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Prof.Paulo Murilo 

27 junho 2008

DIFÍCIL, MUITO DIFÍCIL...

Dificil, muito difícil analisar uma seleção tão fragmentada e heterogênea como essa. Apesar dos esforços honestos e competentes do técnico espanhol, que em nada modificou o sistema de jogo largamente conhecido por todos os integrantes da equipe, tanto os que atuam fora do país, como os da terra, pois se trata de um sistema padronizado mundo afora, introduzindo somente um novo fator, a cadenciação européia, com definições após os 20 seg. de posse de bola, e a importância que dá ao “um passe a mais”, como que tentando frear ao máximo a proverbial volúpia ofensiva de determinados e conhecidos pel....digo, jogadores que dirige mais patriarcalmente, que tecnicamente. E assim age na esperança de que nos futuros e decisivos momentos ,na grande e decisiva competição que se avizinha, venham os mesmos obedecerem seus conceitos e diretivas, cuja amalgama técnico –tática se baseia num único preceito, a paciência perante as dificuldades que se farão permanentemente presentes a cada minuto dos jogos em Atenas.

E nesse ponto cabem três elucidativas perguntas - Terá o Moncho tempo suficiente de treinamento, para mudar radicalmente hábitos enraizados a longos anos de estrada dos nossos mais experientes jogadores, principalmente aqueles que também por hábito, detém direitos adquiridos decisórios em suas equipes?

-Serão os atuais armadores os mais indicados na função de cadenciar o ritmo da equipe, quando defrontados por aqueles jogadores mencionados na primeira pergunta?

-Mudarão a maioria de nossos pivôs em seus posicionamentos fixos no recebimento dos passes, quando lhes é proposto tais recebimentos em movimento continuo e em velocidade?

Pela premência de tempo, na qual atitudes e hábitos se encontram solidamente estabelecidos, difícil não, impossível operarem mudanças expressivas que garantam relativo sucesso no Pré, a não ser por circunstâncias ambientais e comportamentais de caráter excepcional em partidas decisivas.

A fragmentação e heterogeneidade da equipe, motivadas pelas dificuldades em sua formação, onde convocações equivocadas preteriram jogadores mais indicados ao modelo proposto pelo técnico espanhol, expôs nesses dois jogos preparatórios contra a fraca equipe venezuelana, a falta estratégica de armadores de técnica individual refinada e experiência acumulada, que são os fatores mais determinantes na geração e variação rítmica no andamento de uma equipe. A proposta do Moncho , se levada ao seu mais alto determinismo, exigiria no mínimo contar com três ótimos armadores, para manterem um ritmo cadenciado, porém incisivo, veloz, mas calculado, inteligente, e corajoso. Temos somente dois, ambos pouco rodados se comparados aos europeus, numa posição em que somente alcançam o máximo de produtividade após os 28-30 anos.

Mas onde se encontram os maiores problemas quanto ao ritmo cadenciado preconizado pelo técnico, é o setor dos alas, pois quase todos eles são adeptos confessos das soluções rápidas, “gatilhos” mais instintivos que pensados e racionalizados, no contra-pé dos anseios acadêmicos do técnico espanhol. É nesse setor da equipe que terá as maiores dores de cabeça, por ser o grande tendão de Aquiles da seleção.

Finalmente os pivôs, mescla de velozes com pesados, dentro de um sistema de jogo que privilegia os primeiros, que, no entanto estão em inferioridade numérica ante os segundos, numa incoerência que pode ser decisiva nos jogos mais importantes. Um outro pivô rápido e veloz teria de fazer parte do elenco, bastando guindá-lo da equipe B, assim como o terceiro armador. Seria uma atitude lúcida, ante as deficiências que se fizeram presentes até a data de hoje, e que poderá cobrar juros muito altos se não forem corrigidas a tempo, que existe, que é factível, bastando ter a coragem de tomá-la, aumentando a possibilidade de um aumento de performance da equipe como um todo.

E tudo isso em uma analise ofensiva, pois quanto a defensiva, somente a ressaltar a positiva insistência na marcação individual pressionada, com as previstas deficiências presentes no manjado setor dos alas, e com um óbice lamentável, a permanente marcação dos pivôs por trás, que é uma marca das equipes espanholas, ao contrario das demais européias, que os marcam pela frente todo o tempo, permitindo que o numero de faltas seja reduzido, além de alterarem substancialmente a maneira de atacar dos adversários, obrigando-os a passes em elipse, bem mais fáceis de serem interceptados.

Assim vejo a equipe brasileira sob o aspecto técnico-tático, mas guardando sérias dúvidas quanto ao aspecto comportamental, principalmente em suas lideranças, já que provêem do Pré de Las Vegas, onde se insurgiram contra a comissão técnica, numa passagem lamentável e comprometedora de indisciplina coletiva, e que foi, apesar do secretismo da manifestação, exposta com todas as letras pelo hoje defenestrado Marcos, o único que teve a coragem de assumir o fato, pelo qual pagou sozinho, jogado ao limbo da modalidade. Temo que ao primeiro revés torne a ocorrer, pois quem faz um cesto, faz um cento, ainda mais quando um”estrangeiro” pode, convenientemente, levar a culpa. Torço para que ele faça valer sua grande experiência e perspicácia tão presente na gente ibérica.

No mais, é rezar aos deuses para que pequenos grandes milagres possam vir em socorro de um basquete tão aviltado e humilhado imerecidamente, face ao seu glorioso e irretocável passado. Oremos então.

Amém

A ESTRÉIA...

