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Prof.Paulo Murilo 

13 agosto 2008

NADA, NADINHA...

Dois meses atrás uma reportagem sobre a preparação das seleções brasileiras, apontava para um protocolo entre a CBB e uma universidade paulista, no intuito de promover testes e aferições físico-cardio-pulmonares que, segundo o mesmo, dariam aos técnicos e preparadores físicos condições de adequarem seus treinamentos na busca do melhor condicionamento atlético possível, fator determinante a altas performances das equipes.

Muito bem, testes e aferições feitas através espirometrias, controles e aferições cardíacas , débitos de oxigênio, dobras cutâneas, saltometros , pliometros, fadigas induzidas, e não sei mais quantas “pesquisas”, e o que temos visto de relevante perante tanto cientificismo de última hora? Em termos de basquetebol, de ciência do treinamento, planejamento, estratégia e fundamentação técnico-tática, rigorosamente nada. Como nada transparece do excesso de adiposidades nada atléticas de muitas jogadoras desta seleção, fazendo da lentidão ofensiva, e principalmente defensiva, um cartão de visitas às avessas de todos os “doutores” responsáveis pelos avanços tecnológicos trombeteados mercadologicamente pela mídia, também nada especializada. Quando muito, a lastimar o tempo precioso de treinamento perdido nas elucubrações megalomaníacas e oportunistas de uma turma de cientistas que nada, nadinha, sequer desconfia o que seja desporto de alta competição, e suas exigências especificas, basicamente no aspecto técnico e de execução do mesmo, um degrau acima de seus relativos conhecimentos de fisiologia laboratorial.

E o que vimos na prática, principalmente nos momentos mais decisivos enfrentados por esta seleção, senão a cobrança irrecorrível de uma péssima seleção de valores, onde os mais primários conceitos de preparação física e adequação morfológica foram esquecidos, substituídos por uma imagem antítese do que deve representar uma equipe bem preparada física, técnica e emocionalmente. Como enfrentar pivôs adversárias esguias, porem fortes, velozes e elásticas, antepondo-as com massa adiposa raiando a obesidade? Onde estavam os cientistas para reduzir esta variável contraproducente à equipe e às suas pesquisas?

E também, como acompanhar defensivamente bem posicionadas as armadoras velozes e enxutas que enfrentamos, com um par de veteranas de excelente técnica, mas comprometidas pelo excesso de peso, fazendo-as alvos fáceis de dribles e fintas, e nulas nas tentativas de bloqueio a arremessos de longa distancia? E o pior de tudo, deixando no país a única armadora capaz de acompanhá-las e enfrentá-las paritariamente? De que adiantou a mudança de atuar com duas armadoras, se as mesmas, pela lentidão física não conseguiam exeqüibilizar suas rápidas percepções e opções ofensivas?

E foi exatamente essa limitação física que nos derrotou nos segundos finais da partida. A veloz e técnica Zobota recebe um passe seguro e sem anteposição defensiva, dribla para a cabeça do garrafão, reverte a direção, facilitada pelo cruzamento de pernas da Claudia, que é um sintoma claro de deficiência no deslocamento lateral motivado pelo excesso de peso nos quadris, comprometendo a flexibilidade de suas articulações inferiores, e ante a lentidão da Adriana, que impossibilita uma dobra salvadora, dribla entre as duas, enfrenta uma Ega relutante em se desgarrar da pivô que marca, e simplesmente faz uma bandeja frontal, dando a vitoria à sua equipe.

A ironia disso tudo, é que bastaria aguardar a equipe lituana numa formação zonal, fechando o garrafão e acompanhando de perto, até mesmo pela Claudia, ou melhor, pela Karla,mais veloz e enérgica, a mesma Zobota, para que não restasse à mesma a única opção de um arremesso longo, que naquelas circunstâncias ofereceriam a equipe brasileira uma chance bem maior de que a mesma errasse, ao invés de se ver derrotada por uma simples bandeja. Mas este pormenor tático, somente é facultado à percepção de técnicos experimentados, rodados, e rigorosamente antenados às potencialidades, necessidades e limitações das equipes que dirigem, principalmente em seleções nacionais. Uma visita aos bancos das equipes participantes desta Olimpíada, mostra o mar de cabelos brancos dos que lá estão, demonstrando seus conhecimentos, seus conceitos, suas lideranças, como premio maior pelo seu longo aprendizado, pelo longo e pedregoso caminho que percorreram e mereceram lá estarem, por mérito.

Que na próxima competição internacional, tenhamos um preparo mais acurado, recuperando fisicamente nossas melhores jogadoras, convocando com mais justiça, premiando a quem realmente se faz merecedora de envergar a camisa da seleção, afastando pesquisas oportunistas e inócuas, privilegiando todo o tempo disponível à melhoria das técnicas individuais e coletivas, para ai sim, promover sistemas de jogo adequados e factíveis às mesmas, pronunciando suas qualidades e atenuando suas deficiências, num todo homogêneo e vencedor.

