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Prof.Paulo Murilo 

05 abril 2005

COMANDO EXPLÍCITO

E a final aconteceu,e para que nenhuma dúvida ficasse no ar gravei a dita cuja em velocidade SP,a melhor.Não precisei nem revê-la para confirmar observações anteriores,pois,acima de qualquer dúvida,o óbvio foi mais que ululante.North Carolina e Illinois fizeram uma final,perante 50.000 mil espectadores(pagos com certeza)onde as estrêlas se encontravam FORA da quadra,e não DENTRO,como deveria ser pelo espírito da competição e da luta.Até paletó cor de laranja se fez presente,assim como as pranchetas reinaram absolutas.Para a inveja de muitos de nossos técnicos,seus colegas americanos podem pedir vários tempos,de curta ou longa duração(cronometrei seis deles com mais de três minutos para permitir a inserção de comerciais),o que de certa forma os colocavam no comando direto a cada três ou quatro posses de bola. Jogadores pressionados ou sem opções de passes também podem paralisar o jogo, para que os técnicos "desenhem"as movimentações técnicas.Ou seja, jogador não pode ter livre arbítrio,deve e tem de seguir movimentações estabelecidas por seus técnicos,e se num rompante de individualidade fugir do prescrito sua substituição é quase automática.Illinois optou pelo jogo baseado nos três pontos(até em contra-ataque o tentaram)e na fortíssima defesa.North Carolina apostou no jogo de meia e curta distância,apostou nos dois pontos,mais precisos e equilibrados, e por isso venceu. Jogou com a formação clássica de dois armadores,dois alas e um pivô forte,porém bastante rápido(reboteava na defesa e ia para a conclusão no ataque)Porém,o que ficou patente,sacramentado, por se tratar da final do campeonato de maior tradição nos EEUU (A NBA tem 60 anos a menos de existência),foi a total submissão das equipes ao rigorismo técnico-tático imposto pelos técnicos,de tal forma pétreo, que impossibilitam mudanças estruturais dentro do jogo.Uma ou outra mudança posicional,ou mesmo comportamental ainda se faz presente, mas mudanças radicais,nem pensar. Táticamente começam e terminam da mesma forma,e ponto final.North Carolina apostou no cansaço dos lançadores de Illinois,e para maior garantia cortou a linha de passes velozes que propiciavam os arremêssos de três pontos equilibrados, ao mesmo tempo que reforçava o jogo interior dos dois pontos(e muitas vezes de três pelo elevado número de faltas no ato dos arremêssos).Concluindo,eram três ou quatro posses de bola e o pedido de tempo se fazia presente,pois as estrêlas do jogo TÊM que jogar também.E o engraçado é que após os mesmos as equipes voltavam agindo idênticamente ao que vinham fazendo, ou seja,aquela quantidade de excelentes jogadores manietados aos esquemas rabiscados nas pranchetas,estas sim, reinando absolutas,ofuscantes no centro(centro mesmo,com todos em volta)das ações.Já comentei em artigos anteriores esse dominio absoluto exercido pelos técnicos universitários em suas equipes,e a adoção maciça do Passing Game como uma autêntica filosofia de jogo empregada por todos,por motivos que também expús anteriormente.Essa atitude mantem e perpetua o dominio dos jogadores de fora para dentro da quadra,e uniformiza politicas de recrutamento e controle de qualidade,tal qual uma imensa indústria de equipamentos de alta precisão, e sem dúvida nenhuma o maior beneficiário dessa indústria é a holding NBA, com uma única e sutil diferença,que denominei no artigo anterior como a grande,inteligente e genial contradição do basquete americano,fundamentada no sistema do Passing Game,que na NCAA pela utilização dos 35 segundos de posse de bola mantem a equipe sob o controle dos técnicos e praticamente inviabiliza o jogo de um contra um pela adoção das defesas por zona,flutuações e ajudas,ao contrário da NBA,que utiliza o mesmo PG,mas com a não permissão de flutuações e determinadas ajudas explora ao máximo as situações de um contra um,mesmo dentro das limitações dos 24 segundos,fator que retira dos técnicos muito do dominio exercido por seus colegas universitários.Numa rápida análise e consequente conclusão, o que pudemos atestar com boa margem de previsãa,é que os EEUU correm um sério risco de ainda ficarem,e por um longo tempo fora das conquistas em campeonatos da FIBA,pois países como Argentina,Itália,Espanha, Lituãnia,para citar alguns, já evoluiram para um sistema de jogo bem adaptado aos 24 segundos nos ataques, e pela utilização e variação de sistemas defensivos negados aos astros da NBA. A liberdade de criação,e consequente diminuição na influência dos técnicos sobre os jogadores,dão ao restante do mundo boas chances de adiarem a volta dominadora dos astros da NBA,além,é claro,das sérias desconfianças que pairam por sobre muitos deles quanto a lisura de suas preparações técnicas.Mas isso é outra história...