Basquete Brasil
Discute a atualidade da modalidade no Brasil, e suas implicações a um possível soerguimento técnico.
16 abril 2005
A MASSIFICAÇÃO DO ESPORTE NÃO PASSA PELA TV.
Tudo que alcançamos em títulos,tradição e respeito mundial passou ao largo da televisão,quando muito,pelas rádios,um ou outro take nos jornais cinematográficos,mas que encontrou numa sólida e competente imprensa gráfica todo o apôio e divulgação que se fez presente e necessária naqueles áureos tempos.Como cidadde-estado,a Guanabara, onde o termo "bairrismo" justificava as rivalidades entre Gávea,Laranjeiras,Botafogo,São Cristovão,Tijuca,Vila Izabel,Grajaú,Sampaio,Riachuelo, Meier,Olaria,Bangú,Campo Grande,com seus clubes vibrantes e escolas atuantes,e que arrastavam seus corpos associativos em manhâs,tardes e noites inesquecíveis,em jogos que ainda são lembrados pela extema doação dos atletas e fervorosa presença das torcidas.E nas manhâs subsequentes a disputa que se travava pelas páginas dos jornais davam continuidade ao fervor desportivo.Como não lastimar a perda de nossa identidade regional em uma fusão criminosa que nos retirou a supremacia escolar,dos transportes,dos hospitais,da segurança,e do desporto em geral? A televisão só muito mais tarde começou a influenciar o mundo desportivo fora do futebol,onde solidificou o principio da monocultura esportiva,em muito incentivada pelo regime militar,pois se tratava de um movimento de massa,transformando-o em Panis et Circenses do povão.Os ginásios sempre recebiam excelente público,que no caso do basquetebol raramente ultrapassava os 2000 espectadores.Mas eram frequentes e cativos,onde até os vendedores se tornavam tradicionais.Quem não se recorda do Biriba com seu sorriso permanente nos lábios? E nas finais,lá estava o Ginásio do Maracanã lotado,pois todas as torcidas se reuniam para a derradeira festa. Esse público fiel tinha a mesma origem daquele que frequentava o Teatro Municipal ou a Estudantina,pois constituia a espinha dorsal de qualquer movimento cultural,com suas diversidades e preferências. As multidões são frutos modais,onde muitos mais querem ser vistos do que verem o produto da ocasião.A televisão originou mais telespectadores que torcedores pelo pêso da publicidade aqui em nosso país, em nada comparado aos EEUU onde o habito de assistir "in loco" os jogos fazem parte do contexto educacional e tradicional.Aqui ginásios são lotados com claques corporativas,lá por integrantes e ex-integrantes das escolas e faculdades,independendo se os jogos são ou não televisados.A NBA é outro universo,têm o glamour dos milhões de dólares em jogo,têm o apêlo dos embates raciais e de dominância regional.É uma situação especialíssima,sem ecos no restante do mundo.Em hipótese alguma pode ser colocada como exemplo a ser seguido e adotado por sociedades que não possuam tal poder econômico. Êrro colossal é tentar implantar tal modêlo entre nós, sem as salvaguardas que eles possuem e que garantem sua existência.Entre nós urge o trabalho de base,nos clubes e nas escolas,trazendo de volta a torcida formada por colegas,pais e parentes,assim como todos aqueles,que de uma forma ou de outra aprenderam a amar o desporto.Urge também que tornem a ser publicadas as paginas e colunas voltadas ao basquetebol,aos esportes em geral, escritas por quem queira se preparar solidamente no conhecimento do que existiu para justificar coerentemente o presente,e atuar com previsivel responsabilidade num futuro promissor. A televisão mais cedo ou mais tarde se coadunará com a sua verdadeira função social,e já existem alguns exemplos práticos no setor,provando ser possivel seu papel de verdadeiro difusor de cultura.São Paulo sofreu esvasiamento similar,mas a força de seu interior manteve um razoável equilíbrio nas atividades culturais e esportivas,que na maioria das vezes também não são televisadas.E assim em muitos outros estados do país,se não todos eles.Então,o que falta? Falta uma política eficiente,que nem precisa ser sofisticada,de apôio aos professores,fazendo com que recebam salários condignos,o que carreará talentos às Faculdades de Educação,e não uma grande maioria de candidatos reprovados em outras profissões que procuram o magistério como última opção. Que sejam incentivadas as associações clubes-escolas,otimizando instalações geralmente ociosas e abandonadas,assim como as instalações militares.Que no caso da Educação Física a formação dos futuros professores e técnicos voltem para o âmbito das Ciências Sociais,e não das Ciências da Saúde como acontece,errôneamente,nos dias de hoje.Que essa simples e objetiva política se torne prioritária em nosso país,isso se existir verdadeiramente a vontade de transformá-lo em uma grande e poderosa nação.Será que essa vontade existe? Será que a merecemos? Definitivamente,a redenção de nosso esporte e de nossos jóvens não passa pela televisão,e sim pela educação de todo um povo,que preparado e educado saberá utilizar com maestria todo e qualquer controle remoto.
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