Basquete Brasil
Discute a atualidade da modalidade no Brasil, e suas implicações a um possível soerguimento técnico.
09 julho 2008
OS DESAFIOS DO MONCHO...
Quando o armador Huertas foi substituído pela primeira vez a 34seg. da metade do terceiro quarto, o técnico espanhol sinalizou sua predisposição de mantê-lo por muito ou todo o tempo de jogo quando a disputa for para valer, já que se convenceu de que o excelente armador não tem um substituto de seu quilate na equipe, e que praticamente todo o seu embasamento técnico-tático depende diretamente da produção daquele jogador, calejado nos embates físicos contra os duros e insistentes marcadores europeus, ao contrário do Fulvio, que se perde bastante quando assediado daquela forma, mas que é capaz de armar com eficiência quando a equipe adversária cai em uma marcação zonal, que foi o que ocorreu no jogo de hoje. Que a turma que preconiza a impossibilidade de um jogador “no basquete moderno” atuar por um longo tempo, se situe perante a crua realidade de que no caso de nossa seleção, não só ele, o Huertas, como o Spliter terão de se manter em quadra pelo maior espaço de tempo possível, se quisermos levar de vencida gregos, alemães e o outro adversário nas semi-finais. E que não esqueçam, que essa possibilidade é possível e viável no basquetebol FIBA, com quatro quartos de 10min.,e não quatro de 12, como na NBA.
E no caso do Spliter, a dificuldade será bem maior, pois os adversários, sem duvida nenhuma, concentrarão seu poder de fogo ofensivo em cima do excelente pivô, a fim de forçá-lo a faltas no menor tempo possível. E é nesse ponto, que uma outra sutil pista foi deixada no jogo de hoje pelo inteligente Moncho, já que pela primeira vez, e por pouco, porém esclarecedor tempo, pudemos ver a dupla Spliter/Probst dominarem as tabelas e se protegerem mutuamente das faltas pessoais, já que ambos, muito rápidos e ágeis completaram seu pequeno recital num rebote em dupla e uma finalização em bandeja do Probst após um passe quadra a quadra do Spliter, lembrando os bons tempos da dupla Israel e Gerson. Os demais pivôs poderão complementar a dupla, mas com um aproveitamento bem menor, já que mais lentos que aqueles.
O outro problema que exigirá do Moncho uma enorme e paciente catequização, é sobre a atuação dos alas, pois os dedos acostumados aos sensíveis gatilhos da linha de três, como os do Alex, Marcelo, Duda e Tavernari, se inflamam ao menor toque com na bola, estando marcados ou não, no frêmito incontrolado de um arremesso consagrador. E é nesse pormenor que o Moncho mergulha de cabeça na exigência daquele ”passe a mais”, quando o tiro passa a ser o produto do maior posicionamento equilibrado possível, mas que fere profundamente hábitos adquiridos em muitos anos de liderança e conivência clubística. Se conseguir refrear tais impulsos, naqueles decisivos momentos em que a balança penderá para o lado da equipe mais centrada e controlada em campo, quando arremessos deverão ser desferidos com a possibilidade real de retomadas em caso de falhas, ai sim, poderemos aumentar em muito nossas chances ante equipes mais rodadas e experientes. Creio ser este o mais complexo desafio a ser enfrentado pelo espanhol, além do outro tão ou mais complexo, fazer com que esses mesmos alas se posicionem razoavelmente bem defensivamente, já que, mesmo exercendo a marcação dos pivôs por trás, nosso miolo de garrafão tem se portado a contento nos embates embaixo das cestas.
Finalmente, o grande óbice, a grande pedra no sapato do técnico espanhol, como assessorar com qualidade as ações do Huertas, que tem se portado muito bem no comando, execução e finalização do sistema cadenciado, que aos poucos vai sendo aceito e incorporado pela equipe, senão rever um posicionamento que se predispôs a adotar logo em sua chegada ao Brasil, a de atuar com dois armadores e três homens altos e rápidos, que poderia se tornar um excelente fator- surpresa em determinados e cruciais momentos em partidas decisivas. Mas para tanto, torna-se necessário uma predisposição do Fulvio em assumir-se integralmente, e não timidamente como vem agindo nos últimos jogos. Os três homens altos e rápidos ele já tem, faltando somente um outro habilidoso armador. Daí eu ter lastimado muito a não convocação de um terceiro e técnico armador, o que configuraria e exequibilizaria o projeto inicial do Moncho. Infelizmente, sua ausência em quadras nacionais, o fez refém de “opiniões abalizadas” de quem o deveria assessorar, o que não foi feito com o devido conhecimento de causa, por quem não entende e domina os sutis detalhes do grande jogo, aqueles detalhes que se espraiam muito além dos ínfimos limites de uma prancheta e de um lapitopi caipira, além de outros interesses cebebianos.
