FREE hit counter and Internet traffic statistics from freestats.com


Prof.Paulo Murilo 

29 abril 2005

É BOLA OU BÚRICA!

Ary Vidal sempre afirmava que o único assunto levado à sério pelos brasileiros era o jogo de bola de gude,onde era "ou bola ou búrica".Perdeu,ficava sem as bolinhas,e ponto final.Pequeno exagêro à parte,tal afirmação fica bem perto da verdade quando o assunto é política desportiva.Na segunda-feira os destinos do basquetebol para os próximos quatro anos será definido em uma eleição de 27 votos!Realmente um prodígio de concisão em um universo de 180 milhões de almas.Técnicos,professores e atletas não chegam nem nas proximidades da urna,que é reservada a um grupo,no qual pode-se contar nos dedos de uma das mãos aqueles que praticaram o jogo.Mas,detêm um poder onde a moeda de troca já pertence ao folclore nacional.Viagens,mordomias,favores pessoais e políticos,uso de verbas nem sempre sujeitas a qualquer tipo de sindicância, apadrinhamentos e protecionismos descabidos,reinam em uma estrutura legada das capitânias hereditárias, onde falar de técnicas,organização esportiva,critérios de seleção e escolhas diretivas,soam como impropérios a ouvidos imunes a tais questionamentos.Usufruir benesses em troca de voto,se pensarmos bem é até vantajoso quando o número de premiados não chega a 30 interessados.Terrivel seria administrar um colégio eleitoral acima desse número, o que nos leva a uma conclusão otimista,ou seja,com um substancial alargamento de eleitores não haveria muita flexibilidade orçamentária para aquinhoar a todos,o que diminuiria em muito a troca de favores.Sem dúvida nenhuma,o processo eleitoral de federações e confederações terá de ser reestudado,a fim de que os interesses técnicos da modalidade passem a ser o centro da questão.No atual sistema basta que um grupo de 14 condôminos da coisa pública se una, para que qualquer continuísmo se prolongue,até que melhores propostas sejam colocadas por baixo da mesa pela facção oponente,fator este que pode mudar o mandatário,mas mantém o sistema.A única saída no atual modus operandi é a conquista das federações,uma a uma,até o número da metade mais uma,necessárias às mudanças. É luta para uma década,e que pode ser iniciada em uma ou duas federações,de preferência com soluções técnicas e administrativas que passem ao largo das utilizadas pela confederação.As Ligas poderiam dar partida a essa revolução,e o Paraná já está dando um significativo exemplo da exequibilidade desse processo.A grande Liga que ora se organiza,e que não terá apôio significativo por parte da CBB se houver continuismo da atual diretoria,mesmo nessa situação poderia encontrar nas federações os apôios negados ,bastando iniciar sua atuação pela regionalização de suas chaves,para um encontro dos finalistas em local que seria definido por rodízio a cada ano.Seria um começo menos ambicioso,mas seguro e factível ante às carências econômicas.Num breve espaço de tempo,e com o sucesso perante o público, o fator da representatividade nas seleções nacionais seria superado pela qualidade dos seusjogadores .A ameaça da não convocação dos jogadores de uma Liga independente é a mais poderosa arma de submissão que teria a CBB.Para vencê-la teria de existir por parte de todos os integrantes da Liga uma dose inesgotável de coragem e audácia,que são os ingredientes básicos de quem quer mudar alguma coisa de errado.Se houver mudanças e a situação perder,mesmo assim a Liga deveria dar partida em sua atuação com os pés solidadmente fincados no chão,pois as grandes conquistas sempre começaram por pequenas ações e sólidas lideranças. Mas,nesta segunda-feira nos armemos de um sadio otimismo,o mesmo que tinhamos quando meninos e bradávamos energicamente-"Bola ou búrica"!

27 abril 2005

Mc NBA DONALD.

Eis aí uma formidável dupla, o representante máximo da boa e saudável nutrição no mundo e o globalizado basketball show,senão vejamos:"Com o começo dos NBA Playoffs 2005,a corporação do McDonald e a NBA se unem para trazer o basquetebol da NBA para centenas de milhares de fãs com eventos da entidade e promoções em quatro continentes.A programação dos eventos globais é a mais ambiciosa que os dois sócios jamais conduziram em conjunto ao redor do mundo.O McDonald tocará na relevância do estilo de vida da NBA para jovens adultos e adolescentes globais ao participar em eventos da NBA que caracterizam torneios competitivos de basquetebol,atividades interativas de basquete,entretenimento musical ao vivo e outras atrações temáticas da NBA.Os eventos serão conduzidos em regiões chaves,incluindo Hong Kong,França, Espanha,México,Brasil, Taiwan e as Filipinas.O envolvimento do McDonald em eventos cheios de ação e energia da NBA sublinha a iniciativa ativa e balanceada dos estilos de vida do McDonald". (Publicado no Databasket).É realmente estarrecedor que nos permitamos divulgar tais eventos como se fossem ações corriqueiras e desprovidas de sub-intenções.Como diziam os antigos, esses caras que"não pregam prego sem estopa", não descansarão enquanto não submeterem grande parte da juventude mundial aos seus designios.E começam pela designação de regiões chaves onde envidarão esforços para alcançá-los,pelo prêço que for.Interessante que essas regiões,coincidentemente são prioritárias na política externa do govêrno americano,e se torna um exercicio atraente o estudo das mesmas.Hong Kong e Taiwan são fundamentais ante a expansão da China,onde o enclave e ex-colonia britânica permanece com o status capitalista,e a dissidente ilha justifica a proteção americana ante uma possivel invasão chinesa. Ambas são fundamentais no jogo politico americano, e uma influência motivadora da juventude torna-se estratégica no mesmo.França e Espanha são metas divergentes,pois a primeira é a mais crítica das nações que se antepôem ao domínio unilateral dos americanos no concerto mundial, e a segunda foi sua aliada de primeira hora na intervenção do Iraque.A juventude desses países seria muito benvinda como simpáticas aos americanos,assim como mexicanos e brasileiros tão mais simpaticos ao Mercosul que a ALCA.Filipinas entra de contrapêso nesse maquiavélico jogo de interesses,já que é a porta de entrada do sempre atraente mercado oriental. O poderio econômico da NBA de muito já ultrapassou o enfoque esportivo-cultural,estando hoje na primeira linha do foco mais instigante,o político.Nos anos sessenta,quando eclodiam os confrontos racistas nos EEUU,os Harlen Globetrotters eram enviados pelo Departamento de Estado norte-americano como embaixadores culturais nos quatro cantos do mundo.Foram os primeiros negros a realizá-lo,angariando simpatias a sua causa,e suavisando a grotesca ascendência branca.Foi desta experiência que o govêrno americano passou a investir no esporte,não só como um dos fundamentos do processo educativo,mas como um poderoso instrumento de propaganda política.E vai dando frutos essa influência,já que se vendem em nosso país mais camisas temáticas das equipes da NBA que a de nossas equipes,se é que vendem alguma. O binômio educação e saúde em nosso país,por sua crônica deficiência,torna-se alvo,não muito difícil de ser atingido por esse tipo de influência exógena,que dispensa belicismos para se fazer presente no dia a dia de uma juventude ávida por dias melhores,por promessas de felicidade e riqueza,tornadas realidade nas figuras vencedoras participantes do Basketball World Championship,mesmo que para os nossos sobrem tão somente os sonhos,e quem sabe um suculento BigMac.Não é de se espantar o fato da grande parte dos sites brasileiros dedicados ao basquetebol ostentarem a logomarca da NBA,suas notícias e comentários, quando deveriam direcionar seus esforços aos nossos.Mas agora,sinto que quem está sonhando sou eu,que abomino fast food,mas que não perco a esperança de que tudo isso possa ser mudado.Oremos então...