Acredito que nossas jogadoras fizeram o seu melhor, se empenharam e foram diligentes e disciplinadas. Mas não foi o suficiente, assim como não foram suficientes e aceitáveis as opções de convocação e preparação da equipe em seu todo. Que terminem sua participação olímpica com dignidade e honra, pois merecem muito mais do que tiveram e alcançaram.

Amém.

12 Comments:

At 4:34 PM, Anonymous Anônimo said...

Professor, apos a derrota para a Coreia, daquela forma, o que esperar da Seleção ?
Estamos no fundo do poço com nossas seleçoies e porque nao, nosso basquetebol, mas os "entendidos" e nao menos arrogantes que dominam o basquetebol nacional acreditam que estamos no mesmo nivel de Australia, Argentina, Gercia, Espanha ...

então .. nos resta esperar pelas eliminaçoes cada vez mais vergonhosas ..
Uma ´pena

E hoje temos a Russia ! Já sabemos o final antes de comçer o filme .. isso é o pior.

Um abraçao, Henrique Lima

 
At 6:40 PM, Blogger Basquete Brasil said...

Prezado Henrique,imagine então como me sinto por ter previsto tudo isto com enorme antecedência? Nada pior do que uma morte anunciada,sem contemplação.Mas também tenho divulgado soluções,e não desculpas e remendos, simplesmente soluções.Se ouvirão? Sei, bem sei que sim, mas entre ouvir e aplicar vai uma diferença enorme, como tão enorme é a capacidade insgotável dessa turma em destruir. Mas não perco a esperança de um dia vê-los pelas costas,para o bem do grande jogo. Um abraço,Paulo Murilo.

 
At 7:17 PM, Anonymous Anônimo said...

Prof. Paulo Murilo,

Inicialmente ressalto estar abordando assunto não especificamente relacionado a este tópico.

Durante o jogo Argentina x Croácia (14/08), na transmissão da ESPN, o Wlamir Marques fez o seguinte comentário (ou assim entendi):

- O armador argentino Prigioni, ao contrário dos armadores das outras seleções, não participa intensamente das rotações de ataque, mantendo quase sempre fixa sua posição central. Tal fato permitiria a ele distribuir os passes decisivos, utilizando-se de sua maior habilidade para tal. Não criticou forma diferenciada de atuar mas ressaltou que não via seleção atuando da mesma forma.
Complementou que por diversas vezes acompanha pivôs e não armadores efetuando tal função, o que fugiria das caracteristicas e habilidades principais do pivô.

Gostaria de saber se observa a mesma característica na Argentina e se concorda com a observação do Wlamir Marques.

Abços.

 
At 10:19 PM, Blogger Basquete Brasil said...

Prezado jdinis,Aleluia! Parece que aos poucos alguns mais estudiosos estão redescobrindo a roda.Realmente,o pulo do gato argentino é exatamente este,armadores trabalhando fora do perimetro, sempre no foco das ações, e não disputando maratonas apelidadas de rotações.E não só argentino, pois utilizo este sistema a pelo menos 30 anos, em todos os campeonatos de que participei, e em todas as categorias.Mas como santo de casa não faz milagres, o exemplo portenho é que vale para a "turma do melhor tem de ser estrangeiro".O meu proximo artigo sobre Sistemas,abordará exatamente esse comportamento técnico-tático,inclusive com videos de 12 anos atrás.E posso afiançar a você, que muitos dos maiores técnicos, analistas e jornalistas de nosso basquete, além da turma da CBB o conhece muitissimo bem, pois muitos deles sempre assistiam jogos de minhas humildes equipes.Se não aprenderam e não se utilizaram do sistema, é algo que entendo muito bem, já que colonizados e bitolados pelo monumental prét a porter em que transformaram o basquete brasileiro. Um abraço,
Paulo Murilo.

 
At 10:41 AM, Anonymous Anônimo said...

Professor Paulo,
faço coro com Jdinis e peço para o senhor fazer suas belas analises sobre os sistemas, ou o sistema, empregado pelas seleções no torneio masculino ou feminino.

E se houver diferenças gritantes explicarmos.

Acredito que a Lituania também jogue um pouco diferente do que temos visto por aí, mas só acredito pelos bons resultados até aqui no Europeu e neste torneio olimpico.

Acho que eles acordaram apos o sétimo lugar no Mundial de 2006.

Mas isso é um palpite porque vi os lituanos jogarem muito pouco para expor uma opinião mais profunda do sistema de jogo deles.

Abraço,
Henrique

 
At 4:12 PM, Blogger Basquete Brasil said...

