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Prof.Paulo Murilo 

12 agosto 2008

MUDAR PARA SOBREVIVER...

O novo sistema durou menos de 48 horas. Contra a Austrália voltamos ao velho e confiável (?) sistema com uma única armadora, e exatamente contra a equipe que mais desenvolveu a dupla armação, sendo que a melhor delas tem 1,62m de estatura! Que, aliás, deu um baile de técnica e velocidade em toda jogadora nossa que se atreveu a marcá-la.

Também regressamos ao posicionamento constrangedor da bola acima da cabeça, executado por alas e pivôs que vinham para fora do perímetro executar a coreografia padrão do nosso basquetebol.

É sumamente doloroso vermos repetidamente, ano após ano, seleção após seleção, masculina ou feminina, de divisão de base ou adulta, rezarem pela mesma cartilha, onde o posicionamento obrigatório de todo jogador que se preza ao receber um passe, que é o de se postar na posição de tripla ameaça, ser substituído pela empunhadura da bola acima da cabeça, a fim de servir de ponto de passagem de uma serie interminável de passes, como que obedecendo um script odioso e castrador de toda condição de autonomia que vizasse um ato criativo. E previamente sabedora desse engessamento técnico-tático, bastou a equipe australiana, numa engenharia reversa de quem conhece e domina profundamente todos os caminhos possíveis daquele sistema, cortar as linhas de passes, numa atitude antecipativa, para aniquilar nossas parcas esperanças de vitoria, já que dominadas e anuladas no nascedouro.

O posicionamento de tripla ameaça, onde o jogador se qualifica ao drible, ao passe ou ao arremesso, caracteriza o principio de domínio dos fundamentos básicos do jogo, mantendo-o no foco da ação, independendo de ação individual ou coletiva, e que é a condição definidora da qualidade do mesmo, e que independe do sistema de jogo a que estiver agregado, pois seja qual for, somente justifica sua existência e aplicabilidade se for desenvolvido por jogadores que dominam os fundamentos, tornando-os exeqüíveis e coerentes.

Creio que é chegado o momento de mudarmos drasticamente o foco de preparação de equipes em nosso país, hoje partindo dos sistemas e a conseqüente adaptação dos jogadores aos mesmos, para uma concepção inversa, ou seja, que sistemas sejam criados e desenvolvidos de acordo com as características dos jogadores envolvidos num processo de aprendizado enérgico e profundo dos fundamentos individuais e coletivos, tornando-os cúmplices de suas habilidades, e nunca inibidores das mesmas, como ocorre sistematicamente entre nós na formação de base.

Lógico que, uma grande maioria de técnicos-estrategistas, como são definidos aqueles que colocam o sistema como prólogo de qualquer formação de equipe, e que secundarizam os fundamentos do jogo, muito mais por que os desconhecem didático-pedagogicamente, do que o reconhecimento de sua validade inquestionável, se colocarão radicalmente contra essa inversão de prioridades, já que conotam seus” vastos conhecimentos estratégicos”, muito acima da subalterna condição de preparadores de jogadores, que é exercida, segundo eles, por aqueles destituídos da “sabedoria dos bancos”, e que exercem a função menor de ensinar os fundamentos, ação destinada unicamente como abastecedora de matéria prima para suas mágicas e extraordinárias coreografias de prancheta.

Esse posicionamento criminoso nos levou ao atoleiro técnico-tático em que nos encontramos, mascarado pelo enganoso e falso sucesso nas competições nacionais e algumas poucas em nosso continente, e que se desnuda quando confrontado com as grandes competições internacionais, onde jogadores, independendo de posições e estatura, manejam o corpo, a bola e a mente com maestria, dominando integralmente os fundamentos, e claro, com tais qualificações, fazendo fluir todo e qualquer sistema de jogo a que estiver agregado, e jamais ao contrario, como nós.

Exatamente por estes princípios estamos sendo derrotados nas competições internacionais, em todas as faixas etárias, onde baixas coreanas ou altas australianas, assim como gregos e argentinos, nos vencem por serem melhores executantes dos fundamentos do que nossas esforçadas e talentosas jogadoras e jogadores, mesmo que utilizando sistemas de jogo semelhantes, porém estruturados e baseados na qualidade de execução e domínio dos fundamentos.

Nos dois jogos que perdemos na competição olímpica, a discrepância na execução dos fundamentos chegou à raia do absurdo, envolta no absurdo maior de um mascaramento tático que só se justificaria através uma equipe solidamente preparada nos mesmos, o que jamais aconteceria, pela inexistência desta essencial qualificação. E os jogos futuros demonstrarão cada vez mais esta deficiência crônica, que é perpetuada por aqueles que se negam a descer de suas falibilidades estruturais, mas que mantêm aquela falsa e enganosa aureola de napoleões de galinheiro.