24 abril 2005

PROPOSIÇÕES E MUITA CORAGEM.

Assisto o programa Bola da vez na ESPN Brasil e me incomodo bastante com determinadas posições do entrevistado,Oscar.Passional,explosivo(os juizes sempre souberam),colérico,e o que mais me incomodou,desafiante e inquisidor na afirmativa enérgica de que "quem roesse a corda e desse pra trás não passaria de um cag..!"E por mais duas vezes repetiu-"Se clubes dessem para trás não passariam de uns cag..!" Um magnifico movimento que apesar de ter sido lançado em má hora,num momento político delicado,pode encontrar sérias objeções pela agressividade de seu mentor.Sua imagem poderá se desgastar pelo posicionamento adotado,abrindo as portas para oportunistas lideranças que se lançarão em seu vácuo na primeira chance que tiverem.Caro Oscar, você já notou,ou foi alertado de que somente sua imagem tem vindo à tona, dando "a cara á tapa" em suas próprias palavras? Porque o Grego não age da mesma maneira? Você já viu rapôsa dar cara a tapa? Desde quando dirigente esportivo,seja de federações ou de clubes se incomodam de serem chamados disso ou daquilo? Sempre fez parte dos "cargos de sacrifício" o dominio da arte de engolir tantos sapos,quantos fossem necessários para se manterem em permanente sacrifício. São mestres do disfarce e da disfarçatez,principalmente se seus passaportes ostentarem carimbos internacionais recompensadores de tantos sacrifícios, além de outras,nem sempre visualizadas e transparentes benesses.São cartas mais do que marcadas, e se não houver fatos realmente novos,seguirão na próxima segunda feira no comando desta desmoralizada náu em que se transformou o nosso basquetebol.A Liga pode se tornar possível,mas terá de contar com três fatores:1-Que seja respaldada por órgãos da mídia firmes e decididamente comprometidos com a mesma, principalmente se for da imprensa escrita. Um representante da imprensa televisiva seria de grande valor,mesmo que fosse de uma rede menor,como por exemplo a STV,ligada a orgãos como o SENAC,com vasta experiência desportiva em seus centros espalhados pelo Brasil.2-Que uma verdadeira Associação de Técnicos seja incentivada a participar na criação de politicas e de programas voltadas aos jóvens e na busca de novas vertentes táticas e técnicas. 3-Que em hipótese alguma permitam a ingerência da CBB em seu comando decisório,mesmo com a real ameaça de perda de representividade nas seleções nacionais,pois,por um breve momento,ou não,o país não poderia se abster de seus melhores jogadores, e demonstraria a incapacidade da CBB de gerir tal circunstância.Mas para se trilhar tal caminho há de se ter muita coragem,não de um solitário lutador,mas de todos aqueles envolvidos que ainda não apresentaram suas caras aos tapas.Honestamente torço para que tudo dê certo,que a Liga prospere, e que nosso basquetebol se beneficie acima de tudo e de todos.Mas mudar de mãos no contrôle da chave do cofre vai ser uma luta descomunal,pois depois de se acostumar ao caviar nenhum"sacrificado dirigente" aceitará voltar à sardinha no pão, e tenho uma grande desconfiança de que na segunda feira refinarão seus apetites, para depois em côro com seu reeleito chefe comungarem na mesma afirmativa de que "mais cedo,ou mais tarde a Liga acontecerá",de preferência muito,mas muito mais tarde.

22 abril 2005

DE CIMA PARA BAIXO.