Deu-se a estréia, com um maracanãnzinho às moscas, muita badalação televisiva, onde um Moncho bem intencionado se viu privado de ser entendido em português pelos telespectadores, porque um trepidante repórter não poderia perder a fantástica oportunidade de expor seu tatibitate portunhol, e a imposição de uma tradução para nossa língua de declarações do paciente técnico, compreendida até pelas moscas que ocupavam os espaços circundantes. Querer aparecer em nosso país tornou-se uma praga infernal e profundamente caipira, assim como o assistente técnico deslanchando sua infernal caneta em uma prancheta que nem o titular do posto usa, demonstrando uma excelente capacidade de comunicação olho no olho, mais do que suficiente para ser bem entendido pelos jogadores, em vez de se verem perdidos perante rabiscos ininteligíveis perpetrados por um assistente técnico, repito, assistente técnico, que se o espanhol de plantão não se cuidar se verá engolido pelo afã avassalador de quem já está prontinho para o bote definitivo, estranhamente com seu próprio aval.
O técnico espanhol se comportou no banco na corretíssima função de cobrador do que foi devidamente treinado, critico paciente dos erros cometidos, e incentivador pelos acertos, e não como um estrategista de última hora, inventando na prancheta ações etéreas e irreais, como o fazem a grande maioria dos técnicos(?) nacionais, incluso seu assistente-candidato-ao-seu-posto. Vimos alguns bons momentos de basquetebol, principalmente no primeiro e quarto quartos, quando os sete melhores jogadores se revezaram, dando enorme razão ao técnico quando afirmou que a melhor equipe não é a que começa o jogo, e sim a que termina em quadra. E pelo que vimos, algumas evidencias se tornam indiscutíveis, a saber : Dois são os homens de tabela na seleção, assim como os melhores marcadores e reboteadores, o Spliter e o Probst, infinitamente superiores ao JP Batista, Baby e Murilo, pela segurança, precisão nos passes e domínio das duas tabelas. O Huertas deveria ter a companhia, jogando ou substituído de um armador com maior qualificação que o Fulvio, pois os dois Helios são incomensuravelmente superiores a ele, nos passes, na ambidestralidade, na velocidade e nos arremessos, e principalmente no aspecto defensivo, em se tratando de uma seleção em busca de uma classificação olímpica. Na qualidade de um terceiro armador, o Fulvio completaria um tríduo que o sistema do Moncho, ao privilegiar aquele “passe a mais” o obriga a ter três armadores puros na equipe. Querer adaptar os irmãos Machado e o Alex como segundos armadores é temerário pela ausência de técnica específica que jamais possuíram, vide as situações de precariedade nos dribles quando assediados de muito perto, e o próprio Moncho já se convenceu disso, o que provam suas substituições durante o jogo. Todos estes três jogadores e mais o Tavernari, que com sua volúpia de arremessos de três rivaliza com a do Marcelo, sem a experiência deste, onde a inabilidade defensiva também são idênticas, são única e exclusivamente alas, para serem lançados, e nunca como responsáveis por qualquer tentativa de armação da equipe, ainda mais quando se virem perante europeus duros na defesa e hábeis, muito hábeis no ataque. Marcus é um jogador limitado, que nem seu espirito de luta o credencia a uma seleção brasileira, pelo menos por enquanto. Quando está vindo a público, um possível e já planejado plano B de ajuda e salvação da equipe que disputará o Sul-Americano, com o aproveitamento de alguns jogadores da equipe do Pré, reforçando-a a fim de que a classificação até o quarto lugar garanta a participação no Mundial de 2010, exatamente o reverso deveria também ser tentado, principalmente com relação ao Helio e o Drudi, que sem dúvida alguma reforçariam substancialmente a equipe que irá a Atenas. Tal possibilidade aventada pela própria CBB, vem corroborar o ponto de vista defendido por alguns técnicos, de que somente uma seleção deveria ter sido formada, inclusive pela possibilidade de atuar em torneios que precedem o Sul-Americano, onde as equipes participantes seriam muito mais úteis à nossa preparação do que a frágil Venezuela que ora nos visita. Acredito que o inteligente técnico espanhol, já esteja antenado para essas possibilidades na composiçãp da equipe, pois se a equipe A poderá ceder reforços para a B no Chile, estaria criado o lógico precedente para o caminho inverso, com a lucratividade dupla, que deveria ter sido simples, se uma mesma equipe atuasse nos dois campeonatos, pois de uma única cajadada arrumaria sua força reboteira e de armação, assim como cessaria de imediato uma tendência repetitiva e danosa que sempre se insinua no âmago de nossas seleções, a do temível “grupo fechado”, reinado e posse dos cardeais que sempre apresentam suas credenciais nessas situações. A equipe, de um modo geral demonstrou aguerrimento e disposição, pelo menos aparente, de colaborar com a disposição modificadora da nova liderança técnica, apesar de constatarmos ser seu sistema de ataque idêntico ao que se pratica no mundo inteiro, somente com a exigência daquele requisitado “passe a mais”. No entanto, seu enfoque prioritário na defesa é elogiável, e foi razoavelmente desenvolvido. Pena que alguns jogadores sejam irremediavelmente avessos a tais arroubos defensivos, fatores desprezíveis, por formação, de alguns deles. Que tenha lucidez e a perseverança dos bem intencionados, pois, incrivelmente milagres acontecem, e bem que precisaremos de um bem fornido. Amém.

24 junho 2008

COACH K...

