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Prof.Paulo Murilo 

15 junho 2008

UMA JUSTA CLASSIFICAÇÃO...

Que tristeza, quanta insensibilidade de um diretor de programação, que interrompe a transmissão de um jogo decisivo para a classificação olímpica do país que libera a concessão para que seu canal aqui funcione, ainda mais sendo nacional, trocando-o por um jogo de futebol que nada significava na classificação da Eurocopa. Simplesmente vergonhoso e abominável. O canal? SPORTV.

Mais tarde, organizou um compacto do jogo, quando pudemos apreciar o quarto final que nos deu a classificação, e ai sim, pudemos avaliar tecnicamente o que ocorreu em quadra, mas privando a todos da emoção em tempo real.

Foi um jogo de muitos erros, de parte a parte, revelando o alto grau de emotividade que envolveu a todos, dentro e fora da quadra. Como errou um pouco menos, nossa equipe saiu airosamente com a classificação para Pequim, com justiça e boas e generosas doses de heroísmo, dada às circunstâncias que envolveram a equipe durante e após o jogo contra a Bielorússia. A ausência da Iziane, com seu jogo personalista , e segundo ela , estelar, reorganizou a equipe em torno de uma atitude coletivista e uniforme, fator determinante na vitoria sobre uma equipe que faz do conjunto a sua grande arma, Cuba. E foi jogando em grupo, defendendo na antecipação (apesar de ainda marcarmos as pivôs por trás), e confrontando as armadoras cubanas com defensoras de habilidades e velocidades compatíveis com as mesmas, onde a Claudia, a Natalia e a Karla se batiam com adversárias similares, ao contrário do jogo contra a Bielorússia, quando a Claudia se viu batida seguidamente pela sua esguia e veloz armadora sem que fosse substituída nos minutos finais e decisivos.

Torna-se obrigatório o reconhecimento evolutivo e maduro de um grupo de jogadoras que participarão pela primeira vez de uma Olimpíada, principalmente a Francilene e a Natalia, prontas para embates mais decisivos num futuro próximo. A equipe, no entanto, padece de alguns óbices de difícil, mas não impossível solução, a começar pelo sobrepeso das pivôs Kelly e Graziene, que nos próximos dez dias de folga poderiam se submeter a um regime controlado que as livrassem de no mínimo 5 kg, para que nos treinos antecedentes à Olimpíada perdessem mais 5. Dez kilos a menos fariam enorme diferença nos rebotes que se fartaram de perder nesse Pré-Olímpico, assim como aumentariam substancialmente sua velocidade em quadra , tornando-as aptas no acompanhamento veloz de suas companheiras, e mais atuantes nas antecipações defensivas.

É de se elogiar o fato marcante da seleção ter atuado com duas armadoras, Claudia ou Natalia, e Karla, que tem formação muito mais de armadora do que ala, e somente lastimo não ter visto a s duas primeiras atuando juntas nos momentos mais difíceis dos jogos, principalmente contra a Bielorússia, quando imporiam um ritmo mais constante de ataque, pela possibilidade de opções nas assistências e maior dinamismo nos contra-ataques. É uma possibilidade que o técnico deveria estudar, na tentativa de compatibilizar duas excelentes armadoras dentro de seu sistema ofensivo, ainda mais quando o mesmo privilegia os cortes em direção à cesta permanentemente. A seleção está muito bem servida de alas, fortes, de boa estatura e capacidade defensiva elogiável. No entanto, peca no setor de pivôs, pelos problemas físicos que mencionei antes, mas que podem ser atenuados com uma boa dose de vontade e determinação. Se a seleção puder vir a contar com a Érica, teremos uma equipe mais competitiva no embate com as fortíssimas adversárias em Pequim. Aliás, por uma questão de justiça, e de coerência, somente a Érica ou a Karen poderiam ocupar a vaga deixada pela Iziane, porque não seguiram com a equipe por contusões graves, ao contrario da Adriana que pediu dispensa por motivos pessoais, que acredito os terem as demais jogadoras que compuseram a seleção em Madrid, com uma diferença vital, todas elas os superaram e foram com a equipe, e a Adriana não. Logo, a seleção estará pronta com o preenchimento da última vaga, a não ser que algum problema físico se manifeste antes dos Jogos.