Em nosso país,onde inexiste a massificação esportiva,todo e qualquer sistema de jogo sempre emanará das seleções nacionais representativas de cada modalidade.No caso do basquetebol,que a cada ano vê cair o número de praticantes,essa imposição tática de cima para baixo vem se tornando asfixiante,pois desde as catagorias básicas o sistema do Passing Game é unanimemente adotado por todos os técnicos e professores,como uma crença monoteística a ser seguida e adotada sem discussão.Por causa dessa imposição auto-consentida pela maioria dos que ensinam o jogo,é que vimos e agora constatamos a decadência técnica de nossos jogadores em alguns dos mais elementares e importantes fundamentos do jogo,basicamente o drible,as fintas,e a ação conjunta das equipes.Já se torna comum assistirmos ataques em que após a troca de passes um,e às vezes dois jogadores agem enquanto os demais observam quase imóveis o desenrolar da ação,como compartimentos estanques e não vasos comunicantes,como deveria ser.Ações em que os atletas envolvidos correm de um lado a outro da quadra ofensiva em trocas de cinco até oito passes,geralmente para trás ou paralelos à linha final,que é um dos erros mais crassos em qualquer tipo de ofensiva, contra qualquer tipo de defesa.E ao final da correria tentam arremessos de três pontos executados muitas vezes pelo pivô da equipe!E tudo isso dentro dos 24 segundos permitidos de posse de bola,que é claro,se torna insuficiente para tanta ação inconsequente e pouco inteligente,pois substitui a menor distância entre dois pontos por curvas, elipses e circulos executadas por exauridos atletas de meio-fundo e não jogadores de basquetebol. Vemos corta-luzes serem permanentemente confundidos com simples cruzamentos, na maioria das vezes faltosos,pelo mais obscuro desconhecimento do que venha ser um corta-luz,que é uma ação lenta na armação e rápida na conclusão,detalhes rítmicos que visam confundir os defensores,e que visa primordialmente estabelecer uma superioridade númerica naquele setor onde ele está sendo executado.E se o mesmo pode ser realizado por dentro ou por fora da defesa nem ousem perguntar a qualquer jogador o que significa,pois ficarão mudos,assim como muitos de seus técnicos.O PG simplificou e empobreceu o jogo,já que defenestra alguns dos movimentos fundamentais da técnica individual e coletiva.Tornou-se importante a frenética troca de passes,a correria e a conclusão em arremesso longo onde todos brecam seus caminhos e assistem a audição de um deles. O problema se torna incontornável quando uma das equipes,num rasgo de inteligência se posta nas mais do que previsiveis linhas de passes e rompem com a esfuziante coreografia ensaiada em"punhos","chifres","postes altos e baixos",etc,etc...obrigando os atacantes a tomarem atitudes não ensaiadas e não treinadas, desencadeando um festival de andadas, conduções faltosas de bola, dois dribles, sem contar quando tropeçam na bola ou a perdem por não saberem controlá-la. São nesses momentos próximos dos 24 segundos que ocorrem os mais estapafurdios e desequilibrados arremêssos, quando muitas vezes sequer têm tempo de concretizá-los.Todo esse processo vem sendo perpetuado pelo exemplo dado pelas seleções nacionais, tanto as principais,como as de base,repito, como crença monoteista que deve ser cegamente seguida.Cursos que são dados pelo país sedimentam a crença, tornando-a uma verdade inquestionável. "O basquete internacional" como é definido esse sistema, e que deveria,para ser honesto ser chamado de "Sistema NBA",que é fartamente patrocinado pela mídia, gerando muito dinheiro para a turma da 5ªAvenida,e para seus pressupostos tupiniquins,fará qualquer coisa para manter o status quo tão arduamente conquistado, incluindo no processo seu poder econômico na mídia,sites,revistas,televisões e bem possivelmente na politica desportiva do país. Se a Microsoft se mete,por que não a NBA? Se não rompermos essa influência tão cedo retomaremos nosso lugar no cenário internacional,pois eles não precisam de adversários,e sim de consumidores. Temos de tomar vergonha na cara e volver à luta que abandonamos 20 anos atrás. Temos que voltar a ver nossas seleções representarem o melhor do trabalho feito na base,e não serem as repetidoras de um sistema que nada tem a ver conosco, e que impõem de cima para baixo,na mente e nos corações de nossos jóvens.

20 abril 2005

REAPRENDENDO.

Enfim,estamos reaprendendo.Dois jogos,duas constatações que geram esperanças em dias melhores.A utilização de dois armadores puros pautaram ambas as partidas,levando à derrota àquela equipe que em momentos dos jogos abandonou tal iniciativa,senão vejamos:Na partida Uberlândia x COC,o primeiro partiu celere na utilização dos dois armadores,enquanto o COC,por todo o primeiro tempo se utilizou de um único.Perdeu por boa margem,mas retornou com dois armadores,equilibrou o jogo e assumiu o placard. Nesse momento o Uberlândia,talvez por motivos de faltas pessoais,ou por não poder contar com reserva à altura,manteve um só armador.O COC manteve a vantagem e venceu o jogo.Na outra partida,repetiu-se a mesma situação,pois a equipe do Ajax somente confiou na eficiência de dois armadores na segunda etapa e na prorrogação,vencendo com méritos.O Uberlândia,enquanto manteve os dois em quadra comandou o placard,mas por algum motivo técnico abriu mão da formação e permitiu o equilíbrio, transformado em vitória por seu adversário.No entanto ficou bastante claro que a atitude tática das equipes em questão foi a de manter os principios do passing game,com somente um dos armadores atuando de cada vez,fazendo o outro o papel originariamente destinado a um ala. Mesmo assim,a qualidade dos passes,dos dribles e das fintas aumentaram em muito a eficiência das equipes,em detrimento de uma contornável diminuição na estatura dos quintetos em quadra.Fico imaginando como atuariam essas equipes,com os excelentes jogadores que possuem em uma armação tática em que os armadores atuassem em conjunta movimentação,alimentando um ainda mais dinâmico trio ,em permanentes deslocamentos pelo garrafão.Seria uma festa de técnica e grandes performances.Mas, como venho escrevendo sistematicamente nesse site,é um sonho a longo prazo,pois será muito difícil,e algo demorado, nos desvencilharmos do cabresto imposto pelo passing game,com toda sua coreografia armada em pranchetas,as quais muitos técnicos reagirão em abandonar,talvez por se sentirem inseguros ao permitirem livre arbítrio dos jogadores dentro de ações que deveriam ser exaustivamente treinadas,aceitas e compreendidas nas práticas do dia a dia,e não criadas,e até inventadas no transcorrer das partidas.Estratégias são pré-estabelecidas,táticas são segmentos daquela, que se aplicam em determinados momentos,e ambas são decorrencia de treinamento,pois não admitem remendos de última hora.Não confundir com improvisação,que é o argumento definitivo de quem domina a estratégia,a tática e os fundamentos do jogo.Precisamos com urgência reavaliar nossos conceitos de jogo,aquele adaptado às nossas condições técnicas,voltado ao que temos de melhor,a criatividade,a coragem e a sabedoria de explorarmos ao máximo nossas carências de povo pobre,mas capaz de superações inimagináveis.Nossos técnicos precisam reaprender sistemas,táticas e estratégias de jogo dissociadas do modelo único que nos estrangula a 20 anos, e para tal urge que se encontrem,que discutam e que repassem suas experiências,mesmo antiquadas,não importa,mas que o façam.Um grande mestre que tive,Prof.Armando Peregrino,me disse uma vez:Paulo,ensine tudo que sabe,tudo,pois dessa forma você estará se comprometendo a aprender cada vez mais.Só os mediocres guardam o que pensam saber para si mesmos. Grande mestre,grande destino.

16 abril 2005

A MASSIFICAÇÃO DO ESPORTE NÃO PASSA PELA TV.