Pronto, o Mike Krzyzewski soltou a lista de seus jogadores para as Olimpíadas de Pequim, com uma gradação de especialidades que é um verdadeiro chute em alguns e enraizados conceitos dos muitos, diria até, grande maioria de nossos técnicos e entendidos do grande jogo. Entendidos claro, em suas próprias convicções. Como explicar a “incompreensível” existência de três armadores puros e três alas-armadores tão técnicos e eficientes quanto aqueles, num país com a quantidade brutal de talentos que possuem, convocando tão somente UM pivô puro, um cincão como dizem exultantes, rútilos na visão mastodôntica que anteviam para aquela seleção, onde 2,12 m seria estatura desprezível? E completando a equipe com três alas puros e dois alas-pivôs ? O que pensa esse tal de coach K? Pois é meus caros entendidos, doutores dos sonhos inatingíveis de batalhas cruentas under basket, de dominação absoluta das “áreas pintadas”, da arte intimidatória, e dos tocos cinematográficos, como explicar tamanho descalabro? Um único pivosão? E dois alas que poderão ocupar tal cargo transcendental, somente dois? Quando o coach K afirmou após o mundial passado, que os americanos precisavam aprender a jogar como o restante do mundo, não estava brincando, e nem estava com as faculdades mentais alteradas. Simplesmente mencionou o óbvio, a nova realidade que teriam de enfrentar e se adaptar, se quisessem voltar ao topo do basquete internacional. O jogo dos mastodontes pesados e lentos tinha acabado, fato captado somente pelo D’Antoni do Suns, com seu basquete rápido e de mobilidade física total, e que foi paralisado em sua concepção pelo contrato do O’Neal. Não foi atoa que se transferiu para NY, em busca de sua concepção bloqueada em Phoenix. Mas o coach K não se rendeu às criticas e tentativas de se manter o status quo do basquete profissional americano, perdedor nos últimos torneios internacionais, e com aquele espírito renovador, somente encontrado no ambiente universitário, sempre aberto à pesquisa e busca do novo e do avançado, qualificou sua equipe, conceituando-a dentro dos preceitos vencedores de europeus e argentinos, para o encontro olímpico, onde atuando com dois armadores puros e três jogadores altos e habilidosos no ataque e na defesa, em movimentação constante e veloz, tentará superá-los dentro de seus próprios conceitos e técnica peculiar, onde pivosão nenhum se sentirá a vontade ao confrontar-se com seus velozes adversários. Então porque a presença de um único pivô pesado? Como ex-militar e bom estrategista, coach K o manterá como reserva tática, para aqueles momentos em que alguns de seus adversários escalarem um similar, tão pesado quanto o seu jogador. O que veremos, sem duvida alguma, é uma equipe longilínea, muito veloz, atlética, e talentosa nos fundamentos do jogo ofensivo, e muito mais, no defensivo, pois que fique claro aos entendidos, defesa também é fundamento, que deve ser bem aprendido, exaustivamente trabalhado, e centrado no arsenal técnico-tático de toda equipe que se preza. Desta base é que se estabelece o desenvolvimento ofensivo, que será eficiente na proporção direta ao sucesso defensivo. E o coach K bem sabe e conhece esses conceitos, que tentará provar e estabelecer na direção de profissionais, orientados em conceitos universitários, adaptados à realidade do basquete jogado e praticado fora de suas até agora inexpugnáveis fronteiras. E para o desgosto das carpideiras nacionais, presas ao espetáculo feérico e irreal da NBA, com seus astros multimilionários e arrogantes, que sempre voltaram as costas para o restante do mundo, inclusive, e em muitos casos renegando a volta às suas seleções nacionais, é tempo de uma mudança impossível de ser freada, pois em caso contrario tal esquema tenderá rapidamente a cair num descrédito de tal monta, que poderá abalar sua estrutura econômica, se um novo fracasso olímpico vier a ocorrer. Por tudo isso, assistiremos os profissionais mais bem pagos do mundo jogando o mesmo basquete praticado por aqueles não tão bem pagos como eles, obrigados pela obviedade técnico-tática que foram incapazes de adotar, com suas regras especificas e voltadas ao seu histórico egocentrismo. Dois armadores e três homens altos, rápidos e atléticos, sonho do Moncho ao aqui aportar, e sentir que a resistência seria grande, mas que aos poucos tenta estabelecer, apesar do descrédito daqueles que “acham “ que entendem o grande jogo, que torna-se pequeno para a grande maioria deles, cegos pela ignorância e pelo desconhecimento do que o mesmo representa para os verdadeiros e autênticos basqueteiros. Se ao concretizar tão radical projeto o coach K se fizer presente com dignidade e audácia nas Olimpíadas, mesmo assim será punido pela colonizada descrença daqueles cujos princípios de vida foram, são e serão ainda, por muito tempo, pautados por um tipo de supremacia exógena que nos esmaga e priva do raciocínio lógico e vital. Mas como não há mal que sempre dure, um dia as fichas cairão, e só peço aos deuses que esse dia não demore tanto a chegar. Amém.

21 junho 2008

APOSTAS...E BLEFES

E no Clube Pinheiros em São Paulo, 12 clubes do Nacional e 8 da ACBB se reuniram para criar uma nova liga, que segundo eles, será reconhecida pela CBB, e terá sua data de fundação em 19 de julho próximo na sede do Flamengo. O nome proposto é o de Associação Nacional de Basquete (ANB), com ação já programada para a temporada 2008-2009, com a participação inicial de 16 clubes, e que caberá à mesma a gerencia dos contratos de mídia e patrocínios. A CBB aguarda a proposta dos clubes para se manifestar, o que coloca em dúvida se reconhecerá ou não a mais nova liga na praça.

Coincidência ou não, a data da fundação, 19 de julho, é véspera do término do Pré-Olímpico de Atenas, quando os 3 classificados já estarão conhecidos, minando substancialmente o poder do grego melhor que um presente, no caso de mais um fracasso de nossa seleção, poder esse, que se mantém altaneiro com a classificação da equipe feminina, apesar de não ter o mesmo cacife político que o masculino, afastado de muito das classificações olímpicas.

No entanto, os clubes, os mesmos que ajudaram e prestigiaram inicialmente a NLB, traída logo a seguir, e que deram, no caso dos paulistas, oportunidade de uma nova aventura ao fundarem a ACBB, que alcançou um grande sucesso com a sua Super Copa, esquecem que em ambas as iniciativas não contaram com o aval da CBB, ciosa em manter o controle das chaves do cofre e da administração dos 10 milhões de reais de suas dotações, que foram referendadas e aprovadas em recente prestação de contas.

Meses atrás, ouve uma cisão entre o presidente da CBB e o presidente da FPB, que também exercia a vice-presidência de assuntos externos, ou internacionais da Confederação. Foi uma separação litigiosa e de grande divulgação, colocando-os em campos opostos e profundamente “divergentes”. Era um momento em que o poder na FPB estava inseguro pela proximidade comprometedora com a CBB, que defrontava e impugnava qualquer apoio às tentativas de divisão no comando e administração dos campeonatos nacionais, principalmente pelos clubes paulistas. Naquela época, aventei a possibilidade de um acordo de rompimento público entre os dois mandatários, afim de que o controle da FPB fosse preservado, mantendo-se no poder ao colocar-se ao lado dos clubes e suas reinvidicações de administração de um campeonato nacional, através uma liga autônoma, na medida do possível, perante os estatutos vigentes da CBB, e que logo depois da procela, as relações seriam reativadas numa reconciliação tão ou mais dramática que o rompimento teatral exposto em rede nacional. E que no fim de tudo, as partes retomariam seus caminhos de domínio político, garantindo por mais tempo suas permanências nos “cargos de sacrifício”, sacramentando suas continuidades.

Talvez, e nessa decisiva encruzilhada, surjisse a solução que conciliaria os interesses conflitantes com os clubes, mas perfeitamente concordes com os dos dois dirigentes em questão, ou seja, comandando e administrando juntos na penumbra inescrutável as fatias indivisíveis (para eles...) do bolo financeiro, pseudamente na mão dos clubes, os mesmos clubes que elegem os presidentes de federações, que elegem o presidente confederativo, fechando um circulo vicioso que somente eles poderiam romper, se quisessem.

Claro, que ninguém deseja a desclassificação da seleção no Pré, que no caso de vitória reforçaria politicamente a atual direção, enfraquecendo, ou mesmo anulando mais uma vez, a nova tentativa associativa ou de liga de clubes. A data de fundação preconiza desde já um posicionamento estratégico ante a possibilidade factível de não classificação da equipe nacional, quando a posição do atual presidente se tornaria fraca e indefensável perante as exigências diretivas da novel entidade.

