatores importantes dentro de uma equipe cujo padrão de jogo privilegia a velocidade, as ações de 1 x 1, e o posicionamento defensivo na linha da bola. Foi exatamente essa presença pressionada na defesa que anulou em muito os arremessos de três das espanholas, obrigando-as ao jogo interior em cima de nossas lentas pivôs (sempre marcando por trás, por serem lentas e pesadas ), conseguindo equilibrar a partida. Num momento do jogo a equipe brasileira tentou jogar com duas armadoras, com a Karla e a Claudia, quando deveria ter tentado a dupla Claudia e Natalia, que com suas características díspares, porém muito técnicas, ofereceriam um naipe de opções às demais jogadoras. Talvez seja uma boa opção para as partidas futuras, quando as defesas serão mais pressionadas e determinantes.

Segundo, explicar à Natalia, que paralisar a bola durante o drible, empunhando-a de baixo para cima, é uma transgressão às regras do jogo, caracterizando a infração de andar com a bola, já que o ritmo drible-passadas é quebrado com a interrupção da livre trajetória da mesma em direção ao solo. Por duas vezes ela foi punida com essa infração, que no caso de um jogo mais decisivo influenciará na produtividade final da equipe. Infelizmente, o comentarista da SPORTV se rebelou com as marcações dos árbitros nessas infrações da Natalia, assim como um três segundos da Mamá, com o argumento de que ninguém marca mais tais infrações no mundo, no que errou e erra contumazmente em seus comentários, ao negar evidências de manejo técnico da bola, não só as contidas nas regras do jogo, como nos preceitos de ensino e manuseio correto da bola ( como se dissesse-Se não é mais marcado, pode fazer...), uma das bases dos fundamentos.

Acertando e encaixando as peças certas nesse tabuleiro de xadrez em que são transformadas as grandes decisões em grandes torneios internacionais, creio que nossa seleção possa se classificar com méritos e merecimento, pois ao largo da equipe masculina, se caracteriza pela unidade de trabalho, liderança aceita e não imposta, clareza de objetivos, e responsabilidade em alcançá-los integralmente.

Mas o dia não poderia terminar sem as bombásticas declarações do grande ( não o maior de todos os tempos no basquete brasileiro...)Oscar, quando desafiou os jogadores ligados à NBA e os que jogam na Europa com o brado retumbante: “Os machucadinhos, que ponham band-aid e vão jogar!”, ante os muitos pedidos de dispensa por motivos de saúde e contusões, numa reportagem no O Globo de hoje. “Se quiserem dinheiro, tudo bem. Mas, se quiserem um lugar na história, têm de brilhar pela seleção!”

Seria muito interessante e esclarecedor se o grande jogador desse um passeio nos shoppings brasileiros e visitasse as lojas de artigos desportivos espalhadas pelos mesmos, quando veria que em se tratando de basquetebol, o que se vê à venda são uniformes completos, das munhequeiras e tiaras, até os fraldões apelidados de bermudas, sem contar os tênis personalizados das grandes franquias(clubes?)...da NBA! Não encontrará uma camiseta sequer de equipes nacionais, mas dos Bulls , Celtics, Lakers, encontrará às dúzias. E se percorrer a internet, os Orkuts e You Tubes da vida encontrará...mais, muito mais NBA, tentacular e sufocante, na promessa globalizada de riqueza, mordomias e realização pop star.

Então, como falar em patriotismo com essa turma, onde alguns milhões de dólares e euros não podem, em hipótese alguma, serem colocados em risco na inocente troca por uma camisa verde e amarela, a não ser que seja a do Golden State? Por que perder tempo tentando sensibilizar quem já está anestesiado pela dinheirama e pelo status estelar? Por que não concentrar nossos esforços e parcas verbas (aquelas que sobram depois dos butins...) no desenvolvimento daqueles que não foram aquinhoados pela fada enebeana e sua irmã caçula comunitária, para que possamos, com muito esforço e trabalho, tentar galgar um degrau a mais no cenário internacional, como nossos hermanos do sul? Por que teimar contra tais comportamentos dando em contrapartida seu próprio exemplo de jogador e cidadão, se como exceção justifica a regra geral?

No dia em que tivermos na direção do nosso desporto homens compromissados com os princípios educacionais da juventude, onde a educação física e o esporte somarão com as demais disciplinas, humanísticas, exatas, artísticas, musicais, para o desenvolvimento pleno da cidadania, que é um direito constitucional, ai sim, seu exemplo servirá de farol nos caminhos que levam ao olimpo dos vencedores, nunca antes, como agora, onde a cultura dita globalizada nos esmaga e avilta, humilhando princípios de nacionalidade e independência plena, aquela que nos faz donos do nosso destino e grandeza.

Amém.

2 Comments:

At 5:08 PM, Anonymous Anônimo said...

Pois Professora, perdemos da Bielorrusia que nao é nehuma potencia , com nossas pivos grandes e rechonchudas e principalmente com ataque de estrelismo da Iziane.

Até quando esses jgoadores que jogam fora do Brasil vao se achar o ultimo biscoito do pacote ?

Agora é ir pra repescagem.

E hoje dava pra vencer ...

Abraço !

 
At 9:05 PM, Blogger Basquete Brasil said...

E como dava caro Henrique,e como dava! Pena,lastimavel.
Um abraço,Paulo Murilo.

 

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