Tudo que alcançamos em títulos,tradição e respeito mundial passou ao largo da televisão,quando muito,pelas rádios,um ou outro take nos jornais cinematográficos,mas que encontrou numa sólida e competente imprensa gráfica todo o apôio e divulgação que se fez presente e necessária naqueles áureos tempos.Como cidadde-estado,a Guanabara, onde o termo "bairrismo" justificava as rivalidades entre Gávea,Laranjeiras,Botafogo,São Cristovão,Tijuca,Vila Izabel,Grajaú,Sampaio,Riachuelo, Meier,Olaria,Bangú,Campo Grande,com seus clubes vibrantes e escolas atuantes,e que arrastavam seus corpos associativos em manhâs,tardes e noites inesquecíveis,em jogos que ainda são lembrados pela extema doação dos atletas e fervorosa presença das torcidas.E nas manhâs subsequentes a disputa que se travava pelas páginas dos jornais davam continuidade ao fervor desportivo.Como não lastimar a perda de nossa identidade regional em uma fusão criminosa que nos retirou a supremacia escolar,dos transportes,dos hospitais,da segurança,e do desporto em geral? A televisão só muito mais tarde começou a influenciar o mundo desportivo fora do futebol,onde solidificou o principio da monocultura esportiva,em muito incentivada pelo regime militar,pois se tratava de um movimento de massa,transformando-o em Panis et Circenses do povão.Os ginásios sempre recebiam excelente público,que no caso do basquetebol raramente ultrapassava os 2000 espectadores.Mas eram frequentes e cativos,onde até os vendedores se tornavam tradicionais.Quem não se recorda do Biriba com seu sorriso permanente nos lábios? E nas finais,lá estava o Ginásio do Maracanã lotado,pois todas as torcidas se reuniam para a derradeira festa. Esse público fiel tinha a mesma origem daquele que frequentava o Teatro Municipal ou a Estudantina,pois constituia a espinha dorsal de qualquer movimento cultural,com suas diversidades e preferências. As multidões são frutos modais,onde muitos mais querem ser vistos do que verem o produto da ocasião.A televisão originou mais telespectadores que torcedores pelo pêso da publicidade aqui em nosso país, em nada comparado aos EEUU onde o habito de assistir "in loco" os jogos fazem parte do contexto educacional e tradicional.Aqui ginásios são lotados com claques corporativas,lá por integrantes e ex-integrantes das escolas e faculdades,independendo se os jogos são ou não televisados.A NBA é outro universo,têm o glamour dos milhões de dólares em jogo,têm o apêlo dos embates raciais e de dominância regional.É uma situação especialíssima,sem ecos no restante do mundo.Em hipótese alguma pode ser colocada como exemplo a ser seguido e adotado por sociedades que não possuam tal poder econômico. Êrro colossal é tentar implantar tal modêlo entre nós, sem as salvaguardas que eles possuem e que garantem sua existência.Entre nós urge o trabalho de base,nos clubes e nas escolas,trazendo de volta a torcida formada por colegas,pais e parentes,assim como todos aqueles,que de uma forma ou de outra aprenderam a amar o desporto.Urge também que tornem a ser publicadas as paginas e colunas voltadas ao basquetebol,aos esportes em geral, escritas por quem queira se preparar solidamente no conhecimento do que existiu para justificar coerentemente o presente,e atuar com previsivel responsabilidade num futuro promissor. A televisão mais cedo ou mais tarde se coadunará com a sua verdadeira função social,e já existem alguns exemplos práticos no setor,provando ser possivel seu papel de verdadeiro difusor de cultura.São Paulo sofreu esvasiamento similar,mas a força de seu interior manteve um razoável equilíbrio nas atividades culturais e esportivas,que na maioria das vezes também não são televisadas.E assim em muitos outros estados do país,se não todos eles.Então,o que falta? Falta uma política eficiente,que nem precisa ser sofisticada,de apôio aos professores,fazendo com que recebam salários condignos,o que carreará talentos às Faculdades de Educação,e não uma grande maioria de candidatos reprovados em outras profissões que procuram o magistério como última opção. Que sejam incentivadas as associações clubes-escolas,otimizando instalações geralmente ociosas e abandonadas,assim como as instalações militares.Que no caso da Educação Física a formação dos futuros professores e técnicos voltem para o âmbito das Ciências Sociais,e não das Ciências da Saúde como acontece,errôneamente,nos dias de hoje.Que essa simples e objetiva política se torne prioritária em nosso país,isso se existir verdadeiramente a vontade de transformá-lo em uma grande e poderosa nação.Será que essa vontade existe? Será que a merecemos? Definitivamente,a redenção de nosso esporte e de nossos jóvens não passa pela televisão,e sim pela educação de todo um povo,que preparado e educado saberá utilizar com maestria todo e qualquer controle remoto.

13 abril 2005

A VELHA NOVIDADE DO SUNS

O técnico do ano na NBA é o Mike D'Antoni por ter revolucionado o jogo com sua correria desenfreada e fora dos padrões táticos das demais equipes,etc,etc...e tal.Esse é o destaque que é dado por alguns comentaristas aqui no Brasil em suas colunas especializadas naquele particularíssimo jogo praticado pelos irmãos do norte.Como revolucionário se nós mesmos o praticávamos a 40 anos atrás? Como revolucionário se a geração de Jabar e Magic Johnson nos Lakers dos 80's já o praticavam magistralmente? E bastante antes o Boston de Bob Cousy e Bill Russel já reinavam em gloriosos contra-ataques,hoje denominados incorretamente de transições, mas que sôa modernoso.E um detalhe que só um dos articulistas mencionou,o de que tal revolução foi desencadeada pela liderança de um armador,o Steve Nash,que nem é americano e adora jogar futebol(o nosso)como meio campista.A logicidade desta revolução está implicita e explicitamente ligada nas funções de um armador inteligente,criativo,independente,e por isso mesmo revolucionário.Duvido que nos dias atuais um armador americano pudesse exercer tal independência ante a rigidez tática imposta pela maioria dos técnicos americanos.O Nash,com sua habilidade no drible e nas fintas,com sua enorme velocidade,e,principalmente,com uma visão periférica do jogo,quase camaleônica(aproximadamente 240º),fazendo toda a equipe interagir em constante movimentação,onde individualmente todos dominam com maestria os fundamentos básicos do jogo.Tivemos nós alguns Nash no passado,Amaury,Wlamir,Pecente,Mosquito, Helio Rubens,Nilo,Edwar,Peixoto,Fernando,Maury,Guerrinha e muitos outros que jogavam e faziam jogar.Hoje temos até bons armadores,mas que na maioria das vezes somente jogam.O sistema de jogo que empregamos,que é copia do que é utilizado na NBA retira, e muito,as ações de fazer jogar dos armadores. E aí aparece um pequeno sul-africano- canadense,desvinculado,pela inteligência e pela forte personalidade,dos padrões vigentes e "desencadeia uma correria desenfreada que revolucionou o jogo".Acho que a melhor definição,a mais honesta,seria revigorou,ou mesmo reavivou o jogo.E nós minha gente,e nós! Continuaremos a receber tais "inovações" pelo simples fato de nossos atuais colunistas serem absolutamente impermeáveis ao passado recente? Em nossa última conquista masculina,lá dentro,em Indianápolis no Pan de 87,vencemos,não só pelos 3 pontos,mas pela velocidade das ações.E o que dizer das conquistas femininas? Não agiam,Paulo,Hortência e Janeth como age o Nash atualmente?Numa aparente e enganosa anarquia tática,onde a criatividade,a coragem e a extrema habilidade são os elementos desequilibradores? E o que dizer dos cerebrais armadores argentinos,tão ou mais Nash's do que o mesmo.Saberão os jovens cronistas onde seu deu a primeira,grande decisiva e fulcral revolução no basquetebol? Não? Então conto. Foi quando,em 1936 Hank Luizetti,jogador da Universidade de Stanford criou o Arremêsso em Suspensão o clássico Jump Shot,pois desta data em diante o jogo nunca mais foi o mesmo.Aliás, a tese de doutoramento que defendi na Europa tinha esse enfoque como tema de partida. Num dos programas da série "A História do Jazz" passada no canal GNT.o,produtor Marsallis entrevista o grande Karin Jabbar sobre uma possível similitude entre o jazz e o basquete,e o depoimento do grande jogador deveria servir de modelo para todo e qualquer profissional da imprensa desportiva que queira escrever sobre táticas,sistemas,e principalmente criatividade e atitudes revolucionárias.Reunam-se, assistam e aprendam o verdadeiro sentido da palavra revolução,e o que ela realmente significa dentro,não só do esporte,como no âmago de nossas vidas.Mas,a grande ironia dessa historia toda,é a de que não foram poucas as críticas à nossa maneira peculiar de jogar, maneira essa que é endeusada por se tratar de NBA, o que reforça o dito popular de que "santo de casa não faz milagres"!E outra,a de que o reserva do Nash,o nosso Leandro ainda se encontre engessado pelo sistema de jogo onde se desenvolveu,o passing game,constatação óbvia quando está em quadra.Torço para que ele tenha discernimento suficiente para embarcar na canoa de seu colega,pois habilidades possue só que talvez não seja o suficiente,pois falta-lhe o lastro cultural,que faz do titular dono de uma auto-suficiência decisiva em toda e qualquer revolução.