E se os cardeais da seleção recomeçarem seus discursos de insurgência a uma possibilidade de reconvocação para as Olimpíadas daqueles jogadores que pediram licença por motivos médicos, quando um deles declara que pediria desligamento imediato se aquilo ocorresse, numa intromissão ameaçadora ao real e inquestionável poder do técnico em fazê-lo, mesmo que contra a vontade de muitos, mas que é um direito dele, avaliando-o, inclusive, técnica e taticamente, numa apropriação indébita de um poder que absolutamente não tem, veremos, que os problemas ocorridos em Las Vegas retornarão avassaladores através um conceito absurdo de liderança que se instaurou no âmago da seleção, onde jogadores, com a divulgação errônea da mídia, estabelecem comportamentos que não se coadunam aos preceitos primários de disciplina hierárquica e respeito à autoridade de quem os lideram, seus técnicos. Ai sim, é que o perigo de não classificação se avolumará matematicamente, levando ao paredão, em caso de derrota, a situação diretiva do basquete brasileiro, o que beneficiaria em muito àqueles que a querem afastada, a começar pelos clubes que, por mais uma vez, almejam as chaves do cofre, mas não se unem nas eleições federativas, na contra-mão do que ocorrerá com a classificação da equipe, solidificando a posição do grego melhor que um presente, que definirá quem abre e fecha o bendito cofre, apoiando, ou não, ligas ou associações.

Será que é isso mesmo que se descortina nesse deserto de idéias e rasteiras politiqueiras? Será isso mesmo que desejam que ocorra? E se a data de fundação fosse 12 de julho?...

As cartas estão na mesa, abram-se as apostas...e os blefes.

Amém.

18 junho 2008

O LEGADO DE UMA CAMISA...

“Não se pode matar uma jogadora para sempre. Mas as Olimpíadas, ela não joga. Não posso correr o risco de convocá-la”.

Em contra-ponto : “(...)Mas eu faria tudo de novo se ele me tirasse novamente”.

“Ele me vê como uma jogadora individualista. E eu acho que, em situações importantes, ele me pune e me deixa fora da quadra. Por isso, nunca vai dar certo”.

“Jogar coletivamente está sendo uma violência muito grande para ela. A Iziane simplesmente não consegue dividir espaço. O retorno dela depende de mudanças a médio e longo prazos. Hoje, não é possível. É necessária uma mudança radical de postura. Há uma diferença de pensamento muito grande entre nós”.

“Desde o juvenil, nós temos problemas na quadra(...)Quando joguei no Ourinhos, foi a mesma coisa”.( O Globo de 17/06/08)

E a pendenga por ai vai, célere e sem freios, como duas entidades à parte do espírito de seleção, repito, seleção, destino final e ansiado dos e para os melhores, onde achismos personalistas e discussões sobre o sexo dos anjos perdem validade e respeitabilidade. Em uma seleção nacional o técnico “está” técnico, onde o “sou técnico” se perde no vazio das pretensões de eterno continuísmo. Lembro a estupefação nacional quando o ex-ministro da Educação Eduardo Portella desafiou o sistema da intocabilidade e auto-deificação ministerial ao definir estar ministro, e não ser ministro. Perdeu o cargo, mas jamais a definitiva e emblemática razão. Não podem, técnicos e jogadores selecionados para defenderem o país em competições de alto nível, representando a elite momentânea de suas participações, auferirem poderes circunstanciais acima de suas reais competências, já que transitórias, em prazos e objetivos finais. A seleção nacional não pode ser utilizada como palco de discussões de caráter mandatário ou reacionário às suas pétreas (assim deveria ser) tradições e conceitos de nacionalidade, onde o desrespeito aos seus princípios básicos teriam obrigatoriamente sentido único, ou seja, uma única e decisiva chance de erro ou transgressão. Negar seus princípios não pode suceder qualquer possibilidade de repetição, tal qual um dogma, ao qual terá de se submeter todo aquele, que por suas inegáveis qualidades e justo merecimento, tenha a honra, a grande honra de vestir a camisa de seu país e pertencer à seleção de seus melhores representantes, sabedores a priori de que jamais poderão desonrá-la e traí-la. Essa tradição, a ser mantida e preservada, garantirá às gerações que se sucedem na história do país, a certeza de que, para lá chegarem e conquistarem o direito de envergá-la, necessitarão de muito trabalho, honestidade, respeito e entrega incondicional à missão que lhes estarão outorgando o povo desse país. Usar a seleção como vitrine de autopromoção, como muitos hoje o fazem, sequer disfarçando seus propósitos, ou estabelecendo “condições” para servi-la, é algo abominável e que tem de ser expurgado a qualquer preço, mesmo que tais subterfúgios contem com a criminosa omissão daqueles que dirigem e administram o poder confederativo.

Que cesse imediatamente esse bate-boca personalista e de parco interesse desportivo, e que desde já se incubam as partes atuantes em seguirem seus caminhos, dentro ou fora da seleção, pois novos obstáculos se aproximam céleres, com datas imutáveis e inadiáveis.

E que as camisas de nossas seleções jamais sejam negadas daqui para diante, já que para os recalcitrantes toda tentativa será marcada indelevelmente como um caminho de sentido único, ou seja, sem volta. Que assim seja.

Amém.

15 junho 2008

UMA JUSTA CLASSIFICAÇÃO...

Que tristeza, quanta insensibilidade de um diretor de programação, que interrompe a transmissão de um jogo decisivo para a classificação olímpica do país que libera a concessão para que seu canal aqui funcione, ainda mais sendo nacional, trocando-o por um jogo de futebol que nada significava na classificação da Eurocopa. Simplesmente vergonhoso e abominável. O canal? SPORTV.

Mais tarde, organizou um compacto do jogo, quando pudemos apreciar o quarto final que nos deu a classificação, e ai sim, pudemos avaliar tecnicamente o que ocorreu em quadra, mas privando a todos da emoção em tempo real.