A cada drible interrompido por um tropeção, a cada finta abortada por imprecisão no domínio do corpo, a cada passe perdido pela inadequação do momento preciso para executá-lo, a cada rebote falseado pela errônea escolha do acompanhamento da bola e não do oponente, a cada arremesso falhado pelo desconhecimento dos princípios de domínio de um objeto esférico e seus comportamentos, a cada falha defensiva pelo cruzamento sistemático das pernas, e a cada derrota motivada pelos pontos enumerados, todos pré-requisitos à consecução de qualquer sistema de jogo, a qualquer sistema defensivo, que se lembrem os técnicos, os falsos e os verdadeiros, os jovens e os veteranos, os badalados e os mais humildes, de que toda casa de qualidade necessita de bons alicerces, de que cada jovem iniciante, e mesmo os mais experimentados jogadores, necessitam, muito e muito antes do que sistemas de jogo, o pleno domínio dos fundamentos, que é o fator determinante para que aprendam simplesmente a jogar basquetebol.

Um projeto técnico de longo alcance se faz urgentemente necessário para tentarmos soerguer nosso basquetebol, mas num ponto tenho a mais absoluta certeza, a de que com essa administração caótica, pretensiosa e incompetente, que rege às avessas o basquete nacional, e que é blindada ao controle de suas iniciativas e orçamentos, por órgãos não interessados na soerguimento do basquete entre nós, não sairemos do estágio atual, a não ser que uma mobilização profunda e compromissada inicie agora, sem protelações, a busca e retomada do poder confederativo para exequibilizar tão ansiadas mudanças, dentro dos primados democráticos previstos na lei desportiva do país.

É possível tal mudança? Creio que sim, e na proporção direta do interesse e engajamento de todos aqueles que amam o grande jogo, na grande tarefa de convencer os clubes estaduais da necessidade de elegerem presidentes de federações alinhados às mudanças propostas, e na escolha de um nome de consenso para concorrer à presidência da CBB, única maneira de salvar o que ainda resta do outrora basquete campeão mundial e medalhista olímpico.

Amém.

6 Comments:

At 10:45 AM, Anonymous Anônimo said...

SOBRE A COLUNA O SOM DO SILÊNCIO

ALO PROFESSOR SOU AQUELE DA LUTA OLIMPICA MEU NOME É MARCELO AUGUSTO E TENHO AQUELE SITE NO YOUTUBE
WWW.YOUTUBE.COM.BR/TECNICASGOLPESBR
É SO ENTRAR NA SITE DA CONFEDERAÇÃO DE LUTA OLIMPICA WWW.CBLA.COM.BR QUE O SENHOR VAI CONSTATAR AQUILO QUE O SENHOR COMENTOU COM TANTA PROPRIEDADE ESTAMOS ENVIANDO UM ATLETA SO QUE O TECNICO QUE CONSEGUIU A VAGA FOI SUBSTITUIDO PELO DIRETOR TECNICO E O PRESIDENTE É O GAROTO PROPAGANDO DO SITE TIRANDO FOTO E TUDO MAIS ACHEI QUE TAL SITUAÇÃO TINHA MUDADO AFINAL DE CONTAS A LUTA OLIMPICA É UM ESPORTE BARATO E COM GRANDE POTENCIAL DE CRESCIMENTO NO BRASIL MAS DA MANEIRA COMO É VISTO FICA DIFICIL ESTA EVOLUÇÃO ENTRE NO SITE QUE VAI NA DIREÇÃO DO SEU COMENTARIO AS VEZES ACHO QUE ESTOU PERDENDO MEU TEMPO PESQUISANDO VIDEOS TECNICOS DE GOLPES E DE COMPETIÇÕES PARA AJUDAR NA FORMAÇÃO DE ATLETAS QUANDO NA VERDADE A CONFEDERAÇÃO SO QUER É VIAJAR E SE ETERNIZAR NO PODER E VENDER UMA IMAGEM QUE ESTA EVOLUINDO A MIM NAO ME ENGANA MAIS,
UM ABRAÇO

 
At 2:19 PM, Blogger Basquete Brasil said...

Prezado Marcelo,como vemos,não só no basquete estes desvios de conduta acontecem.É como uma onda daninha de gafanhotos destruindo o que ainda resta de puro e honesto no desporto nacional.E para combatê-los novas armas e argumentos têm de ser empregados.Lutar pela educação física e os desportos na escola seria a estratégia correta,já que dificultaria bastante a intromissão dos mesmos, onde a qualificação obtida pelas licenciaturas os afastariam naturalmente.Esse é o fator determinante que tem de ser combatido e negado por estas verdadeiras quadrilhas patrocinadoras do culto ao corpo, e que segundo o Atlas do comte.Lamartine movimenta 12 bilhõs de reais anualmente.É uma briga monumental e de dificil e incerto desfecho. Um abraço,
Paulo Murilo.

 
At 11:31 AM, Anonymous Anônimo said...