DOIS ARMADORES? ALELUIA!!

Enfim,já se vislumbra uma lamparina no final do túnel.Desde a convincente vitória na Argentina, que o Uberlândia vem utilizando dois armadores natos em seu sistema de jogo,e também no Campeonato Brasileiro,pelo menos nos jogos que vi pela TV.Timidamente a equipe do Rio de Janeiro e o COC,em alguns momentos, os tem utilizado. Com isso ganharam em velocidade,segurança nos dribles e precisão nos passes para os homens junto à cesta.O que não se alterou foi a formação de ataque,na configuração do Passing Game.Por essa razão um dos armadores joga isoladamente no centro da quadra,e o outro faz as vezes de um ala.Mas a simples presença dos dois conota um apreciável aumento de qualidade técnica,assim como um incremento nas fintas em direção à cesta,quebrando em muito a sucessão interminável de passes periféricos. Se os armadores jogassem mais próximos um do outro,ações de dá e segue se sucederiam entre ambos numa frequência que desestabilizaria seguidadmente a primeira linha de defesa,originando supremacia númerica permanente.Duas ações simultâneas,uma entre os armadores na periferia,e outra entre os alas e o pivô dentro do garrafão,gerando uma interação entre ambas,seria o objetivo a ser alcançado,numa atitude radicalmente oposta ao PG.Mas essa possibilidade ainda está muito longe de ser alcançada,pois não se muda um hábito de 20 anos em um dia. Mas o simples fato das tentativas que vêm sendo realizadas por alguns poucos,já nos dá uma esperança de dias melhores,pois mesmo que os armadores não sejam de grande estatura,os três outros darão conta do recado nos rebotes,principalmente os de ataque,já que não precisarão sair na área periférica para armar jogadas(diga-se, passar a bola),ou tentar arremessos absurdos.Com os alas e o pivô junto à cesta,e os armadores na periferia,todo um comportamento tático poderá ser desenvolvido pela constante e initerrupta movimentação de todos os jogadores,ao contrário do PG em que um e no máximo dois atacantes participam da conclusão de cada ataque. Muito se poderia dizer e afirmar sobre essas tentativas,mas a mais importante prova do acêrto foram os resultados alcançados.Espero que os exemplos possam ser seguidos pelas demais equipes,com uma riqueza de opções e movimentações próprias a cada um,na contra-mão da mesmice viciosa do que fizeram até os dias de hoje.No momento que abandonarmos a copia inadequada e burra que nos auto-impusemos voltaremos a ser nós mesmos,mestres do improviso consciente e lúcido,amantes da velocidade e da perícia.Não foi copiando,e mal,que conquistamos as glórias do passado,e pór isso temos a derradeira obrigação de nos reencontrarmos com nossos valores e tradições.

09 abril 2005

E A BURLA CONTINUA.

Quinze segundos para o término da partida Paulistano x Uberlândia.O armador do Paulistano dribla em direção à cesta.O defensor recua à curta distância.O atacante executa duas paradas com subsequentes partidas e arremessa dando a vitoria à sua equipe.Só que a arbitragem,totalmente focada na ação dos dois jogadores omite o fato de que nas duas paradas o atacante interrompe a trajetória da bola em seu deslocamento vertical e recomeça o movimento fazendo com que o dominio da mesma se mantivesse longe do alcance do defensor.Em ambas as ações o atacante cometeu a infração dos dois dribles pois é vedado a quem dribla a bola a interrupção de suas trajetórias ascendentes e descendentes.Se estivesse em maior velocidade cometeria a infração de andar com a bola,pois daria um sobrepasso com a mesma paralizada em sua mão.Ninguém reclamou,a jogada foi validada e vida que segue.Amanhã,em competições internacionais a infração será marcada,e as reações poderão se fazer sentir em torno de uma flagrante violação às regras do jogo.E cada vez mais essa ação é difundida entre nossos armadores e alas.Os técnicos se mostram coniventes,pois não se vêem atitudes que reprovem a ação.E essa atitude técnica vem estabelecendo uma verdadeira orgia de incorreções nos dribles,a ponto de alterar até resultados nos jogos.Muito desse comportamento técnico vem do street-basketball americano,onde a manipulação da bola visa a acrobacia e o espetáculo,empolgante por sinal,mas em detrimento das regras do jogo.Por isso os praticantes dessa modalidade nos EEUU são preteridos quando candidatos a vagas nas equipes da NBA. Uma das constatações mais óbvias ao visualisarmos as grandes fotografias dos armadores e alas americanos quando driblam é a proximidade de seus cotovelos junto ao corpo,fator que elimina o sobrepasso e a condução,pois nessa posição a bola percorrerá sua trajetória perpendicular ou oblíqua na mesma extensão,tanto com o jogador parado ou em deslocamento.O cotovêlo distante do corpo caracteriza a manutenção do controle da bola por um periodo de tempo mais longo,fazendo com que o binômio rítmo-passadas se altere sobremaneira.Se a mão condutora da bola se postar por baixo da mesma,ficará caracterizada a interrupção de sua trajetória,configurando a infração.Já se observam essas tendências até em categorias de formação,pelo exemplo dos adultos,e pela não punição por parte das arbitragens.Em suma, estamos educando toda uma geração de jogadores a utilizarem recursos técnicos que burlam as regras,o que é de se lamentar.O ensino dos fundamentos realmente é dificil e demorado, mas não justifica tal simplificação no ato de driblar a bola.Torna-se uma ação comprometedora no mistér de bem ensinar e de bem sedimentar nosso futuro.Cuidado,muito cuidado nos fundamentos caros colegas,pois jovens são como vasos de argila,cuja modelagem exige paciência e precisão,pois se o resultado após o endurecimento dos mesmos for defeituoso só resta quebrá-los, e dificilmente os cacos podem ser juntados e colados.Por isso sempre defendi que a formação deveria ser entregue aos melhores professores,os mais bem preparados,pois não veriamos a burla nos dribles em silênciosa conivência.