Prezado Henrique,prometo que o farei,assim como explicarei as razões de não o ter feito antes.Creio que você já deve ter entendido o porque.Hoje mesmo, no jogo contra a Russia já não vimos a Adriana executar as famosas rotações, mesmo quando da presença da Cladia junto a ela na armação.Desespero dá nisso, usar o que não sabe nem domina.Fazer por ouvir dizer é uma coisa,preparar uma equipe para mudanças é outra.Mas tudo vale para justificar erros e omissões. Um abraço, Paulo Murilo.

 
At 4:34 PM, Anonymous Anônimo said...

Professor Paulo Murilo,
Sei que o meu comentario nao esta relacionado a sua analise, mas nao aguento mais - assitir a falta de planejamento olimpico e a performance de nossas selecoes nos jogos de Pequim. E uma vergonha!

 
At 10:17 PM, Blogger Basquete Brasil said...

E como você acha o que sinto em plenas madrugadas assistindo tanta bobagem, tanta falta de sensibilidade técnica? E de como fico envergonhado na penumbra de uma sala à frente de uma tela transmitindo imagens tão crueis? Nosso basquete não merece tanta falta de vergonha na cara, tanta falta de conhecimento.Lamentável.
Paulo Murilo.

 
At 9:39 PM, Anonymous Anônimo said...

Professor sou do tempo que o estadual de basquete era formado por 12 equipes disputando o adulto clubes como o municipal, canto do rio, olaria, makenzie, tijuca , hebraica, grajau, flamengo, botafogo, vasco, fluminense, jequia, america e etc o ultimo estadual tiveram que trazer equipes de outros estados para ter oito equipes, agora o povo brasileiro esta vendo como se encontra o basquete brasileiro e ainda vem o Oscar falar em massificação, massificação passa por colegios, praças publicas que tem muitas espalhadas pelo nosso municipio e o que nos vemos sao tabelas destruidas e sem falta de manutenção, ai eu pergunto ao Grande Oscar massificar talvez seja a solução mas sem uma politica esportiva cade o ministro dos esportes, o cob, a cbb(o tal gringo so quer saber de eternizar no poder) mas tudo que esta acontecendo é otimo pois assim fica claro como anda o nosso basquete é ridicula esta seleção de basquete ate o handebol vem crescendo no nosso pais fazendo uma campanha melhor que o basquete, no handebol a uma massificação sei porque sou coordenador do intercolegial e é a modalidade com mais colegios inscritos, daqui a pouco obrasil joga com a bielorussia sera mais um vexame talvez nao se classificar para a segunda fese de um grande torneio ja virou moda no basquete brasileiro, é triste muito triste , augusto

 
At 2:30 AM, Anonymous Anônimo said...

Professor Paulo Murilo,

Concordo com o comentario do "anonimo" - isto tudo deveria ser cobrado - cobrancas estas deveriam ser dirigidas ao ministerio do esporte e secretarias estaduais que deveriam cobrar de suas federacoes e confederacoes - fortunas sao entregues as confederacoes para participacao e preparo de suas selecoes para competicoes internacionais - levamos a maior delegacao para os jogos olimpicos e o numero de medalhas ate o momento retrata a falta de planejamento e de uma politica esportiva. Nao e concebivela falta de planejamento - por exemplo o basquetebol feminino - o tecnico principal passa o bastao no ano da Olimpiada - jogadoras principais se despedem da selecao - levamos jogadoras para os jogos olimpicos sem experiencia Internacional, e por ai vai... Em outros esportes tivemos atletas chegando na China um dia antes da competicao e isto tudo com a verba do governo! E ou uma Brincadeira! Nao quero ser um chato e apenas criticar - pois desejo o melhor para o esporte brasileiro e povo! Ate breve.

 
At 1:19 PM, Blogger Basquete Brasil said...

Prezado Augusto,sem duvida alguma,sua colocação é pertinente e justa.Ainda mais quando você exerce uma coordenação de esporte colegial,o grande vetor criminosamente discriminado, tanto pelo governo central, como estadual,numa prova inconteste de que é um assunto fora dos interesses dos mesmos.Na página "História" do O Globo de 16 de agosto,uma observação de Jemina Kindersley no século XIX,ao visitar o país:"É política assente do governo manter o povo na ignorância, já que isso o faz aceitar com mais docilidade as arbitrariedades do poder", demonstra com clareza,desde priscas eras que sempre foi essa a politica de todos aqueles que desejavam a manutenção do poder.E é a mesma politica dos tempos atuais.Infelizmente essa é a dura e cruel realidade. Um abraço,
Paulo Murilo.

 
At 1:27 PM, Blogger Basquete Brasil said...

Walter,como combater essa mafia que se encastelou no comando do desporto nacional, se até as candidaturas de criminosos aos cargos politicos municipais foram sancionadas pelo STF? Vivemos a mesma época da bandidagem de Chicago nos anos 30,que é a distância em décadas que nos afasta dos paises mais desenvolvidos.E lá,não foram nem policia,nem governo que desmontaram a criminalidade, e sim o povo através o voto consciente,já que educado. Um abraço, Paulo.

 

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