PROFESSOR , INFELIZMENTE HORTENCIA, PAULA, MARTA, JANETE E A GERAÇÃO POS PAULA E HORTENCIA COMO HELEN, ALESSANDRA, CINTIA TUIU, LEILA E OUTRA QUE MINHA MEMORIA NAO SE LEMBRA FORAM E NESSES CICLOS OLIMPICOS O SR GREGO NAO FEZ NADA PARA CRIAR UMA ESTRUTURA PARA O BASQUETE FEMININO ACOMPANHO O BRASILEIRO FEMININO PELA SPORTV E O QUE VEJO NESSES ANOS TODOS UM BRASILEIRO FEMININO ABANDONADO UM CATA TIME PARA TER UM TORNEIO COM OITO EQUIPES E AS VEZES TERMINA COM SO SETE EQUIPES TODAS ESTAS DERROTAS REFLETE BEM O QUE SE TEM NA SELEÇÃO, PARA SER TER UMA SELEÇÃO FORTE PRECISA TER UM CAMPEONATO FORTE FOI ASIM QUANDO O BRASIL FOI CAMPEAO MUNDIAL EM 94 E PRATA EM 96, FICA DIFICIL POIS O SR GREGO GOSTA DESTA SITUAÇÃO PRECARIA QUE SE ENCONTRA O BASQUETE BRASILEIRO FEMININO ACUMULANDO DERROTAS NUMA OLIMPIADA O MASCULINO EM DECIMO SETIMO LUGAR NO ULTIMO MUNDIAL NAO SE CLASSIFICOU PELA TERCEIRA VEZ E PERGUNTO AO SENHOR QUAL SERA O MAIOR PRESENTE QUE O SR GREGO VAI GANHAR ANO QUE VEM? E EU RESPONDO A SUA TERCEIRA REELEIÇÃO COMO PRESIDENTE DA CBB TA NA HORA DA ELETROBRAS, MINIST. DOS ESPORTES O COB SE MOBILIZAR PORQUE SE NAO, É FECHAR A TAMPA E ENTERRAR DE VEZ O BASQUETE BRASILEIRO TOMARA QUE EU ESTEJA ENGANADO UM ABRAÇO

MARCELO

 
At 10:18 PM, Blogger Basquete Brasil said...

Prezado Marcelo,infelizmente você pode estar certo.Se não acontecer uma tomada de consciência no seio da comunidade basqueteira, o nosso helênico presidente emplacará mais uma vez.E o que virá depois sequer imagino. Um abraço,
Paulo Murilo.

 
At 4:51 PM, Anonymous Anônimo said...

Prezado Prof.Paulo Murilo, li neste momento no Databasket, a desculpa mais deprimente que um profissional chamado Cristiano deu para justificar sua saida da seleção, quando é sabido aqui no Rio que não foi problemas particulares.Sinceramente que preço uma pessoa paga para se manter na CBB.Será que esta atitude do Cristiano se inclui naquele texto do Prof.Ronaldo???deixo par avaliação de todos.
Gostaria que se o Cristiano que deve acessar este blog, tivesse a paciência de ler este meu repudio a sua atitude.Sou carioca e fico envergonhado com as suas declarações Cristiano,conheço bem como funciona a coisa, aqui todo mundo sabe os motivos que levaram vc e o Marcio Bronquinha pedirem dispensa, não foi o que esta escrito no Databasket, no meu entender ficaria mais profissional e ajudaria mais o basquete brasileiro, vc dizer o que realmente aconteceu, acho que essas suas declarações colocará todo seu trabalho e profissionalismos em duvida perante aos atletas e aos demais tecnicos do país, vc sabe que mais tarde este ou aquele que esta na comissão ou mesmo jogador comenta. Se fez isto para se manter na CBB ou mesmo por pressão ou ameaça ou sei la o que, somente nos resta a entender e ter pena das suas declarações, mas cada com seu cada e vc tem o seu cada um, apesar de não acreitarmos temos que respeitar, apesar de tudo.
Acho que seria mais correto e altivo, vc se manter calado, do que veicular este tipo de resposta encomendada, muito comum quando politico perde cargo e que não convence ninguem que perdeu, tenta se justificar com esta frase padrão PROBLEMAS PARTICULARES.
Afinal Marcio o filho do Birabello foi convocado e quem foi cortado, seria bom vc dizer isto pelo menos para a comunidade do basquete
brasileiro.
Paulo Gutemberg

 
At 11:02 PM, Blogger Basquete Brasil said...

Prezado Paulo,preços são estipulados para serem pagos ou cobrados, nos devidos momentos e em devidas situações.Se as partes interagem obedecendo as regras de um jogo,e se o mesmo é obscuro e vedado ao conhecimento público,tudo o que daí advir também o será.Logo,muito pouco podemos deduzir de tão lamentável episódio,na medida em que as partes envolvidas assim o estabeleceram.
Um abraço, Paulo Murilo.

 

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