08 abril 2005

SUGESTÕES SOBRE LIGAS

Mesmo discordando do momento,onde o ranço politico mais se faz presente,momento este que poderia aguardar mais um pouco,até o clareamento pós eleição,dando margem a um estudo mais aprofundado das questões inerentes a tal empreendimento,principalmente quanto a organização dos quadros responsáveis pela criação das futuras Ligas,torço para que consigam fazê-las funcionar. Como afirmei anteriormente dificilmente a CBB dividirá o uso da chave do cofre,pois dela depende, como fator determinante de sua existência.Pela crueza e inegável importância desse fator, é que sugiro uma partição inicial das Ligas em áreas determinadas,ou regiões,o que tornaria os deslocamentos das equipes mais econômicos, menos desgastantes,e consequentemente mantendo o nível técnico.Com gastos menores nas etapas iniciais do processo,aos poucos,porém seguramente, as Ligas poderiam atingir seus objetivos de integração nacional.E o que seriam estas regiões?Histórica e tradicionalmente é do conhecimento de todos quais os centros de excelência do basquetebol brasileiro. A região sudeste é inegalvelmente a grande base de nosso basquetebol,seguindo-se o Centro-Oeste e algumas regiões do norte e nordeste.As equipes da capital paulista poderiam se unir às cidades mais próximas do Paraná,assim como as do interior paulista se uniriam às equipes do Centro-Oeste.Rio de Janeiro constituiria com Minas Gerais um outro polo competitivo,completado em um estágio inicial pelos dois estados do sul.O norte e o nordeste ficariam para uma etapa posterior após a implantação definitiva do modêlo. Inicialmente pode parecer injusto,e motivo de alguma indignação a implementação do mesmo,mas dentre os obstáculo que as Ligas enfrentarão,o financeiro será o maior deles.Vencedores das regiões se enfrentariam em um ou dois locais,para decidirem o campeonato.Os títulos regionais seriam também valorizados, despertando nas emprêsas regionais,de mídia inclusive,o desejo de participação.Um grande erro é querer dar partida a tal empreendimento em caráter nacional.Um sem número de firmas e emprêsas poderiam se beneficiar da regionalização,onde são fortes e influentes pela tradição.O acesso,criterioso, só seria aceito após estudos em que sejam provadas as condições econômicas que mantivessem e garantissem as equipes interessadas.Conselhos de técnicos e jogadores auditariam patrocinadores e equipes,a fim de que fossem mantidas as condições técnicas e econômicas dos participantes.As arbitragens também teriam caráter regional,valorizando esses profissionais e também reduzindo custos em deslocamentos.As seções regionais da Liga Nacional,dariam apôio técnico às pequenas Ligas visando o trabalho de base,fossem em clubes ou em escolas. Trata-se de um trabalho monumental,e que exigirá conhecimento técnico na formação de base,e conhecimento administrativo na exequibilização do projeto,além de uma muito bem planejada alocação das poucas verbas inicialmente conseguidas. Um Conselho Consultivo,formado por ex-atletas com especializações em administração,gerenciamento, marketing,economia,direito,jornalismo e turismo,poderia ser de valor extraordinário para a organização das Ligas,pois muitos deles ocupam cargos de grande importância,tanto na área governamental,como na área privada. O COB tem se valido desses profissionais,assim como o voleibol.Acredito,que bem motivados a turma do basquete iria ajudar muito.Uma Liga iniciante tem que se valer de muita criatividade e pés no chão. Começar pequena,com firmeza e confiabilidade,poderá gerar num espaço relativamente curto uma grande organização auto-suficiente.A tão propalada independência da CBB só será possivel com o aval do público e da correta administração das competições.Se houver dependência financeira nada acontecerá,pois como venho afirmando,manda quem tem a chave do cofre. Se os jogadores poderão defender as seleções nacionais,deixem aos resultados o julgamento de quem realmente manda,VOX POPULI VOX DEI.