É possível classificar? Se o Moncho equacionar a contento as notórias limitações que lhes impõe uma seleção mal convocada e heterogênea, talvez sim, pois em sua luta desigual possam os deuses unir e tornar humildes, mesmo um pouquinho, tantos egos conhecidos, e convenientemente calados ante a liderança do senhor ibérico. Se manterão o recato, é o que veremos quando a bola subir de verdade. Oremos então.
Amém.
8 Comments:
Professor Paulo, tudo bem ?
Meu maior temor é pela marcação dos pivôs feitas por trás.
JP e Murilo não tem a condição necessária para isso. No meu entender um é lento e o outro um pouco desatento na defesa.
Probst e Splitter também formam o melhor garrafão para mim.
E chego a conclusão que Moncho, nos amistosos conseguiu alguma coisa que não conseguiamos a tempo. Vencer.
E a Croácia, diga-se de passagem como caiu. Apresentou absolutamente NADA.
Abração para o senhor !
Caro professor, lendo o blog do Fábio Balassiano coloco uma frase que me parece concordar com o seu ponto de vista: "E que a CBB reflita sobre o que aconteceu com os nossos técnicos, porque a tendência é essa letargia tática se agravar com os anos"
Professor, o que o Marcus faz na seleção? O Moncho nem nos amistosos o aproveita, minha idéia é a de que el viu o quão inferior é o seu jogo categorcamente convocado pelo principado cebebiano. Com certeza deve o estar deichando de lado para que, numa possível calssificação a Pequim (eu torço muito por isso, apesar das eternas duvidas existentes), posso substituí-lo por um jogador mais qualificado, e acredito eu, um armador. Oremos para que a classificação venha e isto possa ocorrer, pois se já tivesse ocorrido, nossas chances, de longe, seriam muito maiores.
Abraços
Em relação ao Marcus Vinícius, acho realmente estranho ele não estar sendo aproveitado nos amistosos. Como ele joga na Espanha (Plus Pujol Leyda), a sua convocação foi decorrente de observações do próprio Moncho e não da CBB.
Já o vi jogar algumas vezes e, apesar de não ser um grande finalizador, é "raçudo", rápido, bom nos rebotes e erra pouco. Com certeza é uma boa opção para determinadas situações de jogo.
A CBB com certeza influenciou na convocação dos armadores, deixando de fora o Helinho. Apesar de não ser um jogador espetacular, é o melhor armador disponível no Brasil (especialmente depois da recusa do Valtinho) e está fazendo falta. Tenho, contudo, esperança que o Fúlvio melhore, pois parece estar jogando com medo de errar e se omitindo. O time cai muito de produção quando o Huertas sai e, como o Prof. Paulo Murilo observou, ele será muito pressionado nos jogos "para valer".
No jogo de hoje, concordo com o Bira Bello (comentarista do Sportv), quando disse que o time se apresentou de forma apática nos 2º e 3ºs quartos. Para o Brasil obter sucesso no Pré-olímpico é necessário concentração e determinação máximas em todos os jogos, o que não foi o caso contra a Austrála.
Abços.
Prezado Henrique,obrigado,vou muito bem, e espero que você também.Como já venho publicando,enfrentamos nesse torneio defesas a meia bomba,que é a maneira mais pragmática para se testar uma equipe.Se dessa forma o adversario encontra problemas,como reagirá sob pressão intensa.Hoje sentimos bastante essa realidade,daí...
Um abraço,Paulo Murilo.
Prezado Idevan,assim como venho pregando a longo tempo serem os técnicos os responsáveis pela nossa atual situação,jornalistas,como o Balassiano já sentiram o mesmo,atestando que tal situação beneficia a um seleto grupo,que não pretende que algo mude,pois afinal,é disso que vivem.Mais um dia a ficha há de cair,espero. Um abraço,
Paulo Murilo.
Prezado William,nesse momento,o Duda também entra na lista de espera do Moncho,e como publiquei hoje,mais uns dois lá ficarão.O momento é para os melhores e mais experientes,e pena que outros tão bons e experientes tenham ficado no descaminho da imprevidência técnico-administrativa.É constrangedor.
Um abraço,Paulo Murilo.
Prezado jdinis,tudo leva a crer que o Moncho esteja se dando conta da fria que entrou ao confiar em pseudo-sugestões de convocações,vindas de um assistente que só tem olhos para o seu lugar,nada mais do que isso.E nesse jogo vale tudo,até negar indicação a quem merece por mérito dentro das quadras.A empresa QI Ltda.nunca foi tão participativa e influente como no atual e tragico momento do nosso basquete, que pode até se classificar,premiando cacifes e blefes geniais.É o preço do risco,onde tal turma nada tem a perder.O resto que se lixe...
Um abraço,Paulo Murilo.
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