Foi um jogo de muitos erros, de parte a parte, revelando o alto grau de emotividade que envolveu a todos, dentro e fora da quadra. Como errou um pouco menos, nossa equipe saiu airosamente com a classificação para Pequim, com justiça e boas e generosas doses de heroísmo, dada às circunstâncias que envolveram a equipe durante e após o jogo contra a Bielorússia. A ausência da Iziane, com seu jogo personalista , e segundo ela , estelar, reorganizou a equipe em torno de uma atitude coletivista e uniforme, fator determinante na vitoria sobre uma equipe que faz do conjunto a sua grande arma, Cuba. E foi jogando em grupo, defendendo na antecipação (apesar de ainda marcarmos as pivôs por trás), e confrontando as armadoras cubanas com defensoras de habilidades e velocidades compatíveis com as mesmas, onde a Claudia, a Natalia e a Karla se batiam com adversárias similares, ao contrário do jogo contra a Bielorússia, quando a Claudia se viu batida seguidamente pela sua esguia e veloz armadora sem que fosse substituída nos minutos finais e decisivos.

Torna-se obrigatório o reconhecimento evolutivo e maduro de um grupo de jogadoras que participarão pela primeira vez de uma Olimpíada, principalmente a Francilene e a Natalia, prontas para embates mais decisivos num futuro próximo. A equipe, no entanto, padece de alguns óbices de difícil, mas não impossível solução, a começar pelo sobrepeso das pivôs Kelly e Graziene, que nos próximos dez dias de folga poderiam se submeter a um regime controlado que as livrassem de no mínimo 5 kg, para que nos treinos antecedentes à Olimpíada perdessem mais 5. Dez kilos a menos fariam enorme diferença nos rebotes que se fartaram de perder nesse Pré-Olímpico, assim como aumentariam substancialmente sua velocidade em quadra , tornando-as aptas no acompanhamento veloz de suas companheiras, e mais atuantes nas antecipações defensivas.

É de se elogiar o fato marcante da seleção ter atuado com duas armadoras, Claudia ou Natalia, e Karla, que tem formação muito mais de armadora do que ala, e somente lastimo não ter visto a s duas primeiras atuando juntas nos momentos mais difíceis dos jogos, principalmente contra a Bielorússia, quando imporiam um ritmo mais constante de ataque, pela possibilidade de opções nas assistências e maior dinamismo nos contra-ataques. É uma possibilidade que o técnico deveria estudar, na tentativa de compatibilizar duas excelentes armadoras dentro de seu sistema ofensivo, ainda mais quando o mesmo privilegia os cortes em direção à cesta permanentemente. A seleção está muito bem servida de alas, fortes, de boa estatura e capacidade defensiva elogiável. No entanto, peca no setor de pivôs, pelos problemas físicos que mencionei antes, mas que podem ser atenuados com uma boa dose de vontade e determinação. Se a seleção puder vir a contar com a Érica, teremos uma equipe mais competitiva no embate com as fortíssimas adversárias em Pequim. Aliás, por uma questão de justiça, e de coerência, somente a Érica ou a Karen poderiam ocupar a vaga deixada pela Iziane, porque não seguiram com a equipe por contusões graves, ao contrario da Adriana que pediu dispensa por motivos pessoais, que acredito os terem as demais jogadoras que compuseram a seleção em Madrid, com uma diferença vital, todas elas os superaram e foram com a equipe, e a Adriana não. Logo, a seleção estará pronta com o preenchimento da última vaga, a não ser que algum problema físico se manifeste antes dos Jogos.

E nesse ponto, uma palavra sobre o técnico da seleção, em defesa do qual recebi alguns desaforados comentários, deletados por não estarem assinados, ao qual peço que encare minhas criticas pelo lado eminentemente ético e técnico, jamais pessoal, ainda mais por não conhecê-lo pessoalmente. Se apontei falhas, o fiz sabedor que um dia no passado as cometi, e que observando, ouvindo e conversando com os grandes mestres com quem convivi, corrigi-as em grande parte, mas muitas outras ainda estão por corrigir, pois nunca, em tempo algum devemos dizer, afirmar e acreditar “que dessa água nunca beberei”. Você, permita-me o tratamento, tem um longo caminho ainda a percorrer, com poucos altos e muitos baixos, lei imutável da vida, que se compreendida e aceita, nos tornam capazes de saltos evolutivos e duradouros. A felicidade é feita de momentos, um dos quais vivenciado por você hoje em Madrid. Tome-o como uma dádiva desse momento de vida, e não de toda a vida. Em Pequim muitas lutas e dúvidas o assaltarão, e para tanto, sem promessas e quimeras de glorias, prepare-se com cuidado, muito estudo e observação, principalmente nos detalhes, por menores e imperceptíveis que sejam, pois deles advirão as grandes decisões, as possivelmente grandes vitorias, ou as sempre elucidativas derrotas. Desejo sucesso para seu trabalho, apesar das criticas feitas, e que continuarão a ser honestamente feitas.

Rendo minhas homenagens a equipe, que soube se soerguer perante as vicissitudes, e escreveu mais uma bela página do basquete brasileiro, tão esquecido e vilipendiado por aqueles que deveriam ajudá-lo, defendê-lo e divulgá-lo entre a juventude deste belo, porém mal-tratado país.

Amém.

14 junho 2008

DIAGNOSE/CORREÇÃO...

Na formação dos futuros professores de Educação Física na UFRJ, quando dos estágios supervisionados e prática de ensino que os mesmos se submetiam para sua licenciatura, um dos itens de análise mais discutidos após as aulas dadas era aquele que quantificava sua capacitação de Diagnose/Correção, ou seja, a habilidade pedagógica de perceber erros e suas devidas correções no menor tempo possível. Sem dúvida alguma, treinávamos essa capacitação, que quanto mais estreita fosse, maior a qualificação do professor, ou mesmo o técnico, se seu encaminhamento fosse para o desporto.

Bem sabíamos que aquela capacidade somente se aprimoraria com muito tempo e larga experiência de observação, estudo e boas doses de pesquisa prática, que mesmo à parte de certos cânones acadêmicos pode ser realizada. Mesmo assim insistíamos no tema, provocando discussões e reflexões que buscassem e interiorizassem a necessidade do encontro incessante daquela qualificação. Diagnosticar e corrigir erros com a maior brevidade possível era a marca a ser perseguida por aqueles professores e técnicos, se quisessem obter a excelência profissional.

Bassul acredita na vaga e acha que o jogo serviu de aprendizado. Para ele, a equipe teve lampejos: “Com isso não se ganha vaga. Tomo decisões, que funcionam ou não. Tive de decidir manter o grupo cansado ou mudar peças-chaves”. Foi uma de suas declarações ao O Globo de hoje.