07 abril 2005

UM ARTIGO DESLUMBRADO

Costumo ler todos os sites que falam do basquetebol em nosso país,e o faço democraticamente,sejam artigos deslumbrados,análises atropeladas ou leituras superficiais sobre os fatos da modalidade, pois todos são importantes ao gerarem saudáveis discussões,grandes divergências de opiniões,e que no transcorrer dos tempos talvez nos levem ao encontro de um passado esquecido,de um reencontro de gerações,de uma retomada orgulhosa e possível do caminho extraviado.E para reforçar esta minha certeza de que o soerguimento é possivel,reproduzo para todos,jóvens e velhos praticantes,antigos e novos jornalistas,técnicos e apaixonados pelo basquetebol um artigo publicado na revista comemorativa do Campeonato Mundial Masculino de 1963 no Rio de Janeiro, e publicada pela CBB.O autor,Robert Busnel,membro da Comissão Técnica da FIBA, Selecionador e Técnico da Equipe Nacional Francesa,colaborador do jornal desportivo"L'Equipe",de Paris e da revista"Basketball",órgão oficial da Federação Francesa de Basketball e uma das maiores autoridades do Basketball mundial. BRASIL,CAMPEÃO DO MUNDO COM JOGO RESPLANDECENTE E NO QUAL AS QUALIDADES FÍSICAS E A PONTARIA ATINGIRAM VÉRTICES EXTRAORDINARIOS- Os varios títulos em relêvo resumem um campeonato extraordinario.Nunca as equipes estiveram tão aproximadas umas das outras.Nunca os jogos atingiram um tal nível.Nunca as qualidades físicas dos jogadores e a sua pontaria foram tão determinantes. Nesse ginásio do Maracanã,o maior do mundo,recordes foram batidos,com mais de 40.000 pessoas nos jogos principais,que fizeram um imenso Carnaval,onde a alegria não passou nunca dos limites permitidos.Graças à vitória do Brasil,uma vitória justa,merecida e obtida num estilo fascinante,no qual os movimentos mais clássicos eram finalizados por ações inesperadas. Um Amaury ou um Wlamir,parecem ter atingido os píncaros da perfeição. Esse"diabo" do Wlamir,no contra-ataque,foi irresistível e a bola que arremessava,em posições às mais acrobáticas parecia enviada à cesta como se fôra nos braços de uma amante. Seu companheiro Amaury,base de tôdas as ações brasileiras,na quadra apresentava a displicência de um grande Senhor.Mas isto era apenas aparente, porque em todos os momentos críticos da sua equipe,sem falhar uma só vez,impunha a sua lei de uma maneira espantosa. Em volta dêsses dois homens,é certo,havia outros cujas mãos "roubavam" tôdas as bolas indisciplinadas. E,depois,havia o amor à cesta, a atração de cada um,com um só objetivo: marcar o máximo de pontos. Saltando a alturas inacessíveis ao comum dos jogadores eles arremessam à cesta com facilidade incrível num raio de oito metros. E,quando bem sucedidos,saltam ainda mais e sempre para exprimirem sua alegria,com gritos estridentes que encontram eco no frenesi de milhares de espectadores. Poder-se-á dizer que os americanos poderiam enviar uma equipe melhor,que o encorajamento do público foi determinante,que o Maracanã é no Brasil,mas não é menos verdade que este título de Campeão do Mundo foi conquistado com um panache jamais igualado,com uma classe incontestável,com uma vontade que nos leva à admiração. A equipe do Brasil foi realmente grande,a melhor,incontestàvelmente Campeão do Mundo em futebol,Campeão do Mundo em basquetebol, o Brasil pode orgulhar-se dos seus atletas, ou melhor, dos seus artistas!Se um Pelé ou um Garrincha encantam as multidões dos campos de futebol,pelo virtuosismo,um Amaury ou um Wlamir atingem as mais elevadas culminâncias pela elegância. Graças a essa maneira deslumbrante,eles arrastam não sòmente uma multidão apaixonada, mas também toda uma juventude ávida de assemelhar-se aos seus ídolos. Tôdas as noites,nos ginásios,nas ruas mesmo,ou às tardes,sob o sol poente quando as sombras invadem a praia de Copacabana,pode-se ver esses jóvens brincando com a bola encantada das suas esperanças. E o Cristo do Corcovado,tão alto no céu,parece abençoar essa juventude ardente,entusiasta,generosa,inquieta,que não acaba de nos surpreender e que um povo inteiro encoraja com vozes que atingem as nossas entranhas e que vos dá,a vós também, vontade de gritar:"BRASIL,BRASIL,BRASIL!" Quem escreveu foi um filho do bêrço cultural da Europa,deslumbrado pelo que assistiu e testemunhou,ao vivo e à côres.Só peço aos deuses que essa nova geração de escribas tenha a chance que ele teve,para se verem,nem que por um momento,tão deslumbrados quanto Robert Busnel. Em tempo-Também estive lá.

05 abril 2005

COMANDO EXPLÍCITO

E a final aconteceu,e para que nenhuma dúvida ficasse no ar gravei a dita cuja em velocidade SP,a melhor.Não precisei nem revê-la para confirmar observações anteriores,pois,acima de qualquer dúvida,o óbvio foi mais que ululante.North Carolina e Illinois fizeram uma final,perante 50.000 mil espectadores(pagos com certeza)onde as estrêlas se encontravam FORA da quadra,e não DENTRO,como deveria ser pelo espírito da competição e da luta.Até paletó cor de laranja se fez presente,assim como as pranchetas reinaram absolutas.Para a inveja de muitos de nossos técnicos,seus colegas americanos podem pedir vários tempos,de curta ou longa duração(cronometrei seis deles com mais de três minutos para permitir a inserção de comerciais),o que de certa forma os colocavam no comando direto a cada três ou quatro posses de bola. Jogadores pressionados ou sem opções de passes também podem paralisar o jogo, para que os técnicos "desenhem"as movimentações técnicas.Ou seja, jogador não pode ter livre arbítrio,deve e tem de seguir movimentações estabelecidas por seus técnicos,e se num rompante de individualidade fugir do prescrito sua substituição é quase automática.Illinois optou pelo jogo baseado nos três pontos(até em contra-ataque o tentaram)e na fortíssima defesa.North Carolina apostou no jogo de meia e curta distância,apostou nos dois pontos,mais precisos e equilibrados, e por isso venceu. Jogou com a formação clássica de dois armadores,dois alas e um pivô forte,porém bastante rápido(reboteava na defesa e ia para a conclusão no ataque)Porém,o que ficou patente,sacramentado, por se tratar da final do campeonato de maior tradição nos EEUU (A NBA tem 60 anos a menos de existência),foi a total submissão das equipes ao rigorismo técnico-tático imposto pelos técnicos,de tal forma pétreo, que impossibilitam mudanças estruturais dentro do jogo.Uma ou outra mudança posicional,ou mesmo comportamental ainda se faz presente, mas mudanças radicais,nem pensar. Táticamente começam e terminam da mesma forma,e ponto final.North Carolina apostou no cansaço dos lançadores de Illinois,e para maior garantia cortou a linha de passes velozes que propiciavam os arremêssos de três pontos equilibrados, ao mesmo tempo que reforçava o jogo interior dos dois pontos(e muitas vezes de três pelo elevado número de faltas no ato dos arremêssos).Concluindo,eram três ou quatro posses de bola e o pedido de tempo se fazia presente,pois as estrêlas do jogo TÊM que jogar também.E o engraçado é que após os mesmos as equipes voltavam agindo idênticamente ao que vinham fazendo, ou seja,aquela quantidade de excelentes jogadores manietados aos esquemas rabiscados nas pranchetas,estas sim, reinando absolutas,ofuscantes no centro(centro mesmo,com todos em volta)das ações.Já comentei em artigos anteriores esse dominio absoluto exercido pelos técnicos universitários em suas equipes,e a adoção maciça do Passing Game como uma autêntica filosofia de jogo empregada por todos,por motivos que também expús anteriormente.Essa atitude mantem e perpetua o dominio dos jogadores de fora para dentro da quadra,e uniformiza politicas de recrutamento e controle de qualidade,tal qual uma imensa indústria de equipamentos de alta precisão, e sem dúvida nenhuma o maior beneficiário dessa indústria é a holding NBA, com uma única e sutil diferença,que denominei no artigo anterior como a grande,inteligente e genial contradição do basquete americano,fundamentada no sistema do Passing Game,que na NCAA pela utilização dos 35 segundos de posse de bola mantem a equipe sob o controle dos técnicos e praticamente inviabiliza o jogo de um contra um pela adoção das defesas por zona,flutuações e ajudas,ao contrário da NBA,que utiliza o mesmo PG,mas com a não permissão de flutuações e determinadas ajudas explora ao máximo as situações de um contra um,mesmo dentro das limitações dos 24 segundos,fator que retira dos técnicos muito do dominio exercido por seus colegas universitários.Numa rápida análise e consequente conclusão, o que pudemos atestar com boa margem de previsãa,é que os EEUU correm um sério risco de ainda ficarem,e por um longo tempo fora das conquistas em campeonatos da FIBA,pois países como Argentina,Itália,Espanha, Lituãnia,para citar alguns, já evoluiram para um sistema de jogo bem adaptado aos 24 segundos nos ataques, e pela utilização e variação de sistemas defensivos negados aos astros da NBA. A liberdade de criação,e consequente diminuição na influência dos técnicos sobre os jogadores,dão ao restante do mundo boas chances de adiarem a volta dominadora dos astros da NBA,além,é claro,das sérias desconfianças que pairam por sobre muitos deles quanto a lisura de suas preparações técnicas.Mas isso é outra história...

