Basquete Brasil
Discute a atualidade da modalidade no Brasil, e suas implicações a um possível soerguimento técnico.
24 junho 2008
COACH K...
Pronto, o Mike Krzyzewski soltou a lista de seus jogadores para as Olimpíadas de Pequim, com uma gradação de especialidades que é um verdadeiro chute em alguns e enraizados conceitos dos muitos, diria até, grande maioria de nossos técnicos e entendidos do grande jogo. Entendidos claro, em suas próprias convicções. Como explicar a “incompreensível” existência de três armadores puros e três alas-armadores tão técnicos e eficientes quanto aqueles, num país com a quantidade brutal de talentos que possuem, convocando tão somente UM pivô puro, um cincão como dizem exultantes, rútilos na visão mastodôntica que anteviam para aquela seleção, onde 2,12 m seria estatura desprezível? E completando a equipe com três alas puros e dois alas-pivôs ? O que pensa esse tal de coach K? Pois é meus caros entendidos, doutores dos sonhos inatingíveis de batalhas cruentas under basket, de dominação absoluta das “áreas pintadas”, da arte intimidatória, e dos tocos cinematográficos, como explicar tamanho descalabro? Um único pivosão? E dois alas que poderão ocupar tal cargo transcendental, somente dois? Quando o coach K afirmou após o mundial passado, que os americanos precisavam aprender a jogar como o restante do mundo, não estava brincando, e nem estava com as faculdades mentais alteradas. Simplesmente mencionou o óbvio, a nova realidade que teriam de enfrentar e se adaptar, se quisessem voltar ao topo do basquete internacional. O jogo dos mastodontes pesados e lentos tinha acabado, fato captado somente pelo D’Antoni do Suns, com seu basquete rápido e de mobilidade física total, e que foi paralisado em sua concepção pelo contrato do O’Neal. Não foi atoa que se transferiu para NY, em busca de sua concepção bloqueada em Phoenix. Mas o coach K não se rendeu às criticas e tentativas de se manter o status quo do basquete profissional americano, perdedor nos últimos torneios internacionais, e com aquele espírito renovador, somente encontrado no ambiente universitário, sempre aberto à pesquisa e busca do novo e do avançado, qualificou sua equipe, conceituando-a dentro dos preceitos vencedores de europeus e argentinos, para o encontro olímpico, onde atuando com dois armadores puros e três jogadores altos e habilidosos no ataque e na defesa, em movimentação constante e veloz, tentará superá-los dentro de seus próprios conceitos e técnica peculiar, onde pivosão nenhum se sentirá a vontade ao confrontar-se com seus velozes adversários. Então porque a presença de um único pivô pesado? Como ex-militar e bom estrategista, coach K o manterá como reserva tática, para aqueles momentos em que alguns de seus adversários escalarem um similar, tão pesado quanto o seu jogador. O que veremos, sem duvida alguma, é uma equipe longilínea, muito veloz, atlética, e talentosa nos fundamentos do jogo ofensivo, e muito mais, no defensivo, pois que fique claro aos entendidos, defesa também é fundamento, que deve ser bem aprendido, exaustivamente trabalhado, e centrado no arsenal técnico-tático de toda equipe que se preza. Desta base é que se estabelece o desenvolvimento ofensivo, que será eficiente na proporção direta ao sucesso defensivo. E o coach K bem sabe e conhece esses conceitos, que tentará provar e estabelecer na direção de profissionais, orientados em conceitos universitários, adaptados à realidade do basquete jogado e praticado fora de suas até agora inexpugnáveis fronteiras. E para o desgosto das carpideiras nacionais, presas ao espetáculo feérico e irreal da NBA, com seus astros multimilionários e arrogantes, que sempre voltaram as costas para o restante do mundo, inclusive, e em muitos casos renegando a volta às suas seleções nacionais, é tempo de uma mudança impossível de ser freada, pois em caso contrario tal esquema tenderá rapidamente a cair num descrédito de tal monta, que poderá abalar sua estrutura econômica, se um novo fracasso olímpico vier a ocorrer. Por tudo isso, assistiremos os profissionais mais bem pagos do mundo jogando o mesmo basquete praticado por aqueles não tão bem pagos como eles, obrigados pela obviedade técnico-tática que foram incapazes de adotar, com suas regras especificas e voltadas ao seu histórico egocentrismo. Dois armadores e três homens altos, rápidos e atléticos, sonho do Moncho ao aqui aportar, e sentir que a resistência seria grande, mas que aos poucos tenta estabelecer, apesar do descrédito daqueles que “acham “ que entendem o grande jogo, que torna-se pequeno para a grande maioria deles, cegos pela ignorância e pelo desconhecimento do que o mesmo representa para os verdadeiros e autênticos basqueteiros. Se ao concretizar tão radical projeto o coach K se fizer presente com dignidade e audácia nas Olimpíadas, mesmo assim será punido pela colonizada descrença daqueles cujos princípios de vida foram, são e serão ainda, por muito tempo, pautados por um tipo de supremacia exógena que nos esmaga e priva do raciocínio lógico e vital. Mas como não há mal que sempre dure, um dia as fichas cairão, e só peço aos deuses que esse dia não demore tanto a chegar. Amém.