E nesse ponto, uma palavra sobre o técnico da seleção, em defesa do qual recebi alguns desaforados comentários, deletados por não estarem assinados, ao qual peço que encare minhas criticas pelo lado eminentemente ético e técnico, jamais pessoal, ainda mais por não conhecê-lo pessoalmente. Se apontei falhas, o fiz sabedor que um dia no passado as cometi, e que observando, ouvindo e conversando com os grandes mestres com quem convivi, corrigi-as em grande parte, mas muitas outras ainda estão por corrigir, pois nunca, em tempo algum devemos dizer, afirmar e acreditar “que dessa água nunca beberei”. Você, permita-me o tratamento, tem um longo caminho ainda a percorrer, com poucos altos e muitos baixos, lei imutável da vida, que se compreendida e aceita, nos tornam capazes de saltos evolutivos e duradouros. A felicidade é feita de momentos, um dos quais vivenciado por você hoje em Madrid. Tome-o como uma dádiva desse momento de vida, e não de toda a vida. Em Pequim muitas lutas e dúvidas o assaltarão, e para tanto, sem promessas e quimeras de glorias, prepare-se com cuidado, muito estudo e observação, principalmente nos detalhes, por menores e imperceptíveis que sejam, pois deles advirão as grandes decisões, as possivelmente grandes vitorias, ou as sempre elucidativas derrotas. Desejo sucesso para seu trabalho, apesar das criticas feitas, e que continuarão a ser honestamente feitas.

Rendo minhas homenagens a equipe, que soube se soerguer perante as vicissitudes, e escreveu mais uma bela página do basquete brasileiro, tão esquecido e vilipendiado por aqueles que deveriam ajudá-lo, defendê-lo e divulgá-lo entre a juventude deste belo, porém mal-tratado país.

Amém.

11 Comments:

At 4:00 AM, Anonymous Anônimo said...

professor Paulo Murilo,

Aproveito para parabenizar e reconhecer o merito e a coragem do Paulo Bassul - durante o pre olimpico. Espero que este espirito de uniao e garra desmontsrado pela equipe feminina sirva como exemplo para a equipe masculina em Atenas. Um abraco.

 
At 9:45 AM, Blogger idevan said...

É típico da Globo este tipo de atitude, lembro de um jogo de futebol recente pela Copa Libertadores de saírem da transmissão para exibirem o show de horrores sobre a prisão dos supeitos do caso doe assassinato de uma menina em São Paulo.

Ontem admirei muito o uso de quase sempre 2 armadoras em quadra (Cláudia com Karla e Natália com Carla), porém também senti falta do uso da Cláudia com a Natália, ela se completam.

Apreciei muito o trabalho de equipe e o jogo da Fran e da Micaela. Estão de parabéns.

 
At 10:53 AM, Anonymous Anônimo said...

Olá Professor Paulo Murilo,

Sou um leitor assíduo do seu blog,fiquei apaixonado pelos seus artigos sobre lançamento!
Sei que não é o assunto deste post mas como não tenho como lhe perguntar de outra maneira tenho que o fazer assim.
No lançamento tenho duas duvidas, a primeira é que os jogadores quando colocam a bola acima dos olhos e olham para o aro a baixo da mesma devem estar com o braço num ângulo de 90º, a seguir a "viagem" deve ser com o braço para cima e para a frente, colocando o cotovelo acima dos olhos?
É que eu vejo muitos jogadores profissionais armarem o braço a 90º mas depois puxam o braço para trás até ao ângulo de 45º para ganharem força para lançarem, está este movimento correcto?
Outra duvida é o follow trought, onde muitos jogadores acabam o lançamento com o braço completamente esticado para cima, em vez de o esticarem para cima mas na direcçao do cesto, na sua opinião qual é a posição correcta?
Por ultimo tenho dito aos meus jogadores que a mão esquerda acaba sempre mais alta que a mão direita ( recorrendo ao exemplo dos lançadores que lançam com a mão direita), porque a mão esquerda acompanha a bola até ao ultimo momento e como flexionamos o pulso direito para lançar a mão esquerda acaba acima da direita, está correcta esta informação?

Abraço, e obrigado pela sua atenção.

Gaspar Romeira

 
At 1:29 PM, Anonymous Anônimo said...

Este comentário foi removido por um administrador do blog.

 
At 10:23 PM, Blogger Basquete Brasil said...

Walter,temo que o exemplo das moças não tenha correlação com os rapazes,já que na história do grande jogo entre nós estes dois segmentos caminharam por estradas diferentes,principalmente na formação.São tradições e conceitos muito diferentes,que atestei quando dediquei dois anos de minha caminhada ao basquete feminino.Técnicos,dirigentes e jogadoras constituem uma grande familia,cercada de conceitos e comportamentos que a mantém unida,muito ao contrario do masculino,desunido e centrado em si mesmo.Também parabenizo a conquista delas,pois apesar do descrédito e pouco ou quase nenhum investimento,consegue o que chamo de pequenos grandes milagres. Um abraço,Paulo.

 
At 10:33 PM, Blogger Basquete Brasil said...