Essa declaração tem a ver com criticas que lhes foram feitas pela substituição das jogadoras reservas que equilibraram o jogo e passaram no placar, pelas titulares que falharam anteriormente. Naqueles minutos finais, somente uma das jogadoras titulares, a excelente armadora Claudia não poderia ter voltado, isso porque a sua substituta(?) Natalia era a única jogadora em quadra com velocidade lateral defensiva capaz de não perder o posicionamento clássico entre a esguia e muito rápida armadora bielorussa e a cesta que defendia, aspecto fundamental para que uma superioridade pontual fosse estabelecida se fosse ultrapassada pela mesma. E foi exatamente o que ocorreu com a entrada da Claudia, muito rápida e eficiente na armação do jogo, porém extremamente carente de velocidade nos deslocamentos laterais na defensiva. Desse momento em diante foram cinco as ultrapassagens da armadora adversária, frontal ou lateralmente à cesta, e conseqüentes assistências às jogadoras que ficavam livres pelas coberturas em desespero a que eram forçadas as pivôs brasileiras. A diferença no placar foi desfeita num momento do jogo em que tudo levava a crer numa vitoria de nossa equipe. Faltou ao técnico diagnosticar a deficiência em velocidade e posicionamento da Claudia, face a rapidez de deslocamento da armadora adversária, cuja devida correção jamais foi feita. Se estudioso for, e principalmente estiver preocupado em se exercitar nesse mister, o de reduzir ao máximo possível a nesga de tempo que separa uma diagnose bem feita de uma conveniente, e às vezes urgente correção, muna-se do vídeo do jogo e observe a enorme dificuldade da Claudia em caminhar, já não digo correr, lateralmente ante uma habilidosa armadora, assim como ela mesma o é. Quando esta habilidade estiver bem desenvolvida, daqui a alguns e prolíferos anos de estrada e dedicação, aí sim, poderá afirmar de si para consigo mesmo- Agora sou um técnico de seleção.

No jogo decisivo de amanhã, nunca essa capacidade de observação será tão exigida, já que duas situações extremas estarão presentes, a necessidade vital de vitória para ambas as equipes, e a importância mais vital ainda que será exercida na diagnose daqueles pequenos, porém decisivos detalhes técnicos e táticos, que exigirão uma competente e rápida tomada de decisões nas correções que se farão necessárias.

Espero que o técnico Bassul se ilumine na tentativa de pular algumas etapas desse processo, possível , mas muito difícil, já que faz parte de uma maturação e experiência de vida ainda a ser trilhada. No entanto, como muitos afirmam que os deuses são brasileiros, nada impede o acesso a um sonho, num momento delicado da seleção, após o justo desligamento daquela que era considerada a melhor jogadora da equipe, que terá pela frente uma adversária tradicional e perfeitamente batível, na medida em que uma boa dose de bom senso se coadune com um espírito de luta, e uma incansável vontade de vencer, com ou sem rodízios, mais burocráticos do que técnicos, que me perdoem aqueles comentaristas que afirmam ser impossível a um atleta (digo-o bem, um atleta...) jogar uma partida inteira, ainda mais se é a última e decisiva. Torço de coração para que consigam a classificação, pois a merecem.

Amém.

13 junho 2008

O ALTO PRÊÇO DA...

Ao final do desastre de hoje, o técnico da equipe brasileira se sai com essa: “O nosso banco reagiu muito bem, e marcou como devia, mas naquele ritmo não agüentaria até o final...”. Leu a bola de cristal errada, além de esquecer que aquela seria a única oportunidade de vencer dentro de um panorama técnico eivado de equívocos e intervenções erradas. Naqueles momentos, onde as reservas Natalia, Mamá, Karla, Chuca e Francilene, com seus físicos enxutos, velozes, elásticos, pressionavam as adversárias de forma avassaladora, reequilibrando uma partida que até aquele momento, por força da nossa lentidão defensiva, inadequação física, se comparada às longilíneas e velozes bielorussas, apontava nítida vantagem das mesmas ao levarem de vencida nossas jogadoras nos rebotes e na conquista de espaços vitais aos arremessos, tanto fora, como, e principalmente, dentro do perímetro. Era notória a incapacidade de nossas robustas pivôs nas disputas corpo a corpo pela ausência de velocidade, e pela teimosa insistência de fazerem um jogo interior de passes no ataque partindo de posições fixas, facilitando as rápidas interceptações das defensoras.

Naqueles momentos em que o quinteto reserva estabeleceu o equilíbrio e conseqüente avanço no placar, sendo um jogo, cuja vitoria estaria decidindo a classificação olímpica, nenhuma desculpa de cansaço poderia sequer entrar em cogitação ante o desequilíbrio e as reações negativas das adversárias, numa situação em que uma boa margem de pontos deveria ser buscada até o ultimo alento, margem esta que caberia, se fosse o caso e necessidade, ser mantida ou ampliada, ai sim, pelas titulares. Foi o ponto nevrálgico muito bem apontado pela Hortência em seus pertinentes comentários no SPORTV.

Mas o técnico não viu, ou pressentiu a situação dessa forma, amarrado a um principio que vem sendo estabelecido por uma turma de pseudo-pesquisadores, de que um rodízio deve ser permanentemente estabelecido entre as jogadoras, para que a performance seja mantida constante. É uma tese estúpida, ignorante e totalmente contrária ao principio estratégico de que num determinado ponto, de uma disputa com forças iguais e armas semelhantes, sai vencedor aquela facção que se dispuser ao sacrifício, à exaustão física e à doação incondicional. Se aquele quinteto tivesse continuado na quadra, na única chance que tivemos dentro de um jogo desigual, surpreendendo um adversário superior fisicamente, sem duvida alguma estaríamos classificados agora, e teríamos, como bem apontou a grande Hortência, todo o tempo do mundo para descansar, com o passaporte carimbado.

E para dar um maior tempero a tão lastimável derrota, vem a estrela da equipe repetir seu colega da equipe masculina no Pré de Las Vegas, simplesmente se recusando a entrar em quadra por divergir do técnico, o mesmo que a levou para sua equipe em São Paulo a fim de vencer o campeonato nacional, o que ocorreu, reforçando sua posição de retorno à seleção brasileira, não mais como assistente, posição que declinou por se achar merecedor da posição principal. Ao tomar tal atitude, subtraiu seus conhecimentos ao grupo, à equipe nacional, onde ser técnico principal ou assistente não diferem em importância na transmissão dos mesmos, numa atitude personalista, oposta ao discurso atual de que o cerne de seu trabalho é baseado nos interesses do grupo e para o grupo.

