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Prof.Paulo Murilo 

16 julho 2008

AGORA É QUE COMEÇA...

Acredito que até o presente momento, o grande adversário da seleção venha sendo a alimentação fornecida pelo hotel da delegação, pois já são três os casos de intoxicação estomacal que, segundo a reportagem do UOL-Basquete, tirararam o Moncho do sério, nas críticas dirigidas à CBB pela ausência de um nutricionista no controle dos alimentos fornecidos. É uma situação bastante séria, pois bastam algumas colheres de leite estragado (talvez o responsável pela intoxicação do Baby, segundo os médicos gregos que o atenderam), para derrubar meia equipe.

No mais, o treino contra os libaneses (que me desculpem a constatação...) somente teve importância para um ou outro jogador ainda inseguro em sua produção, que para alguns comentaristas é provocada pela pouca experiência internacional, mas para mim trata-se mesmo de deficiências nos fundamentos do jogo, haja visto que, mesmo ante uma fraquíssima seleção, a defesa fora do perímetro fracassou inúmeras vezes, principalmente no bloqueio de arremessos de três, e em muitos passes errados para os pivôs.

Defender o indefensável, é tarefa muitas vezes enganosa, pois gregos, alemães ou neo-zelandeses estão muito além do arremedo de equipe apresentada pela seleção libanesa, que sequer se classificaria entre as oito equipes do nosso campeonato nacional. Soou meio constrangedor os esgares ufanistas do narrador e alguns comentaristas do SPORTV, mas que encontrou na Hortência a devida e equilibrada análise do que realmente ocorria naquele enorme e deserto ginásio.

Ficou para amanhã, o atestado de real competência dessa equipe em busca de uma classificação olímpica. Será de extrema importância que a mesma lute com todas as forças possíveis para tentar vencer a partida, pois o resultado da mesma estabelecerá os parâmetros necessários para aquilatar suas possibilidades dentro da competição. Trocar “um passe a mais...ou a menos”, contra uma nulidade defensiva libanesa é inconsistente, e até danoso, na medida em que “achem, ou achemos” que a equipe já absorveu a nova “filosofia”das tradições ibéricas, que integrou novas atitudes e comportamentos, fatores estes que qualquer técnico, mesmo iniciante, sabe muito bem, quanto de trabalho e treinamento ser necessário para adquiri-los. A dúvida que tenho, por longos e longos anos de prática, é a de que jamais testemunhei mudanças técnico-táticas, com no mínimo de 2-3 meses de prática intensa, e não 25 dias e quatro jogos amistosos, como foi o caso desta seleção.

Essa constatação, explica a manutenção do sistema único mantido pelo Moncho, agregado ao seu princípio de “um passe a mais”, que vem sendo aplicado pelos jogadores, ainda tentados pelo livre arbítrio a que estavam acostumados, mas que estarão à prova logo mais, quando a bola subir realmente para valer. À partir daquele momento constataremos a validade do que foi treinado, do que foi ou não absorvido e assumido nas ações defensivas e ofensivas, nas atitudes e comportamentos, na obediência ou não ao comando central, na busca do coletivo, ou na inexorável recaída daqueles que confiam somente em seus tacos, vício arraigado pela conivência e cumplicidade de uma geração de técnicos voltados ao prático e pouco trabalhoso sistema único de jogo.

No entanto, quem sabe, possa vir a baixar uma nesga de lucidez e alguma coragem técnico-tática que ouse transgredir essa esmagadora mesmice internacional, algo como jogar em quadra o que temos de melhor na armação, dupla de preferência, e três jogadores de briga dentro do perímetro interno, forçando os gigantes gregos às faltas, e abrindo espaços para os arremessos de media e longas distâncias, com um mínimo de liberdade e equilíbrio, somente possíveis com a qualificação dos passes e dos dribles incisivos. E muito além da necessária defesa aos arremessos de três da equipe grega, a busca incessante dos rebotes, principalmente os defensivos, darão a tônica do jogo, se quebradas e anuladas forem as segundas chances de arremessos de cada ataque grego.Temos de ter em quadra, pelo maior espaço de tempo possível nossos melhores reboteiros, gerando equilíbrio e posterior supremacia sobre o ponto de partida de todo sistema de jogo grego, seu domínio neste fundamento.

Será uma tarefa enorme e cansativa, desgastante, mas que é o preço a ser pago se quisermos ascender à magna competição, as Olimpíadas.

Que os deuses os ajudem, e a nós também.

Amém.

Novo blog - http://WWW.paulomurilo.com

4 Comments:

At 9:31 AM, Anonymous Anônimo said...

Professor Paulo Murilo,
Analisando a nossa equipe e performance, acredito que o Brasil encontrara muita dificuldade se qualquer equipe utilizar "Box-and-One" no Huertas. O Libano fez isso durante alguns minutos, e o Brasil encontrou muita dificuldade em organizar as suas movimentacoes de ataque. Observei tambem que a jogada utilizada pelo Brasil contra este sistema de Box and One ira "cansar" muito o Huertas pois esta o coloca em uma situacao forcando-o a correr de um canto da quadra ao outro pela zona morta para se livrar do seu marcador e receber o primeiro passe. O Huertas nao aguentara 10 minutos de jogo desta forma. A Grecia e a Australia nos amistoso exerceram pressao no nosso aramador, extendendo a sua defesa individual a 3/4 da quadra, e deu no que deu -o Brasil arremessou de forma precipitada e desorganizada e perdeu os jogos. Estou acompanhando os jogos de Atenas pela televisao e posso constatar que os nossos jogadores, realmente, estao mais dedicados e comprometidos com suas responsabilidades tanto dentro quanto fora da quadra e que a midia esta super otimista com tal comportamento. Pelos comentarios, o problema entao estava na atitude dos jogadores e nao na capacidade tecnica de nossos tecnicos? No mais so nos resta torcer...

 
At 1:24 PM, Anonymous Anônimo said...

Prof. Paulo Murilo,

Sobre sua observação em relação a lucidez da Hortência, tenho a seguinte opinião:

- Ela consegue a proeza de ser tão boa comentarista como foi jogadora de basquete. Espetacular nas duas funções.

Também acho que o Pré de verdade começa hoje e vou torcer bastante, mas acho muito difícil pela qualidade e organização do time da Grécia.

Abços.

 
At 1:03 AM, Blogger Basquete Brasil said...

Walter somente hoje estou podendo responder ao seu comentário,e mesmo após o jogo com a Grécia.Creio que agora os pratos estão limpos,no enxague, com cada macaco no seu galho... Mas como nesse país ter razão é pecado mortal,esperemos sexta-feira, para dimensionarmos esta razão que tanto nos aflige.Um abraço, Paulo.

 
At 1:05 AM, Blogger Basquete Brasil said...

Prezado dnis, e hoje no jogo com a Grécia ela repetiu a dose, em contraponto com os dois boquirrotos presentes.Lamentável. Um abraço,
Paulo Murilo.

 

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