5 Comments:
Professor, concordo com você em tudo que disse, principalmente no quesito de que muitos acham tal caracteristica de jogadores , não inútil, mas que não pode ser vencedora.
Mas uma coisa nao posso concordar, a de que o cincão deles, o Dwight howard, seja um pivo pesado e lento, muito pelo contrário, ele é forte sim (e como!) mas esta longe de ser lento e pesado, e tendo assistido ao pre-olímpico de Las Vegas, acredito que ele será titular, junto do Carmelo, do Kobe, do Lebron e do Kidd.
Abraços
Corrigindo. Como não acho que este time tenho um quinteto titular, o que disse não faz muito sentido, mas acredito que o Howard terá muitos minutos de jogo.
Prezado William,não discuto a mobilidade dele,mas sim o de se tratar do único pivô puro convocado,demonstrando com clareza a intenção do coach K. em duelar com os europeus e argentinos de igual para igual, principalmente dotando a equipe americana de estratagemas para enfrentarem defesas flutuadas e com ajudas constantes,antitese das defesas na NBA.Penetrações e enterradas serão muito mais dificeis sob aquelas condições defensivas, assim como os duelos em velocidade proximos às cestas.Ou seja,se renderam tática e técnicamente à realidade internacional, na tentativa mais do que válida de vencer com armas iguais,mantendo a superioridade inquestionável de seu preparo nos fundamentos do jogo.Tenho certeza que esse é o pensamento do coach K.Um abraço, Paulo Murilo.
Olá Professor Murilo,
Sei que não tem nada haver com esse texto que vc escreveu, mas a seleção do sul-americano acabou de vencer graças a uma mudança de mentalidade do Chupeta, que vinha começando os jogos com um armador e um ala, nesse jogo contra o Uruguai, começou com os dois armadores, um dando respaldo ao outro, MANTEGUINHA e HÉLIO... Provando mais uma vez que vc está certo, em bater na tecla de jogar com dois armadores e 3 alas altos e móveis!!!
E amanhã veremos em que estágio está nossa seleção do pré-olímpico!!!! E vamos ver se temos condições de beliscar uma vaga, não é mesmo????
Um abração!!!!
Prezado Clovis,se defendo essa formação é porque a utilizo desde sempre,fundamentado num aspecto óbvio do jogo: a necessidade premente de que as ações em torno do perímetro externo sejam mantidas por todo o tempo,e em qualquer ponto do mesmo.E isso só se torna possível com a utilização de dois armadores técnicos,capazes de municiarem ininterruptamente os homens altos da equipe,além de estabelecerem as ações optativas decorrentes.E fundamentalmente,
exercerem com firmeza o controle e o comando do sistema defensivo.Se nossos técnicos se voltarem para essa realidade,teremos dado um passo formidável no sentido de nossa independência técnico-tática.
É isso meu prezado Clovis. Um abraço, Paulo Murilo.
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