Creio que agora ele deverá compreender que o comando transcende ao grupo quando decisões devem ser tomadas, e que no caso da rebelde jogadora deverá ser exemplar e definitiva, e que alguns princípios que considera fundamentais na sua concepção de grupo, não só podem como devem ser mudados na razão direta de uma situação técnico-tática, na qual um determinado segmento da equipe, não importando qual, se titular ou reserva, se coloca e se qualifica como insubstituível naquele estratégico momento onde o interesse maior do grupo, da equipe, é a vitoria possível e alcançável, mesmo que o preço a ser pago seja o desconforto de algumas pela reserva, ou a exaustão muscular e mental das que combatem a boa luta.

Falhou o arrogante técnico, e que sirva de lição para os dois jogos que faltam, onde deve dar preferência àquelas jogadoras que estão realmente em forma, capazes de se doarem e se sacrificarem, aspectos que devem ser reconhecidos por todas as demais componentes da equipe, reconhecimento este que não as desmerecem e diminuem seus valores. O momento, sendo de decisão à curtíssimo prazo, é daquelas que se encontram melhor na competição, e não das que se acham, por terem mais tempo , donas das posições. Cometeu o técnico o mesmo erro que seu antecessor na partida contra a Austrália no Mundial de São Paulo, o mesmo técnico de quem ao divergir resignou de sua posição de assistente. Mundo pequeno esse, não?

Continuo afirmando que com menos uns 10 kg ou mais, nossas pivôs possam rivalizar com as das demais equipes internacionais, e que o jogo com duas armadoras rápidas e competentes faz o jeito e a cara do nosso basquetebol. E que, em hipótese alguma seja permitido que talentos como a Francilene seja submetida à sanha marombeira de um segmento de pseudo-cientistas ávidos em demonstrarem seus conhecimentos caipiras de preparo basquetebolistico. Que fiquem com seus testes de ocasião, cuja motivação maior é a de apresentarem papers em revistas cientificas, engordando seus currículos acadêmicos, pois de pesquisa voltada às técnicas do grande jogo pouco ou nada sabem, se já não bastassem as volumosas dobras cutâneas de nossas pivôs.

Amém.

12 junho 2008

O QUE MAIS FALTA?...

O técnico Moncho Monsalve apresentou sua lista para o Pré-Olímpico, incluindo na mesma e de forma condicional o jogador Leandro, que terá até o próximo dia 16 para confirmar sua participação, após os exames clínicos que fará nos Estados Unidos à partir de amanhã. Caso não possa atender a convocação, um outro jogador que treina na seleção do Sul-Americano será chamado, provavelmente, segundo declarações suas, um ala.

Na primeira entrevista que deu na SPORTV, após sua chegada ao Rio, mencionou a vontade de implantar na seleção um sistema de jogo com a participação de três pivôs móveis e rápidos, e dois armadores, numa solução que suscitou dúvidas e curiosidade entre seus entrevistadores, dois dos quais técnicos da modalidade. Gostei e apreciei sua coragem ao tentar convencer os presentes com argumentos que contrastavam com a realidade técnico-tática do nosso basquete, anos a fio engessado em um sistema padrão NBA, em todas as categorias e faixas etárias no país. Como único técnico carioca que sempre estudou, pesquisou e utilizou o sistema preconizado pelo técnico espanhol, em todas as equipes que dirigiu nos últimos 40 anos, compreendi de imediato as sérias e danosas, por veladas, criticas que se submeteria ao desenvolver tal proposta, as mesmas que sempre sofri, principalmente na seleção, que como modelo impositor de cima para baixo (em nosso país a elite esportiva, por não ser resultante de uma massificação na pratica desportiva, é a responsável pela implantação de modelos e sistemas a serem seguidos e adotados na formação), qualifica e impõe os caminhos a serem seguidos. Como profundas mudanças poderiam ocorrer, o temor dos estabelecidos técnicos nacionais perante uma proposição que não dominam, se tornaria uma fonte de críticas e sérias dúvidas.

Mas os problemas desencadeados por muitos pedidos de dispensa da relação inicial, quase totalmente baseada na equipe que participou do Pré-Olímpico de Las Vegas, com seus problemas técnicos e comportamentais, alterou em muito a estrutura da equipe, prejudicando em muito sua proposta inicial.

No entanto, se observarmos com atenção a lista hoje divulgada, alguns fatores inerentes à nova convocação, podem ser vistos e entendidos como uma retomada da idéia original exposta pelo técnico naquela entrevista inicial. Vemos que somente dois pivôs pesados constam da lista, o Baby e o JP Batista, já que os demais , Spliter, Murilo e Probst, apesar de fortes possuem grande mobilidade e impulsão, perfeitamente alinhados à premissa de utilização de três pivôs, mesclados por um dos pivôs de força, quando forem necessários em embates mais pesados under basket., e que contariam com alas muito altos também capacitados a estas novas funções, e mais além, com estes já adaptados ao sistema usual que poderia se revesar com a nova proposta. Ficaria a seleção dotada de dois sistemas, caracterizando um fator surpresa, já que todos os adversários atuando dentro do sistema padrão internacional se veriam perante algo inusitado para eles, oportunizando uma possível classificação para nós.

Porém um último fator fica a descoberto. Numa lista em que a menor estatura fica na casa dos 1,91m, casos do Huertas , do Eduardo e do Alex, sendo o Huertas o único armador ambidestro e de alta técnica nos domínios da bola, toda a programação inédita de três pivôs e dois armadores ficará dependendo de mais um armador de alta qualidade e vasta experiência na posição, já que o Alex, e o Marcelo, quando muito poderão “quebrar um galho” na posição, por não possuírem nem de longe a qualificação do Huertas, situação que se tornará incontornável se o Leandro não puder seguir com o grupo. Então o que fazer? Se o técnico optar pela manutenção pura e simples do sistema tradicional, mais um ala acima dos 2 metros poderá ser convocado. Mas se optar em ousar com um sistema que poderia desestabilizar o comportamento defensivo de nossos adversários, um outro armador terá de ser incluído na equipe, que poderia ser ou o Fúlvio, ou o Helio, ambos treinando na equipe B, apesar do melhor de todos e com mais experiência em ação nas quadras brasileiras permanecer esquecido em sua Franca natal, o Helio, que compensa sua altura mediana com muita técnica e inteligência.

Enfim, a equipe está composta, e que mesmo sem os luminares auto dispensados, poderá, se imbuída de vontade, disciplina e respeito aos técnicos e à gloriosa tradição da camisa nacional (que tal se voltasse a ser listrada? ), tentar com razoáveis chances uma classificação, que se não alcançada, servisse de alicerce a novos tempos e conquistas, visando um futuro mais de acordo com as nossas reais possibilidades.

