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Prof.Paulo Murilo 

14 julho 2008

CORAGEM E DECISÃO...

“Desejo a todos os jovens do Brasil que desejem seguir a carreira de jogador de basquete que sejam diferentes, acima de tudo e de todos, só assim vocês conseguirão entrar em uma quadra e serem alguém. Se forem iguais, a quadra os rejeitará, ali não é lugar para igualdades, abs, WM”.

Dessa forma, o grande Wlamir Marques encerrou sua entrevista ao Jones Mayrink do blog Dunkover, onde expôs brilhantemente seus comentários à respeito do momento preocupante por que passa o basquete brasileiro.

E respeitosamente faria um adendo: E quando essa negativa igualdade ocorre entre todas as equipes internacionais, nacionais, regionais e municipais, onde é praticado um basquetebol clonificado num principio técnico-tático idêntico a todos, numa aceitação indiscutível e anacrônica?

Quando conheceremos algo de novo, aquele algo que impulsionará o grande jogo para fora deste imposto sistema globalizado?

Hoje, assistimos aos jogos iniciais do Pré-Olímpico, e o que constatamos, senão a repetição tediosa e monocórdia de um sistema de jogo praticado desde Cabo Verde até a possante Croácia, onde a colocação de um embate 5 x 5 nada mais é do que o confronto dos 1 x 1, 2 x 2, 3 x 3, 4 x 4 e 5 x 5, de carimbados e rotulados jogadores em suas posições especializadas, que quanto mais preparados forem nas mesmas, maiores as chances de vitoria de suas equipes, num carrossel de exibições personalizadas que contrastam frontalmente os discursos coletivistas de seus técnicos. É o sistema de jogo que levou às alturas os cracões da NBA, propiciando aos mesmos suas performances de gala, protegidos pela crueza não intervencionista de indesejáveis, e até punidas pelas regras especiais, flutuações e coberturas defensivas. É um modelo vencedor para aquelas circunstâncias de jogo, mas que quase sempre sofre severas restrições quando sob a égide das regras internacionais. No entanto, num processo global , onde os poderes de mídia e de movimentações bilionárias de recursos, passou a ser cartilha única para o restante do mundo, com um único e alentador porém, sua inadequação à realidade de um basquete regido por regras que, onde algumas equipes tendem a anular tão globalizado poderio.

Incrivelmente, com algumas e inteligentes adaptações, as equipes européias e a argentina em particular, ao utilizarem-se de dois efetivos armadores em quadra, conseguem ampliar em muito as opções ofensivas, mesmo que obedeçam as movimentações padronizadas do sistema comum a todos. E é esse sutil pormenor que nos enche de esperanças numa saudável contrafação ao abominável sistema que escraviza e engessa a todos. Até lá, veremos pivôs virem até o perímetro externo provocar corta-luzes, um mar de passes lateralizados em busca dos arremessos de três livres, não um, mas “muitos passes a mais”, conforme a cartilha vigente, e uma ausência de criatividade ante defesas zonais.

Tenho a nítida impressão de que os americanos tenderão a quebrar, numa incoerente ação, os grilhões que os prendem ao sistema NBA, isso porque, ao sentirem na pele os retumbantes fracassos nas três últimas grandes competições internacionais, procuraram no meio universitário, tradicionalmente aberto ao novo, à pesquisa e ao estudo competente, o embasamento para, com seus profissionais de primeira linha, demoverem o muro que eles mesmo construíram. E talvez, após a Olimpíada de Pequim, tenhamos a presença de algo realmente novo, de algo que se confrontará com aquelas equipes européias classificadas e a argentina, que com suas formas diferenciadas de jogar , os inspiraram na busca de uma formula para vencê-las. Será um belo embate de escolas , onde o aluno aplicado tudo fará para derrotar seus inspiradores mestres.

E nós, na luta para uma classificação, junto àqueles países que comungam da mesma fonte, o basquete pasteurizado presente ao Pré, com talvez uma única exceção grega, ainda não plenamente demonstrada, que faremos?

Se algo de diferente e impactante deveríamos apresentar, em momento algum passa pela mesmice técnico-tática que apresentamos nos jogos preparatórios, pois posição por posição, somos inferiores aos nossos mais temidos rivais, excetuando-se o Spliter, que é o melhor pivô de todos. Mas é muito pouco para nos impormos com decisão, o que nos leva a um impasse, que nem “um passe a mais” resolverá a contento, a não ser que subvertamos a ordem vigente, aquela que esperam de nós, a obediente aceitação do sistema único.

Que tal entrarmos, mesmo na movimentação usual, com os dois armadores em quadra, alimentando os três homens altos contínua e sistematicamente, empurrando a defesa para dentro do perímetro, forçando-os às faltas pessoais, e, propiciando voltas de bola de dentro para fora do perímetro para arremessos livres e equilibrados, e principalmente, agilizando o sistema defensivo, imbuindo-o de velocidade antecipativa e atenta, originando os contra-ataques tão ao nosso gosto e capacidade?

Serão três jogos decisivos, três únicos jogos, onde cansaço não pode ser desculpa para ninguém, que plagiando a grande Hortência, terão o tempo que quiserem para descansar ao se classificarem, e mais ainda, repetindo as palavras do também grande Wlamir, que ali (a quadra ) não é lugar para igualdades.

Que sejam felizes, audazes, e acima de tudo corajosos.

Amém.

Novo blog - http://WWW.paulomurilo.com

2 Comments:

At 11:45 AM, Blogger Clovim said...

Professor Paulo,

É a última vez que escreverei nesse formato, a partir do próximo texto, será na sua nova página... Hehehehehehehehehhe!!!!

Mais um texto maravilhoso, gostei realmente, é mais ou menos isso que penso sobre basquetebol... E só acho que MONCHO não irá implantar isso, pq o tempo é muito curto, talvez por isso, ele prefere manter nossas características, limitando ela, por um passe a mais!!!! E talvez por isso, que ele queira ficar até 2010, talvez pensando em deixar um legado para nós... Mudança de filosofia de jogo e de atitude em quadra... E até o Mundial, ele teria mais tempo para observar os nossos talentosos atletas e quem sabe assim, implantar o jogo de 2 armadores e 3 big mans altos e móveis!!!!

Que os deuses do basquetebol ouça suas palavras:"Que sejam felizes, audazes, e acima de tudo corajosos."!!!!!

Um abração!!!!

 
At 1:11 PM, Blogger Basquete Brasil said...

Prezado Clovis,e pensar que existe em nosso país pessoas capazes de desencadearem as tão ansiadas mudanças. Pena jamais serem ouvidas e convenientemente testadas,pois estão, correta e coerentemente,do outro lado do rio,naquela margem somente franqueda aos realmente bons,aos técnicos de verdade.Se existem? Os conheço de a muito.Não são muitos, mas o suficiente para mudarem as coisas,se convocados ao trabalho pelo único critério válido, o do mérito, e não o do Q.I.
Um abraço, Paulo Murilo.

 

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