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Prof.Paulo Murilo 

03 agosto 2007

ESTRELAS NA TV.

A coluna do Renato Mauricio Prado no O Globo de hoje menciona uma declaração do técnico da seleção brasileira de que “não será vergonha alguma” se o Brasil não se classificar, mais uma vez, para as Olimpíadas. O cronista esportivo discorda veementemente do técnico, e conclui sua nota afirmando; “O que não temos é organização e comando. E isso é uma tremenda vergonha”.

Aos poucas, bem devagar, a crônica esportiva especializada vai desnudando alguns conceitos pródigos em enunciados rebuscados, tais como “filosofias de trabalho”, “desenvolvimento de categorias de base”, “implantação de técnicas cientificas”, e outros menos votados, todos calcados no continuísmo de comissões técnicas fracassadas, mas com avais de dirigentes mais fracassados ainda. Comissões que inovam na inversão de valores, onde a grande estrela da companhia de repente, e mais do que repente, estabelece normas e exigências prontamente aceitas por quem jamais poderia aceitá-las, e que ferem o principio uno e inatacável do comando, comando este que agora já manifesta que não será vergonha alguma a não classificação olímpica.

Concordo com o cronista em sua afirmação final, e mais, discordo profundamente de todos aqueles que, em nome de uma possível classificação, omitem o capachismo interesseiro, oportunista e constrangedor a que se submete uma comissão “unida e uníssona” ante a influência de um delfin em sua função básica, a de comando.

Hoje mesmo à tarde, numa transmissão do Sportv, ao ser perguntado como atuaria na seleção o jogador Leandro, o técnico numero um esclareceu que com a vinda do Valter, seria quase certo que ambos liderariam a seleção como armadores, numa mudança bastante sintomática de que algo de “novo” vem transparecendo no âmago da seleção, e isso foi dito na presença de um dos técnicos da comissão, que chegava da Europa onde dirigiu a seleção Sub-19 no mundial da categoria, no qual, se utilizou permanentemente de dois, e até três armadores em toda a competição, rompendo unilateralmente “a filosofia de trabalho” imposta em todas as seleções nacionais, na qual alcançou uma boa quarta colocação, e do delfin, que com sua exigências técnicas e até administrativas foi o responsável pela convocação do excelente Valter. Rasgações de seda e rapapés não evitaram um que de constrangimento pairando sobre tantas cabeças pseudamente coroadas, num anticlímax do que poderá vir a ocorrer se a tão sonhada classificação não se concretizar.

Quando foi mencionada a decepcionante despedida do técnico da seleção feminina, em contraste com a satisfação pelo dever cumprido de uma outra despedida, a da formidável Janeth, o técnico numero um correu para esclarecer o “muito importante” fato de que o técnico aposentado continuaria na coordenação das seleções de base, função exercida também por ele, numa demonstração cabal de que a tão famigerada “filosofia de trabalho” estará mantida enquanto ambos lá permanecerem, fato este lastimável e desencorajador para o nosso combalido basquetebol.

E perante tão obscuro quadro, no qual lideranças e egos se entrechocarão sem duvida alguma, uns pouquíssimos pontos, aqueles que de alguma forma poderiam vir em socorro, se bem equacionados, de nossa maltratada seleção, talvez encontrassem eco nas mentalidades engessadas da comissão, tais como: Com o Valter e o Leandro na armação da equipe, quem os substituiriam normal e tecnicamente no fragor das partidas? Marcelo? Marcos? Alex? Ou os armadores puros Huertas e Matheus, desculpem, Helio, desculpem de novo, Fulvio, caramba, é engano demais, Nezinho, isso, ele é o convocado, mas, quem desses comporão o elenco definitivo se “realmente” atuarem com dois armadores? Olha que o delfin assim o exige, e por isso como substituí-los? Que bananosa hein, senhora comissão?

E os alas? Quantos irão, já que com a adoção da dupla armação suas disposições táticas dentro do sistema até hoje adotado sofrerão radicais mudanças? Hah, esqueci que todos eles, exceto o Guilherme, são considerados alas-armadores, com o “ insignificante” pormenor de que driblam mal e defendem pior ainda, ressalvado o Alex nesse aspecto. Como ficarão?

E os pivôs? Meus deuses, como tem massa e volume acumulada nessa convocação, agilidade e velocidade, noves fora, zero!. Talvez um pouco do Murilo e do João Paulo se diferenciem neste aspecto com relação aos demais. Aliás, nesse encontro televisivo, o delfin fez a mais absoluta questão de mencionar uma sua qualificação adquirida na NBA, a velocidade em suas ações ofensivas. Mas não esclareceu que a mesma somente foi alcançada com uma perda substancial de massa física, perda essa muito mais benéfica aos seus comprometidos joelhos, do que numa mudança de comportamento técnico.

Enfim, ao final desse encontro televisivo pairou no ar, não pelas questões propostas e respondidas no transcorrer do mesmo, uma sensação daquele tipo de vazio que transparece sem limites quando as dúvidas superam em muito todo e qualquer sentimento fundamentado nas certezas fundamentais, aquelas transpostas e incorporadas pela sinceridade e pela transparência de propósitos. Sinto profundamente não apor minhas esperanças perante tão e enevoada situação por que passa o grande jogo em nossa terra, e por isso reitero minha convicção de que mudanças urgentes e inadiáveis devam acontecer, para que possamos nos candidatar seria e competentemente para Londres-2012.

Mas como nessa terra de Santa Cruz milagres teimam em acontecer, quem sabe mais unzinho venha nos beneficiar? Que todos os deuses, olímpicos ou não nos ajudem. Amém.