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Prof.Paulo Murilo 

21 agosto 2008

EDUCAÇÃO, MEDALHAS E...FUNK

E as Olimpíadas vão chegando ao fim, com a fantástica delegação brasileira de mais de 250 atletas e outros tantos dirigentes, convidados e apaniguados, garimpando 1 medalha de ouro, 2 de prata e algumas poucas de bronze, deixando para trás as grandes perspectivas de quebra de recorde em competições anteriores. Mas o recado dado pela direção do desporto brasileiro, de que tal representação dimensiona a capacidade nacional para organizar os Jogos em 2016, emite um alerta voltado à consciência do cidadão comum, de que algo não soa muito bem ante tanta pretensão, disfarçada em poderio sócio-político de um país que ainda se mantém às raias da injustiça social que divide a população entre os cada vez mais ricos, e os cada vez mais pobres, afastados de uma educação de qualidade, que deveria ser a prioridade absoluta governamental, para que num futuro à médio-longo prazo o país, em seu todo, se fizesse representar através padrões de qualidade de vida, entre os quais a participação olímpica, resultante de um trabalho massificado e democrático advindo de seu processo escolar, direito inalienável e constitucional de todo cidadão brasileiro.

E um bom exemplo da incúria administrativa na área escolar, nos é dado em duas pequenas notas publicadas no O Globo de hoje, em sua coluna Gente Boa:

O barato do funk/1

A Secretaria Estadual de Educação firmou parceria com a Furacão 2000 e vai lançar festival de funk para alunos da rede pública. Finalistas mostrarão as músicas – sempre com temas ligados à sexualidade na adolescência – em bailes-matinê.

O barato do funk/2

Tereza Porto, a secretária de Educação que promove o concurso, começa a se ambientar no assunto. Sábado, vai ao baile no Castelo das Pedras: “Quero me informar e estudar a linguagem”.

Como podemos ver e atestar, são estes os paradigmas que influenciarão nossos jovens em seus tempos livres, nos quais educação física, esportes, artes plásticas, teatro, música, artes manuais, cederão seu já escasso, e muitas vezes negado tempo curricular, aos maneios e rebolados grupais que imperam nas demonstrações altamente educativas do funk.

Esse é um dos muitos exemplos de como nossos governantes encaram a escola em seus desgovernos. E ainda se atrevem em propugnar verbas descomunais para fabricar uma candidatura olímpica, cujos beneficiados serão somente aqueles que dilapidarão as vultosas verbas em construções megalópicas e superfaturadas, em projetos milionários de publicidade e compra de adesões políticas, em promessas de melhoria nos transportes e na segurança que jamais serão exeqüibilizadas, deixando órfãs gerações de jovens, que serão deixados covardemente para trás em seus direitos de uma vida melhor, digna e justa.

Por que falar de uma medalha olímpica forjada numa universidade americana, ou nos raros exemplos de prata alcançados esporadicamente e fora da realidade esportiva do país, assim como os parcos bronzes conquistados por uma minoria que mantém com seu esforço uma casta diretiva que, passados os meses subseqüentes os abandonarão até às vésperas da próxima Olimpíada?

E como explicar o sumiço das transmissões esportivas daquele momento maravilhoso da abertura olímpica, onde no meio daquele majestoso cenário se abriu uma singela sala de aula, com uma professora e seus jovens alunos mostrando ao mundo qual o verdadeiro sentido de toda aquela demonstração de pujança, esportiva e tecnológica, senão ali, numa sala de aula, na escola, na educação de um povo. Claro que não interessa mostrar tais insignificâncias ao povo ignaro, pois em caso contrário como poderiam abiscoitar o velocino de ouro tão desejado?

Agora mesmo, quando o recente e aprovado piso salarial de todos os professores no país é contestado veementemente por governos municipais e estaduais, que jamais se levantam contra a gastança desenfreada de seus representantes do povo, podemos avaliar o quanto essa corja teme a possibilidade de ver o povo que os elegem, educado e culto, e por isso mesmo capaz de discernir quais os caminhos a serem tomados e a seguir. Esporte é uma manifestação popular que representa o estágio vivenciado por um povo. E nada mais justo que essa experiência de vida seja iniciada, desenvolvida e vivenciada no âmbito escolar, centro difusor das qualidades deste mesmo povo. Medalhas serão conseqüência dessa realidade, que jamais serão alcançadas pelas voluptosas oscilações de nossas infelizes crianças em festivais escolares de funk.

Que os deuses protejam a juventude do país.

Amém.

2 Comments:

At 3:58 AM, Anonymous Anônimo said...

Professor Paulo Murilo,

Ha muito venho discutindo com a minha esposa que tbem e do ramo e se eu me recordo bem - discutimos isto em nossa ultima reuniao, mas devido aos resultados e performance de nossos jogadores em jogos decisivos especialmente nesta ultima Olimpiada, volto a acreditar, claro que nao baseado em estudo, de que nossos jogadores e atletas em sua grande maioria nao possuem o controle emocional e a frieza necessaria para ganhar jogos decisivos ou pelo menos para manter um nivel de performane do mesmo nivel de um jogo amistoso. Aco que este problema e cultural como tambem retrata a falha na programacao e de planejamento no treinamento de nossos atletas e selecoes. Ate breve.

 
At 1:12 PM, Blogger Basquete Brasil said...

Concordo com você Walter.Exceto pelas seleções de voleibol nas modalidades coletivas, e um ou outro esporádico atleta,esse é o problema maior que nos aflige nos momentos de decisão, refletindo a indigência educacional,cultural e consequentemente desportiva da maioria do povo brasileiro. Um abraço,Paulo.

 

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