01 abril 2005

A CONSTATAÇÃO DO ÓBVIO

No penúltimo artigo que publiquei sobre táticas e sistemas,mencionei a total similitude dos sistemas empregados pelos dezesseis, e depois oito finalistas do campeonato universitário americano. Agora mesmo,ao se encerrar a rodada dupla do Final Four,mais do que nunca confirmou-se tal similitude,e com um agravante,idênticos comportamentos quando fugiam da rigidez do Passing Game. Momentos houve,em ambos os jogos,como num toque de loucura coletiva,quando as regras e conceitos são quebrados por todos os envolvidos na quadra(técnicos à parte),em que uma correria desenfreada em contra-ataques sucessivos de ambas as partes,culminavam em êrros, até certo ponto primários e nada dignos de jogadores finalistas.E o jogo se transformava em uma competição de arremêssos de três pontos,mesmo em contra-ataques individuais,e em perdas de bola bisonhas em passes e dribles.Mas, eis que intervêm o técnico,colocando a todos nos trilhos previsíveis do PG,vamos chamá-lo assim,PG. E o que acontece? O que já vinhamos vendo em toda a competição,a constatação do óbvio.No NYT de hoje saiu uma reportagem mostrando que na atualidade do basquetebol universitário americano,os técnicos são mais enfocados pela mídia que os jogadores,e que suas funções de liderança e de comando os tornam preferidos em campanhas comerciais milionárias,como as do American Express e Walmart,pelo seu carisma e poderosa imagem de vencedor.Mas, e os jogadores,que pelas rígidas leis da NCAA nada podem receber,a não ser o estudo alimentação e alojamento? Claro, que uma formação acadêmica,e uma possibilidade de ingresso na NBA são poderosos argumentos para que enfrentem os quatro anos de universidade,e que para tal se submetam ao sistema de jogo que subtrae dos mesmos o livre arbítrio e muito de sua criatividade.Mas naqueles momentos de fuga e loucura transgridem a tudo,erram bisonhamente e acertam brilhantemente,numa demonstração do que seriam capazes de realizar se jogassem com mais liberdade e opções,como fazem os profissionais que utilizam o mesmo sistema de jogo,o nosso familiar PG.E ai está a grande,proposital e genial contradição do basquetebol jogado por nossos irmãos do norte,e que copiamos erroneamente,por não entendermos o cerne da mesma.Porque contradição? Em artigos anteriores explico os porques que originaram a adoção do PG pelos técnicos universitários,e numa breve síntese,é o sistema que garantiu o controle tático absoluto das equipes por parte dos técnicos,que temiam perdê-lo com a adoção do limite de tempo de posse de bola. E ainda raciocinam e agem dessa maneira ao permitirem 35 segundos de posse ,em vez dos 24 segundos da NBA e da FIBA,que para eles não representa nada,inclusive nas regras particulares que usam.No entanto, permitem a utilização das defesas por zona,das flutuações e das ajudas defensivas. O PG age como elemento congregador,cuja movimentação é plenamente planejada e controlada pelos técnicos,exatamente como uma grande coreografia. É um sistema,que pela velocidade dos passes,estabelece com elevada frequência o surgimento das situações de um contra um,pouco utilizadas pelos universitários,já que as defesas , flutuações e ajudas,obstaculizam tais ações,mas que cabem como luva entre os profissionais,por terem aquelas ações defensivas limitadas e praticamente proibidas. Neste caso,as atitudes individuais e o brilhantismo técnico se sobrepôe à rigidez do PG,sem negá-lo.Essa foi a contradição que derrubou Rick Pitino na NBA,e derrubará todo e qualquer técnico universitário que tentar estabelecer o rigorismo do PG,ainda mais sob a regra dos 24 segundos. E nós? E NÓS?? Ao copiarmos os profissionais esquecemos mais uma vez o óbvio, pois como empregamos a liberdade defensiva vimos nossos armadores se transformarem em cestinhas,nossos alas esquecerem os fundamentos e nossos pivôs se transformarem em massas disformes,lentos e em muitos casos,estáticos. E nossos técnicos,hipnotizados pelas mirangens da NBA,magistralmente divulgadas pelo mundo televisivo e informatizado,sonhando com uma forma de jogar e administrar o basquetebol sem ter um mínimo da retaguarda acadêmica e colegial que eles possuem,e pior,sem sequer procurar,e mesmo estudar a grande,e repito,genial contradição que mencionei.Nossos técnicos precisam entender com urgência,os meandros sociológicos que cercam toda e qualquer política que visa desenvolver um progresso desportivo,o qual espelha ações inerentes a cada povo ou nação,e que se bem entendidas e analisadas permitem que se estabeleçam ações antagônicas para enfrentá-las.Um técnico brasileiro não deve querer agir como um americano,pois são situações diametralmente opostas,realidades contrárias,diferentes. Deve,isto sim, adequar nossa realidade pessoal,física,econômica e psicológica a técnicas e sistemas que explorem ao máximo nossas potencialidades,que são únicas e especiais.Mas para isso terão que estudar mais e procurar não se influenciar pelo canto de sereias. Ulisses se acorrentou ao mastro de seu barco,às suas convicções e principios,e seguiu em frente,de encontro a seu destino. Pensem bem sobre os porques dos argentinos,aqui do lado,nos passarem e nos vencerem, e na segunda-feira,quando da final universitaria americana tetemunhem,tão somente,a contradição do óbvio,e nada mais,por favor!