Prezado Idevan,parece saltar aos olhos a importância de duas armadoras de qualidade em quadra,acionando initerruptamente as excelentes alas da equipe,e a pivô se melhor condicionada, ao invés de em cada ataque a armadora chamada de 1,parar sua ação,perdendo de dois a três preciosos segundos para sinalisar um tipo de jogada,quando,estando ao lado de uma outra armadora tão qualificada quanto ela, partirem diretamente em direção de ações ofensivas em todos os quadrantes fora do perimetro, além de tornar a equipe altamente efetiva nos contra-ataques.Mas isto se constitue em mudanças profundas no modo de ser e agir da maioria de nossos técnicos,envolvidos e escravos do modelo único,que tanto combato.Mas, aos poucos se libertarão dessas amarras que tantop prejuízo nos tem causado.Um abraço,Paulo Murilo.

 
At 10:59 PM, Blogger Basquete Brasil said...

Prezado Gaspar,eis uma questão que tem mais a ver com estilo do que técnica de arremesso.Ao acompanhar meus artigos sobre esse apaixonante assunto,você deve lembrar que de uma forma bastante crua e direta,condeno o ensino do arremesso pelo aspecto do estilo,do equilibrio perfeito,das angulações padronizadas e imutáveis dentro da bibliografia classica sobre o assunto.Preconizo antes de mais nada o fator balístico,onde força,trajetoria e empunhadura levem em consideração basica o direcionamento e o alinhamento da bola em relação à cesta,sem os quais aquelas variáveis descritas acima não viabilizarão o arremesso.
Partindo desse pressuposto,detalhes mais estéticos que técnicos,como,se o braço impulsionador está a mais ou menos tantos graus, ou a mão mantenedora do equilibrio está acima ou abaixo da outra mão no momento da soltura da bola,carecem de elementos básicos que anulem a maior importância daqueles principios enumerados.Lembre-se sempre de que qualquer veículo aereo,estratosferico,sideral,maritimo ou submarino,depende exclusivamente de um elemento direcional para que obtenha sucesso em suas utilizações.A bola é um desses veículos, e sua direcionalidade controlada é o detalhe a ser estudado,treinado e aplicado pelos jogadores, seja quqal for o estilo que utilizar na ação, equilibrado ou não,feio ou bonito,não importa,desde que seja eficiente.Um abraço,Paulo MUrilo.

 
At 9:05 PM, Anonymous Anônimo said...

Antes demais agradecer pela sua resposta PAulo.
Compreendo que tenha em atenção a eficiência como objectivo, nao ligando muito ao estilo e padrões normais de tiro.
Gostaria sem estar a insistir que me desse uma resposta mais objectiva as minhas três perguntas.
PAsso a explicar o porquÊ de lhe estar a pedir isso, é que embora eu concordo consigo sobre o que defende acho que quanto mais se aproximar do estilo e padrões normais mais Êxito poderemos alcançar, embora haja exemplos de grandes lançadores que contrariem o lançamento by the book.
È que a minha insistÊncia tem derivado da confusa literatura existente, gostaria de saber as suas opiniões sobre as minhas trÊs perguntas, porque tenho em consideração o Paulo como um dos melhores Professores na arte de lançar ao cesto, após ter lido os seus estudos sobre este tema.
Prometo que após as suas respostas as minhas perguntas não vou mudar o estilo próprio de cada jogador da minha equipa, só gostava de dar um polimento para os melhorar.

Um abraço de Portugal do seu admirador Gaspar

 
At 1:19 AM, Anonymous Anônimo said...

Paulo: recien envie um e-mail confirmandole minha llegada a Rio.
Escribame pra afinar os detalles.
Os sorvetes esperam por nos.
Abracos
Gil Guadron

 
At 7:47 PM, Blogger Basquete Brasil said...

Prezado Gaspar,entendo e compreendo suas colocações,e toda uma bibliografia pertinente excede em muito o espaço desse blog.No entanto,estando você ai em Portugal,e se tiver a chance de ir a Lisboa,tente consultar na biblioteca da FMH(Fac.de Motricidade Humana)em Cruz Quebrada-Lisboa,a minha tese de doutoramento'Estudo sobre um efetivo controle da direção do lançamento com uma das mãos no basquetebol",que defendi em 1992, e que contém,sem dúvida alguma,as respostas que você procura.Tente saber se nas escolas de educação fisica do Porto,Coimbra,também possuem copia da tese.Acredito que sim.Quem sabe alguma delas esteja proxima de sua cidade.Ainda poderia indicar um bom livro editado pela Associação Nacionalde Treinadores de Basquetebol,ai em Portugal,As coisas simples do basquetebol,do Prof.Jorge Adelino,onde colaborei com as fotos do mesmo.É uma publicação da Direcção Geral dos Desportos,do Ministerio da Educação. Um abraço do
Paulo Murilo.

 
At 7:48 PM, Blogger Basquete Brasil said...

Gil, aguarde um telefonema meu em breve para acertamos tudo. Um abraço, Paulo.

 

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