Torço com isenção e honestidade pela seleção, pela nova seleção, desejando que se auto vacine contra rebeliões, insurgências e panelas nem sempre bem areadas. Que sejam felizes em sua luta, técnicos e jogadores.

Amém.

11 junho 2008

O BRADO RETUMBANTE...

E a seleção feminina venceu a Espanha em sua própria casa, adquirindo uma autoconfiança preciosa para os embates decisivos rumo à classificação olímpica. Mas poderia ter vencido de forma mais contundente, não fossem três fatores negativos, dois dos quais ainda poderão ser corrigidos no transcorrer dos próximos e decisivos jogos. O que não poderá ser corrigido é o enorme sobrepeso de nossas pivôs, onde adiposidade é confundida com massa muscular, onde peso puro e simples é substituto de força, flexibilidade e agilidade. Nossas pivôs, ao perderem uns 10 kilos, com a boa técnica que possuem, se colocarão no patamar das suas companheiras no que se refere à velocidade nos ataques , e à eficiência defensiva, quando poderiam exercer marcação à frente das pivôs adversárias, evitando faltas desnecessárias, e interagindo nos contra-ataques com as demais companheiras. Os dois outros fatores se situam na esfera tática, a saber:

Primeiro, o descompasso evidente entre as ações da Claudia, jogadora de ritmo pausado, controle acadêmico do jogo, mas com pouca mobilidade defensiva, contrastando com as ações explosivas, muito velozes e presença significativa na defesa da substituta (?) e elétrica Natalia, muito mais contatada com as também muito velozes Iziane e Micaela, que imprimem um ritmo vertiginoso nos ataques e uma ação pressionada na defesa, fatores importantes dentro de uma equipe cujo padrão de jogo privilegia a velocidade, as ações de 1 x 1, e o posicionamento defensivo na linha da bola. Foi exatamente essa presença pressionada na defesa que anulou em muito os arremessos de três das espanholas, obrigando-as ao jogo interior em cima de nossas lentas pivôs (sempre marcando por trás, por serem lentas e pesadas ), conseguindo equilibrar a partida. Num momento do jogo a equipe brasileira tentou jogar com duas armadoras, com a Karla e a Claudia, quando deveria ter tentado a dupla Claudia e Natalia, que com suas características díspares, porém muito técnicas, ofereceriam um naipe de opções às demais jogadoras. Talvez seja uma boa opção para as partidas futuras, quando as defesas serão mais pressionadas e determinantes.

Segundo, explicar à Natalia, que paralisar a bola durante o drible, empunhando-a de baixo para cima, é uma transgressão às regras do jogo, caracterizando a infração de andar com a bola, já que o ritmo drible-passadas é quebrado com a interrupção da livre trajetória da mesma em direção ao solo. Por duas vezes ela foi punida com essa infração, que no caso de um jogo mais decisivo influenciará na produtividade final da equipe. Infelizmente, o comentarista da SPORTV se rebelou com as marcações dos árbitros nessas infrações da Natalia, assim como um três segundos da Mamá, com o argumento de que ninguém marca mais tais infrações no mundo, no que errou e erra contumazmente em seus comentários, ao negar evidências de manejo técnico da bola, não só as contidas nas regras do jogo, como nos preceitos de ensino e manuseio correto da bola ( como se dissesse-Se não é mais marcado, pode fazer...), uma das bases dos fundamentos.

Acertando e encaixando as peças certas nesse tabuleiro de xadrez em que são transformadas as grandes decisões em grandes torneios internacionais, creio que nossa seleção possa se classificar com méritos e merecimento, pois ao largo da equipe masculina, se caracteriza pela unidade de trabalho, liderança aceita e não imposta, clareza de objetivos, e responsabilidade em alcançá-los integralmente.

Mas o dia não poderia terminar sem as bombásticas declarações do grande ( não o maior de todos os tempos no basquete brasileiro...)Oscar, quando desafiou os jogadores ligados à NBA e os que jogam na Europa com o brado retumbante: “Os machucadinhos, que ponham band-aid e vão jogar!”, ante os muitos pedidos de dispensa por motivos de saúde e contusões, numa reportagem no O Globo de hoje. “Se quiserem dinheiro, tudo bem. Mas, se quiserem um lugar na história, têm de brilhar pela seleção!”

Seria muito interessante e esclarecedor se o grande jogador desse um passeio nos shoppings brasileiros e visitasse as lojas de artigos desportivos espalhadas pelos mesmos, quando veria que em se tratando de basquetebol, o que se vê à venda são uniformes completos, das munhequeiras e tiaras, até os fraldões apelidados de bermudas, sem contar os tênis personalizados das grandes franquias(clubes?)...da NBA! Não encontrará uma camiseta sequer de equipes nacionais, mas dos Bulls , Celtics, Lakers, encontrará às dúzias. E se percorrer a internet, os Orkuts e You Tubes da vida encontrará...mais, muito mais NBA, tentacular e sufocante, na promessa globalizada de riqueza, mordomias e realização pop star.

Então, como falar em patriotismo com essa turma, onde alguns milhões de dólares e euros não podem, em hipótese alguma, serem colocados em risco na inocente troca por uma camisa verde e amarela, a não ser que seja a do Golden State? Por que perder tempo tentando sensibilizar quem já está anestesiado pela dinheirama e pelo status estelar? Por que não concentrar nossos esforços e parcas verbas (aquelas que sobram depois dos butins...) no desenvolvimento daqueles que não foram aquinhoados pela fada enebeana e sua irmã caçula comunitária, para que possamos, com muito esforço e trabalho, tentar galgar um degrau a mais no cenário internacional, como nossos hermanos do sul? Por que teimar contra tais comportamentos dando em contrapartida seu próprio exemplo de jogador e cidadão, se como exceção justifica a regra geral?

No dia em que tivermos na direção do nosso desporto homens compromissados com os princípios educacionais da juventude, onde a educação física e o esporte somarão com as demais disciplinas, humanísticas, exatas, artísticas, musicais, para o desenvolvimento pleno da cidadania, que é um direito constitucional, ai sim, seu exemplo servirá de farol nos caminhos que levam ao olimpo dos vencedores, nunca antes, como agora, onde a cultura dita globalizada nos esmaga e avilta, humilhando princípios de nacionalidade e independência plena, aquela que nos faz donos do nosso destino e grandeza.

Amém.